Alguns de nós que vivenciamos a comunidade científica durante a faculdade tem uma visão um pouco mais... expandida sobre as pesquisas científicas. Edit: não quero dizer que você não tenha @Jogador76 , é uma observação em geral, mesmo que tenha usado sua resposta como ponto de partida.Acho que nessa era de tanta fake news a melhor arma que temos é compartilhar qualquer informação seria que encontramos.
Obrigado!
Antes de mais nada, eu sou MUITO da ciência, cuidado pra não me interpretar mal. Abomino achismo em coisas sérias.
Porém existem determinadas informações que para se atingir um nível de confiabilidade nos resultados pode demandar MUITO tempo e muitos recursos, no sentido de se conseguir uma amostra verdadeiramente representativa para o estudo.
Não é questão de mal caratismo ou oportunismo (espero), mas tem determinadas descobertas que põe muita pressão sobre os pesquisadores, e nada mais emblemático do que um tratamento para uma pandemia. Se faz o melhor que dá, no menor tempo possível. Mas isso é o possível para conseguir ALGUMA informação, e não a "verdade" completa. Você pega uma determinada quantidade de pessoas e pode até pensar que a quantidade é satisfatória, mas talvez seu grupo não contenha algumas características com as quais uma solução global vai ter que lidar. E, como se só isso não fosse um obstáculo relevante, a PORRA do vírus apresenta uma capacidade de mutar em pouco tempo (na verdade, é pelos trilhões de vezes que ele consegue se multiplicar, já que se espalha pra muitas pessoas). Então uma solução que começou a ser desenvolvida há 6 meses atrás, quando ficar "pronta" para o público, corre sério risco de perder muita ou toda efetividade.
Quando um trabalho científico é publicado, ele não deve ser visto como uma tentativa de mostrar a grande verdade sobre o assunto. É um trabalho, que conseguiu produzir informações em determinadas condições. É necessário colocar essa informação à prova para ver se esses dados se sustentam em contextos de grande escala. Às vezes vai dar certo, às vezes não. Quando não dá, tem que voltar "à prancheta" e revisar ou fazer outro estudo. Por isso no começo e ainda hoje se faz pesquisas atirando pra vários lados em paralelo, a gente não pode se dar ao luxo de esperar uma linha dar errado pra começar outra. ATé porque, uma das possibilidades é que se descubra que nenhuma linha é suficiente por si só, mas poderiam se complementar e com isso se determinar qual grupo de pessoas pode se beneficiar com cada uma.
Exemplo é a vacina da Astra, que se viu contra-indicada pra grávidas e que recém tiveram bebês. Imagina se só tivessem desenvolvido essa vacina. Felizmente tem outras que podem ser usadas em grávidas, mas isso não invalidou a existência da Astra, que está ajudando um grupo grande de pessoas mesmo assim.
Quando sai alguma matéria sobre pesquisa de tratamento, eu não fico aliviado, eu fico esperançoso. Porque sei que as coisas são mais complexas do que gostaríamos.