Outer Wilds e como jogos ainda podem ser surpreendentes - DLC Echoes of the Eye disponível

ronabs

opa
Moderador
Novembro 8, 2010
26,429
75,004
Rio Grande do Sul
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Quem joga videogame há bastante tempo provavelmente vai se identificar com isso que eu vou dizer agora: às vezes, você não tem aquela sensação de que os jogos são todos meio iguais? Não estou falando de temática, nem câmera, muito menos jogabilidade, mas sim em sua estrutura básica. Começamos com um personagem sem muitas habilidades, precisamos ir até um local marcado no mapa para prosseguir; chegando lá, uma notificação nos diz o que precisamos fazer; completamos tal ação, ganhamos alguns pontos de experiência e, talvez, algum novo equipamento. Ou em um jogo de corrida: vá até o final da corrida, desbloqueie algumas recompensas, ganhe um carro melhor, vá até um novo ícone no mapa e comece a próxima corrida. Esse tipo de mecânica é bastante comum porque nós, jogadores, precisamos ter uma linha bem clara de progressão, para sentirmos que estamos avançando, para não ficarmos caminhando em círculos sem sair do lugar. E é por isso que jogos que não deixam essa linha tão clara se destacam.

Outer Wilds tem, aí, uma de suas principais características. A sua progressão não está atrelada a números nem a barras de progresso, mas sim à sua própria vontade de aprender sobre ele. Basicamente, é um jogo tão bom quanto a sua curiosidade: quanto mais você for curioso para jogar e entender os seus mistérios, melhor ele fica. Não somos recompensados em nenhum momento com elementos que seriam comuns a outros jogos: como um explorador espacial, nossa roupa não vai ter mais oxigênio ou combustível, nossa nave não vai ganhar acessórios ou ficar mais rápida, nossa barra de vida não vai aumentar, porque não é isso que está em jogo. Até em conquistas, Outer Wilds é diferente: dá pra terminar o jogo sem desbloquear umazinha sequer! Todas elas são adquiridas executando algumas tarefas bem específicas, mas nenhuma delas é necessária para terminar o jogo. Porque ele tem uma mensagem muito importante pra nos passar: explore esse universo porque você quer conhecer mais sobre ele, e não porque você quer preencher uma checklist. O único progresso em Outer Wilds envolve o nosso conhecimento e entendimento desse universo. Inclusive, uma coisa legal: dá pra terminar Outer Wilds desde o início do jogo. Quando acordamos, já possuímos todas as ferramentas e meios necessários para ir até o desfecho. Porém, nos falta uma chavinha, o conhecimento, que é o que abre as portas para entendermos o que está acontecendo. Ou seja, dá pra terminar o jogo muito rápido, mas sem entender como os seus sistemas funcionam, é altamente improvável que alguém consiga. E, aqui, vou deixar um pequeno spoiler que, se você acompanhou o jogo em algum momento, provavelmente já viu: a cada 22 minutos, o Sol vira uma supernova e destrói tudo. A única coisa que se mantém de uma jogada para a outra, de novo, é o nosso conhecimento.

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Sim, é sobre explorar o universo, mas é um universo pequeno, conciso. Não é preciso ter centenas de planetas ou satélites, pouco mais de 10 já são o suficiente, porque cada um é único, possui características próprias, tem seus ciclos e interferem inclusive em outros planetas e satélites deste universo. Porque outra coisa que Outer Wilds quer nos dizer é: o mundo existe independente da gente! Tudo o que acontece nesse universo independe da nossa existência, cada coisa tem o seu propósito. E descobrir esse propósito é o que nos move a tirar nossa nave do chão para desbravar o desconhecido, encontrando perigos e mistérios pelo caminho. Tava falando com o @Schwarzz sobre esse jogo, e uma coisa que ele comentou é muito real: Outer Wilds é um dos únicos jogos que entende e consegue passar a sensação de medo do espaço, desse desconhecido infinito. Cada planeta é muito diferente do outro, possui seu próprio terreno e particularidades, é afetado à medida que o tempo passa e faz parte de algo maior. Por que tudo o que acontece nesse universo está acontecendo?

Falei lá em cima que uma das principais características de Outer Wilds era a sua progressão diferenciada. Então, seguindo, a outra característica de destaque, ao meu ver, é o quando. Em diversas oportunidades, mais importante do que onde estar, é quando estar. Ir em um planeta no momento certo. Como comentei, os planetas são afetados e vão mudando ao longo do tempo, abrindo novas áreas para explorarmos ou até fechando completamente a sua passagem. E, além de termos na cabeça a vontade de explorar essas áreas, ainda precisamos fazer isso de uma maneira eficiente, afinal, o universo explode a cada 22 minutos. Às vezes, ser eficiente é ser rápido, chegar onde é preciso antes que algo aconteça; em outras, é ser devagar e apreciar o caminho, é chegar onde precisamos e ficar ali, aguardando uma oportunidade, porque a existência desse universo independe da nossa. As coisas não acontecem quando queremos, mas quando o jogo quer que aconteçam, e precisamos ter o entendimento necessário para que as coisas possam andar. E quando elas acontecem, é uma surpresa boa.

Ser surpreendido é uma constante em Outer Wilds. Pode ser através dos acontecimentos que ele nos mostra, em belíssimas paisagens; nos relatos dos Nomais que encontramos espalhados por diversos locais; na apresentação de fatos que mudam completamente o nosso entendimento sobre o jogo, seus sistemas, nossas ferramentas. É por isso que recomendam jogar Outer Wilds no escuro, sem ler ou ver muito sobre ele, porque perder esses pequenos momentos é deixar de ser maravilhado por algo que estava na nossa frente o tempo todo, só que ainda não enxergávamos direito. É como ir ver um filme ou jogar um jogo sabendo o seu final, talvez a gente até se divirta no processo, mas o tamanho da emoção não se compara ao de uma experiência pura. Até por isso, o jogo não possui uma estrutura narrativa convencional de início, meio e fim. O ponto de partida e o de destino são os mesmos, mas como vamos chegar até eles, depende da forma como vamos explorar. Eu fiquei um pouco perdido no começo, porque fui para a área final relativamente cedo no jogo, depois de 1h a 2h, seguindo um sinal de um astronauta perdido. Como cheguei lá antes de conhecer mais sobre o jogo e seus mistérios, morri algumas vezes, até perceber que não era ali que eu deveria estar naquele momento. Não era onde, mas quando: eu não deveria estar nesse lugar naquele momento da minha jornada. Eu descobri uma das peças finais de um quebra-cabeça antes de sequer saber qual seria o quadro final. Por isso, voltei e passei a explorar outros lugares, até que as coisas começaram a se juntar.


Por fim, a última característica de Outer Wilds, talvez a mais importante, é como ele é um tapa na cara para muitos de nossos dilemas do dia a dia, uma alegoria de situações cotidianas. Assim como em Outer Wilds, o conhecimento é a nossa maior recompensa, é algo que, depois que conquistamos, jamais nos será tomado. Também como em Outer Wilds, as coisas não acontecem somente porque nós queremos, mas como consequência de todo um conjunto de acontecimentos, alguns deles sob nosso controle, outros não. E ainda como em Outer Wilds, vamos falhar inúmeras, incontáveis vezes, seja por não termos o conhecimento suficiente, seja por estarmos no lugar errado, na hora errada.

Mas, no fim das contas, está tudo bem. É mais sobre a jornada do que sobre o destino. Sobre o agora do que sobre o amanhã. Nem sempre vamos conseguir abraçar e salvar o universo, embora muitas vezes a gente tente fazer isso, gerando uma carga emocional muito pesada.

Outer Wilds é um jogo que mexeu bastante comigo, aquele jogo certo na hora certa. Estamos vivendo um momento bem complicado e poder estar imerso em um mundo assim me deixou distraído e vidrado por algumas semanas. É um jogo que trouxe de novo aquele senso de descoberta que fazia algum tempo que não via em videogames, de ser algo diferente de tudo o que já jogamos, de precisarmos reaprender a jogar, porque nossas convenções aprendidas com anos e anos de jogatina não valem de nada aqui. Não é um jogo tradicional, e não deve ser encarado como tal.

É um jogo que recomendo a todos, pelo menos, experimentarem. Não é fácil no sentido de que o início pode parecer um pouco intimidador e complicado, porque sem uma narrativa linear, as coisas acontecem fora de ordem, e é um pulo pra ficarmos perdidos e desmotivados de continuar, sem saber para onde ir. Nessas horas, buscar algum tipo de ajuda pode ser ideal, mas somente para o seu problema atual, jamais indo além do necessário. Porque Outer Wilds é um jogo que recompensa muito quem chega até o final.

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Outer Wilds está disponível no catálogo do Xbox Game Pass de console. Se você não é assinante, mas por um acaso assistiu a apresentação da E3 2018 da Microsoft pelo Mixer, dá uma olhada na sua lista de jogos prontos para instalar, porque a empresa simplesmente deu essa maravilha para um número limitado de pessoas que assistiram a conferência pelo aplicativo.
 
Última edição:

Pegazuswarri0R

Te baniram sem você merecer, volte lá e mereça!
PXB Gold
Outubro 19, 2016
8,043
14,291
Araraquara/SP
Já tinha visto você comentando sobre o jogo em algum outro tópico, mas lendo detalhadamente agora deu vontade de jogar. Pena que eu não tenho disponibilidade de imersão/tempo para esses jogos, mesmo recluso a coisa pega com TR/educação do filho/esposa.

Mas esse vai pra wish list (pra ser jogado, já que ganhei aquela vez da M$).

Ótimo review, dá pra sentir que o jogo realmente cativou você, e isso é raro atualmente.
 

ronabs

opa
Moderador
Novembro 8, 2010
26,429
75,004
Rio Grande do Sul
Já tinha visto você comentando sobre o jogo em algum outro tópico, mas lendo detalhadamente agora deu vontade de jogar. Pena que eu não tenho disponibilidade de imersão/tempo para esses jogos, mesmo recluso a coisa pega com TR/educação do filho/esposa.

Mas esse vai pra wish list (pra ser jogado, já que ganhei aquela vez da M$).

Ótimo review, dá pra sentir que o jogo realmente cativou você, e isso é raro atualmente.
Eu adorei esse negócio. Uma coisa boa de Outer Wilds é que ele pode ser jogado em sessões curtas sem problema, é um jogo feito de ciclos mesmo. Mas achei relativamente longo para o que esperava no início, terminei com umas 23h eu acho, nada que assuste comparado a outros jogos que vemos por aí, mas era uma poça de água bem mais funda do que eu imaginava, até mesmo por ser independente.
 

henriquevascain

The World is Quiet Here
Outubro 7, 2012
4,021
5,608
Finalmente, esse jogo sendo exaltado. Esse é o tipo de jogo que eu gostaria de esquecer, daqui a alguns anos, eu irei jogá-lo novamente.
No começo dele, eu não dei muito valor, mas quando você nota, que esse jogo é um grande quebra cabeça, se torna incrível; às vezes, você só fez uma única descoberta durante um ciclo, mas aquelas descoberta muda tudo.
Eu descobrindo que os monstros do Embrolho Sombrio, não te atacam, se não ligar os propulsores.
Eu terminei esse jogo e até hoje não fiz 100%, tem áreas que eu explorei à fundo, mas sempre fica uma interrogação, dizendo que eu tenho algo a explorar.
E aos que são ruins em jogos de nave, como eu, em poucas horas, você pega o jeito.
 

Pegazuswarri0R

Te baniram sem você merecer, volte lá e mereça!
PXB Gold
Outubro 19, 2016
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Araraquara/SP
Eu adorei esse negócio. Uma coisa boa de Outer Wilds é que ele pode ser jogado em sessões curtas sem problema, é um jogo feito de ciclos mesmo. Mas achei relativamente longo para o que esperava no início, terminei com umas 23h eu acho, nada que assuste comparado a outros jogos que vemos por aí, mas era uma poça de água bem mais funda do que eu imaginava, até mesmo por ser independente.
Olha só, agora fiquei animado. Se dá pra jogar em sessões mais curtas, encaixa totalmente no meu perfil atual. Já vou colocar para baixar aqui.

Aos poucos estou conseguindo diminuir meu vício em PES (finalizando o primeiro ORI e ainda mais apaixonado pelo universo, voltando aos poucos com F1 e agora OW se der liga).

Obrigado pela informação e divulgação da experiência.
 

tavo08tom

Go ahead. Make my day!
PXB Gold
Dezembro 5, 2013
4,503
7,648
Jaraguá do Sul - SC
Eu comecei a jogar esse jogo a muito tempo, e joguei pouco e acabei desistindo por causa que minha primeira impressão é que realmente pareceu tudo muito confuso, e olha que gosto de jogos em que a gente cria nossa própria narrativa.

Depois desse tópico, vou dar mais uma chance para o jogo, e vou recomeçar para ir além do que eu parei, e para enfim, ver se me apego ou não. Mas obrigado pela dica.
 
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ronabs

opa
Moderador
Novembro 8, 2010
26,429
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Rio Grande do Sul
Finalmente, esse jogo sendo exaltado. Esse é o tipo de jogo que eu gostaria de esquecer, daqui a alguns anos, eu irei jogá-lo novamente.
No começo dele, eu não dei muito valor, mas quando você nota, que esse jogo é um grande quebra cabeça, se torna incrível; às vezes, você só fez uma única descoberta durante um ciclo, mas aquelas descoberta muda tudo.
Eu descobrindo que os monstros do Embrolho Sombrio, não te atacam, se não ligar os propulsores.
Eu terminei esse jogo e até hoje não fiz 100%, tem áreas que eu explorei à fundo, mas sempre fica uma interrogação, dizendo que eu tenho algo a explorar.
E aos que são ruins em jogos de nave, como eu, em poucas horas, você pega o jeito.
Então...

Essa aí foi uma das áreas que fui bem antes do que deveria. Tava saindo de Timber Hearth e sem querer vi uma parte do planeta que tinha passado batido, com uma fumacinha e tal, fui lá e tinha uma raiz gigante e um carinha dizendo pra tirar foto com a sonda, jogar dentro e tal. Aí jogando lá, o sinal ia parar a quilômetros de distância lááá em Dark Bramble, fui atrás pra ver e na primeira área um peixe gigante engole minha nave.

Fiquei bem surpreso porque tava naquelas do jogo não ter combate, não esperava que um bicho ia me matar do nada. Tentei passar algumas vezes mas não tive esse lampejo dos propulsores, morri umas 3-4 vezes, aí ainda estava com aquela mentalidade de "ah, não devo ter o equipamento necessário ainda" e fui fazer outra coisa. Só descobri como passar lendo um dos recados na parede.
 
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freedowsRoO

Guerreiro
PXB Gold
Janeiro 7, 2010
3,758
4,183
Rondonópolis - MT
Deu mais ou menos umas 22h a 23h, o jogo não tem marcador mas por cima acho que é por aí.

Só não tenho 100% de tudo ainda, tem alguns locais que posso explorar mais um pouco.
Um tempo bom, obviamente pode demorar mais ou menos pois como você falou vai da exploração. Vou colocar no backlog aqui fiquei bem interessado.
 

dezenove

Its not just a number
Maio 7, 2010
2,640
3,375
Tentei novamente da uma chance, confesso que ainda estou totalmente perdido, sai do planeta natal, parei num planeta doido, depois de andar por ele e não encontrar nada, acabei caindo de um penhasco e de repente estava num lugar com um buraco negro que ai cair dentro, ele me jogou a uma distancia gigante da onde estava, no meio do espaço, sozinho, sem nada, acabei morrendo.

Alias, o controle de nave complicado esse, não conseguir pegar o jeito ainda.
 

Pedreiros

Guerreiro
Janeiro 28, 2018
2,030
5,059
Rio de Janeiro
Quando o jogo lançou tive dificuldade pra me acostumar, estava perdidaço e confuso e acabei dropando, mas depois com mais paciência fui tentar jogar de novo e me surpreendi demais!
Jogaço! RECOMENDADÍSSIMO!
Não me surpreende a Obsidian ter ido atrás da roteirista desse jogo, tudo que você vai descobrindo vai se conectando e no final tudo elaborado com vários acontecimentos diferentes...É realmente impressionante.
 
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ronabs

opa
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Novembro 8, 2010
26,429
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Rio Grande do Sul
Tentei novamente da uma chance, confesso que ainda estou totalmente perdido, sai do planeta natal, parei num planeta doido, depois de andar por ele e não encontrar nada, acabei caindo de um penhasco e de repente estava num lugar com um buraco negro que ai cair dentro, ele me jogou a uma distancia gigante da onde estava, no meio do espaço, sozinho, sem nada, acabei morrendo.
O começo é bem complicado mesmo, não tem muito direcionamento. O ideal é ir pra lua de Timber Hearth, o planeta que a gente começa.
Alias, o controle de nave complicado esse, não conseguir pegar o jeito ainda.
Se serve de consolo, mesmo no final do jogo, às vezes me confundia com os controles, principalmente controlando o personagem com a roupa espacial fora da nave.
Ps. Tem legendas?
Tem, tanto para os menus como para os diálogos e leituras gerais.
 
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Reações: Cap Holandes

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