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Tirando esses detalhes, é disparado o jogo com a melhor animação que já vi. Disparado. Em qualquer cutscene, as expressões são perfeitamente acreditáveis, passando longe do uncanny valley. O Sazh e seu jeitão de "cidadão comum trabalhador" roubam a cena.
Os cenários no início não impressionam muito, até porque a história se passa em ambientes fechados. Quando saímos daí, porém, o que salta aos olhos é um esmero poucas vezes visto em tornar vivo um mundo virtual. Há uma planície próxima aos capítulos finais do jogo, na qual gigantes caminham além do horizonte, que é embasbacante.
A direção de arte no geral é excelente, como na maioria dos FFs: nota-se que muito tempo foi gasto na elaboração de Cocoon e Pulse (os dois "mundos" de FFXIII), na sua amarração com FFs anteriores, e na criação de novos temas e conceitos para a série. Há uma capital flutuante que que lembra um GF de FFVIII, há um summon que lembra a Magitek Armor de FFVI, há airships gigantescas, inimigos medonhos, reintepretações de temáticas já vistas... prestando atenção se descobre um bocado de detalhezinhos interessantes.
Em resumo, só não dei nota 5 porque a versão PS3 é melhor. Mas não significa que não esteja entre os melhores da geração neste quesito!
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A trilha, aliás, é muito variada. Nunca foi tão divertido bater em zumbis ao som de bossa nova! Algumas dungeon se desenrolam ao som de eurobeat, outras de um j-pop obrigatório (mas não irritante), e nos chefes há o indefectível canto gregoriano em latim. Me peguei assoviando o tema da Sunleth Waterscape no trabalho. Todos os arranjos são de altíssimo nível.
A dublagem é excelente. As vozes caem perfeitamente nos personagens, até mesmo nos que são propositalmente pentelhos. O sotaque da Vanille pode parecer estranho, mas a história dá uma razão pra isso.
Só a música final que não combina muito.
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Primeiramente, a reclamação mais comum: a linearidade. Se você já jogou (e gostou) de outros FFs, não vai ter decepções aqui. O jogo transcorre exatamente como FFX. Com mapinha no canto e tudo. A diferença é que você não pode voltar a áreas anteriores, mas tirando isso a sensação é a mesma.
Os gritos de "hallway simulator!!!!!11", imagino, só podem ter vindo do pessoal que não gosta da franquia. Por quê foram mais altos agora do que na época de FFX, não faço idéia. FFXIII é tão linear como qualquer outro JRPG.
Ainda assim, eventualmente abre-se espaço para quem está afim de vagar sem destino e fazer umas sidequests sem compromisso. Demora um pouco, mas acontece.
Outra reclamação: a falta de cidades. Sinceramente, não dei a mínima. Não há motivação para os personagens passarem por elas. É um saudosismo bobo que dá força a essa crítica. Incluo nessa categoria também os que clamam por uma airship e um world map.
O que eu achei muito bem bolado foi o combate. Foram-se os tempos de microgerenciamento de cada personagem: você só controla o líder, e os outros integrantes comportam-se de acordo com "roles", uma espécie de classe que define como eles lutarão. Você pode organizar essas roles em paradigmas, e trocá-los conforme necessário. Por exemplo, você pode iniciar a luta com o paradigma
Commando (ataque físico)
Ravager (ataque mágico)
Ravager
Daí você apanha um bocado e troca o paradigma para
Medic
Medic
Sentinel (tanque)
O Sentinel irá atrair a atenção do inimigo enquanto os dois médicos tratam de curar todo mundo. Depois, pode emendar um
Commando
Synergist (buffs -- aumenta defesas)
Saboteur (debuffs -- diminui defesas do inimigo)
pra enfraquecer o inimigo enquanto se fortalece. Some-se a isso o medidor de Stagger de cada inimigo (que, quando preenchido, aumenta muito o poder dos seus ataques) e está aí um sistema com certa profundidade.
O combate exige estratégia e a aplicação correta dos paradigmas. Aliás, uma role bem aplicada é o que boa parte dos inimigos precisam. Ok ok parei.
Ah, é impossível fazer xp de modo a quebrar o jogo, então ou você aprende a mecânica ou vai se ferrar. Dificultando mais ainda é a nova condição de game over -- se o líder morrer, fim. Mesmo que o resto do grupo esteja vivo. Isso vai te fazer ter atenção até nas batalhas mais triviais.
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O enredo é composto de elementos já vistos em outros FFs: nada aqui vai te surpreender se você já acompanha a série. Há momentos previsíveis, outros nem tanto (o final especialmente). No geral a história é bem contada do início ao fim.
Destaque aqui para o desenvolvimento dos personagens. Enquanto no começo você pode vê-los uma como "frígida intragável" ou outro sendo um "lobotomizado com uma britadeira", eles crescem muito durante o jogo. Há explicação pra cada comportamento idiotizado e reaçãozinha imbecil, e é legal perceber como cada um vai superando seus limites, a seu modo.
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EDIT: Essa conquista citada aí em cima não existe! Erro meu. Porém, há outras conquistas que demandam muito tempo (embora não exijam que você rejogue tudo), como a de completar todas as 50 e poucas sidequests.
- * Gráficos top de linha
* Sistema de combate inventivo e exigente
* Personagens e história cativantes
* Pós-jogo com muito a se fazer
* Muitos easter eggs para fãs da série
- * Algumas áreas se alongam demais
* Falta de um meio de locomoção mais eficiente entre áreas
* Olha, eu poucas vezes vi revoltinhas mais injustificáveis na internet como a que surgiu em torno desse jogo. Parecia moda detonar com ele em qualquer oportunidade que aparecesse. De fato, se você não gosta da série nem de JRPGs, não vai ser esse que vai mudar sua cabeça. Passe longe. O que não entendo são críticas a coisas que não são novas na série, como a linearidade. Nem todo RPG é da Bethesda ou da Bioware. Eu hein.
Gosta de FF? Não tem erro, compre esse e seja feliz. Não gosta? Talvez o próximo seja mais acessível. Quer conhecer? Saiba que não é jogo para impacientes.
Notas utilizadas:
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