Watch Dogs 2, que nota que eu vou te dar no NightCritic?
Gráficos
Joguei no
Xbox One X. Não existe enhanced pra esse jogo. Porém, roda em 900p30 com gráficos que considero muito bons pro nível do One S. Um avanço em relação ao WD1, que rodava a ridículos 782p30 (ou algo assim).
Nota: 9/10
História
A sinopse nos explica o básico. Você é o Marcus Holloway, hacker afro-americano que o CtOS, sistema de hipervigilância introduzido no primeiro Watch Dogs, marcou indevidamente como criminoso. Sem opções, Marcus resolve ir ao grupo hacktivista DedSec e se submeter à iniciação do grupo para hackear o sistema do CtOS e limpar seu nome. Após conhecer seus novos companheiros, Marcus lhes propõe derrubar a Blume, empresa responsável pelo CtOS, e a história se desenrola a partir dali.
O jogo conta sua história a partir de "operações", divididas em principais, secundárias, online e DLC. O objetivo é completar as operações para ganhar "seguidores". As secundárias, em WD2, têm menos jeitão de "coletáveis" do que no primeiro jogo, o que é um ponto positivo e torna os eventos mais orgânicos. Porém, também costumam ser operações bem simples.
Muitos meios mainstream acharam a história deste jogo superior à do WD1, iludidos pelo combo DRE (diversidade, representatividade e empoderamento), mas a minha percepção foi de que o enredo é completamente sem graça.
O DedSec, em WD1, era legal por ser uma organização alheia ao protagonista, misteriosa e de moralidade cinzenta. O DedSec de Chicago era radical e até perigoso. Não era uma organização com quem Aiden se sentia confortável em trabalhar. A célula de San Francisco, por sua vez, é o oposto. São extremamente exibicionistas, afinal o progresso do protagonista se mede pela quantidade de seguidores que o DedSec reúne.
Os integrantes são Sitara, uma hipster indiana que, obcecada por seguidores, por vezes parece mais mimada do que altruísta, Josh, um autista de alto funcionamento com grande capacidade de hackear e que é um ótimo personagem, Wrench, que é o alívio cômico e outro ótimo personagem, a dose de loucura que equilibra a sinceridade robótica de Josh, e Horatio, um personagem afro-americano bem sem graça que está lá basicamente pra servir de comentário racial superficial. Além, é claro, de Marcus.
O protagonista, já que falamos nele, é uma espécie de "Coringa" ao "Batman" representado por Aiden Pearce, mas um Coringa do bem, sempre divertido e piadista. Não é um mau protagonista, mas às vezes passa a sensação de que é estático, sempre relaxado. Parece um hip hop lofi ambulante. Mesmo em missões nas quais dá tudo errado, Marcus age como se sempre estivesse no controle da situação, o que é um bocado irreal, especialmente pra alguém jovem como ele. Não bastasse isso, conhecemos muito pouco sobre quem foi Marcus antes do enredo do jogo e considero isso uma falha grave pois temos dificuldade de entender suas motivações além do impulso contra o establishment.
Esse impulso é algo que também não conseguimos absorver por completo As operações principais às vezes parecem não ter foco algum, ainda mais porque existem momentos em que há duas ou três disponíveis ao mesmo tempo. A busca é sempre por "algo que comprometa a Blume", qualquer coisa. Então fica a sensação de que você avança no jogo mas não "progride", já que o conjunto de organizações vilânicas, embora sob a liderança da Blume, é descentralizado demais pra oferecer aquela ideia de "grande vilão". O próprio vilão do jogo pouco aparece e pouco se faz ameaça, o que é ironicamente o oposto de outra franquia da Ubisoft, Far Cry, que gira ao redor de seus vilões.
É uma historinha bem "meh", pra falar a verdade, com alguns momentos interessantes, mas nada de muito impactante.
Nota: 5/10
Gameplay
Essa parte é onde WD2 se destaca em relação ao seu antecessor. Se Aiden era um criminoso que hackeia, Marcus é um hacker que comete crimes. Logo, o estilo de jogo de Marcus é muito, mas MUITO mais focado em stealth. O que foi uma mudança muito positiva, e tirou aquele jeitão de "GTA genérico" que o primeiro jogo às vezes tinha.
O carrinho (Jumper), introduzido em Watch Dogs: Bad Blood (ou, como eu o chamo, Watch Dogs 1.5), está de volta. Ele não consegue mais dar choques e não tem utilidade ofensiva a não ser com uma das últimas melhorias, devendo ser utilizado exclusivamente para stealth ou como chamariz. Em WD2, o Jumper pode ser utilizado para concluir grande parte das missões sem sequer colocar Marcus em risco. É um pouco mais difícil de detectar do que o esperado (embora ainda exista a dificuldade "Realista" para consertar essa "falha") o que acaba meio que canalizando o stealth para o uso do Jumper. Eu diria até que todo o level design foi construído priorizando-se o Jumper, o que trivializa um pouco o stealth em relação ao do WD1.
Marcus também pode (aliás, DEVE) comprar o Quadricóptero, vulgo "Drone", que é a alternativa aérea ao Jumper. A função primordial do Quadricóptero é varrer áreas para marcar inimigos, embora também seja muito útil para hackear alvos específicos. Entretanto, o Quadricóptero, ao contrário do Jumper, é incapaz de realizar hacks "físicos" (que requerem interação com a máquina), restringindo-se a um papel de suporte.
Além dos brinquedos, Marcus tem equipamentos parecidos com os de Aiden à disposição. As iscas estão de volta e agora podem dar choque. Assim como todas as armadilhas do jogo, podem ser acionadas remotamente ou por sensores de movimento. Também há explosivos e até um item para hackear vários carros ao mesmo tempo. Marcus também tem mais recursos de hacking do que Aiden, pois pode também hackear carros, guindastes e até controlar plataformas motrizes, não estando limitado a movimentos verticais.
Uma outra coisa que facilita no stealth é que WD2, em relação ao anterior, expande a mecânica de gangues, permitindo criar conflitos entre elas, e entre elas e a polícia. Uma das gangues é, inclusive, uma empresa privada de segurança (Umeni-Zulu). Existe a possibilidade (desbloqueável) de "marcar" qualquer NPC (menos os amigáveis, claro) como traidores de gangues ou como procurados pela polícia, com resultados distintos e interessantes: gangues, ou melhor, a BANDIDAGE (part. Zeh Pequeno), são muito mais agressivas, enquanto policiais tentarão primeiro prender o suspeito (ao contrário do que prega a lacrosfera). Ainda mais interessante é que os soldados da empresa Umeni se rendem aos policiais ao invés de resistir à prisão, o que mostra um detalhismo legal.
Pra quem não liga muito pra esse negócio de stealth, há a alternativa bélica. Wrench não é apenas mais um hacker no DedSec: ele também é o quartel-mestre e criador das armas que o grupo usa. Armas devem ser compradas na impressora 3D em cada Hackerspace (esconderijo) e são as mesmas armas do WD1, porém com algumas modificações de utilidade. Há, inclusive, armas não letais. Marcus já vem equipado com uma pistola de eletrochoque, mas pode ainda adquirir coisas como um lança-granadas com projéteis elétricos. Entretanto, Marcus como pistoleiro é inferior a Aiden, pois não pode carregar todas as armas que possui (apenas a pistola de eletrochoque e mais duas quaisquer), não usa granadas e não tem o recurso de Foco (bullet time) que Aiden possuía.
A física dos carros foi elogiada, mas eu achei praticamente igual à criticada física do primeiro jogo. Única mudança significativa é a possibilidade (desbloqueável) de usar turbo no próprio carro. O lineup de carros também pouco mudou, embora haja algumas excelentes adições, principalmente nas DLCs. Um dos meus carros favoritos é o que parece um Tesla Model S (Asteria Prime), mas o Vespid HMI, o clássico muscle car, está de volta e o novo melhor carro do jogo é o Fiammetta, mistura de LaFerrari com Ford GT.
Missões, como de costume, são selecionáveis no smartphone, que tem até
Google Nudle Maps e possui uma interface simples, quase como um smartphone de verdade mesmo. A árvore de habilidades virou app e é mais simples: nada de habilidades travadas pelo online ou por secundárias chatas!
O mapa é até bom, com locais familiares a quem jogou GTA San Andreas e pulou o outro jogo da Ubi em San Francisco (no caso, Driver: San Francisco, homenageado no jogo em forma de app estilo Uber). Porém existe uma porção muito grande dele completamente desperdiçada com água, água e mais água, e no meio de tudo a famosa ilha de Alcatraz, palco de uma das missões DLC (muito boa, aliás). Não bastasse isso, há o fato de que San Francisco é uma cidade ruim pra jogo aberto, devido às pontes intermináveis que conectam os bancos de terra firme uns aos outros.
Finalmente, Marcus é altamente customizável. Existem mais lojas de roupas e diversidade do que em GTAIV, por exemplo. Tem a loja dos skatistas, dos motoqueiros, dos "mano cheio da grana", dos hipsters diferentões e até a dos mauricinhos. Há até lojas de camisetas em pontos turísticos. O DedSec também tem roupas próprias, que, aliás, estão entre as melhores! Preciso dizer pra não gastar com roupa neste jogo?
Nota: 8/10
Online não joguei mas é, em essência, igual ao do primeiro jogo, com alguns incrementos: você pode sair hackeando outros jogadores e também fazer missões em co-op.
Conclusão
Um jogo sólido, que vale a pena pelo gameplay e pelas possibilidades que ele te dá. Quem curte historinha, pode passar longe: vale só pelo setting lacrativo, embora os interessados em Watch Dogs Legion talvez devessem ao menos zerar WD2 pra entender o final e o setting do próximo jogo.
A média que vou dar é ponderada: história peso 1, gráficos peso 2, gameplay peso 3.
Logo: 7.8/10 (too much water)