Permita-me complementar sua resposta,
@Morts :
No interior do campo da psicanálise, o recurso às drogas é entendido como uma resposta possível do sujeito ao mal-estar que é inerente tanto ao processo de formação das sociedades e culturas como também à própria constituição psíquica do ser humano (FREUD, 1930/1996).
Ou seja, as drogas, em suas mais diferentes formas e manifestações, são parte do desenvolvimento da vida em sociedades.
Elas funcionam como 'válvulas de escape" da pressão de suportar cotidianamente o sofrimento de ter que adequar-se ao que é socialmente aceitável.
Claro que a vida em sociedade não pressupõe o uso de drogas, pois existem diversas outras maneiras de lidar com as inúmeras pressões da existência humana.
Porém, seu uso com tal propósito existe e não deve ser ignorado.
Sua classificação em lícitas ou ilícitas depende do momento histórico. Hoje, por exemplo, vemos propaganda de cerveja em profusão, exaltando seu "poder socializador". Também foi assim com o cigarro há pouco tempo atrás.
Também temos a prescrição de drogas farmacêuticas sem indicação, como Ritalina, Aspirina, Diazepam, entre outras. A discussão é densa e complexa.
O documentário "Quebrando o Tabu" é bem pungente, e nos revela muito da realidade da guerra às drogas, e de sua ineficácia.
Particularmente, não acredito que a liberação irrestrita destas substâncias seja parte da solução.
Creio que a discussão aberta na sociedade sobre os efeitos do uso e abuso dessas substâncias seja o que pode levar a um entendimento mais preciso da questão.
Mas, francamente, não acho que a nossa sociedade (a brasileira) esteja pronta para travar esse tipo de discussão.