Em uma nova entrevista à Polygon, Phil Spencer falou bastante sobre a visão macro da indústria de jogos atualmente. Os pontos de vista defendidos pelo CEO da Microsoft Gaming vão de encontro aos orçamentos crescentes, modelos de negócios diversificados e o grande risco envolvido para criar jogos que atendam as expectativas dos jogadores para jogos AAA.
Spencer está na Microsoft há mais de 30 anos e no Xbox desde o início e, anos atrás, a parte financeira era relativamente tranquila:
- A publisher estabelecia uma meta - exemplo: 800k cópias vendidas;
- Depois, estabelecia quanto queria ganhar no negócio;
- E, por fim, definia o preço - geralmente, $59,99;
- Só depois disso é que o orçamento do projeto era definido.
- O custo reduz o risco que as publisher topam correr. Se antes, jogos precisavam vender algumas centenas de milhares de cópias pra se pagar, hoje é preciso gerar alguns milhões pra chegar no 0x0. Segundo ele, "se você é uma publisher, você sabe que é um número grande em um mundo que já tem muitos jogos sendo lançados". Ele complementa que isso faz as publishers se questionarem se vale a pena ficar no vermelho para estabelecer um anova IP, por exemplo, o que acaba limitando a criatividade da indústria.
- Esse custo é particularmente proibitivo para jogos exclusivos, que são vendidos dentro de um cercadinho limitado e precisam fazer dinheiro de formas adicionais. Para ele, "a defesa de jogos exclusivos serão cada vez mais pressionadas à medida que os custos aumentam";
- Por fim, o mercado como um todo está estabilizado, estagnado, sem crescer. Segundo Spencer, a maioria dos consumidores está só fazendo um upgrade, sem contribuir de fato para o mercado crescer e chegar a mais pessoas. E, sem novos consumidores, "os consumidores dos outros são a sua taxa de sucesso". Não é possível crescer sem atrair consumidores de outras plataformas, e como ninguém está encontrando esses novos jogadores, todos acabam brigando pelo mesmo pedaço do bolo.
Spencer também comentou sobre a onda de demissões na indústria, que afetou recentemente a divisão Xbox em mais de 1,9 mil pessoas. Segundo ele, isso é tanto uma tendência geral do mercado como também um ponto específico do Xbox em si. Como a indústria está projetando ser menor no próximo ano em termos de jogadores e dinheiro gerado, e muitas empresas possuem capital aberto e são negociadas em bolsa, os acionistas irão pressionar por melhores resultados - e o primeiro item na mira é a gestão de custos. Se você não vai aumentar suas receitas, vai precisar diminuir despesas.
Por fim, ele comenta que "todas as decisões tomadas são para o bem do Xbox. Eu sei que algumas coisas serão transformadas em armas, que há alguma coisa ruim no fundo que nos leva a fazer certas coisas. Toda decisão que tomamos é para tornar o Xbox mais forte no longo prazo. Isso não significa que todos irão concordar com a decisão que tomarmos. Mas isso é fundamental na hora de tomarmos as decisões".
Quando a Microsoft enxerga estudos sobre a Geração Z (pessoas nascidas entre 1995 e 2010), essa galera não enxerga mais o software associado a uma plataforma restrita. Alguns têm iPhone, outros Android, mas os jogos são os mesmos, os apps são os mesmos e tudo está disponível onde quer que eles estejam. E finaliza com a citação abaixo.
Phil Spencer on what the hell is happening in the games industry
"The implications have human impact. And we should all reflect on that and think about it"
www.polygon.com