Estava eu lendo a matéria de capa da ultima edição da VEJA e tracei um paralelo entre a evolução digital que ocorre no universo dos tablets e e-readers com o debate que há sobre a distribuição digital e sobre tudo o que acarretaria. Fiquei a tarde no PC escrevendo no Word esse tópico (por isso o título Confabulando).
Um aspecto negativo é que você não possui o jogo no sentido amplo da palavra. Corrijam-me se estiver errado, mas até onde sei os jogos ficam hospedados na Nuvem, nos mainframes ou como diabos se chame o local onde os jogos realmente ficam hospedados. O jogo não fica com você; não fica tangível, tão próximo como o controle da TV ou o copo de cerveja.
Você não possui o jogo. Até o presente momento o que existe é a confiança nos sistemas da produtora (até por que o enfoque do tópico são os jogos, mas podemos substituir por qualquer outro responsável pela manutenção e guarda da informação), que ela vai mantê-los ali, disponíveis pra você a qualquer momento. Ainda assim existe sempre aquele 1% do cálculo que resulta da falibilidade humana, que faz com que haja a real possibilidade (ainda que pequena) de que ocorra algum evento que impossibilite o acesso a essas informações e que elas se percam.
Talvez para sempre.
[blockquote]Amazon Erases Orwell Books from Kindle
On Friday, it was “1984” and another Orwell book, “Animal Farm,” that were dropped down the memory hole — by Amazon.com.
In a move that angered customers and generated waves of online pique, Amazon remotely deleted some digital editions of the books from the Kindle devices of readers who had bought them.
An Amazon spokesman, Drew Herdener, said in an e-mail message that the books were added to the Kindle store by a company that did not have rights to them, using a self-service function. “When we were notified of this by the rights holder, we removed the illegal copies from our systems and from customers’ devices, and refunded customers,” he said. [/blockquote]
Só pra resumir: Uma matéria publicada 17 Julho de 2009 no New York Times relatou um evento que causou um agito no mundo todo.
A Amazon apagou remotamente dos Kindles de seus clientes as obras “1984” e “Revolução dos Bichos”. Quem comprou acabou ficando sem! A Amazon alegou que a exclusão foi feita devido ao fato de que negociaram com uma editora que não possuía os direitos autorais do livro, e mantê-los no ar seria ilegal. A matéria se estende. Para os interessados, ver a matéria na íntegra [link=[url="http://www.nytimes.com/2009/07/18/technology/companies/18amazon.html?_r=0"]http://www.nytimes.com/2009/07/18/technology/companies/18amazon.html?_r=0[/url]]aqui[/link].
O que eu quis trazer com este gancho é o seguinte: a possibilidade de um evento indeterminado retirar do ar uma propriedade nossa, sem que não possamos fazer nada é assustador. E eu usei o termo indeterminado. Vamos supor que seja determinável. Vamos além.
Vamos supor, por exemplo, que vivemos em um mundo onde só haja a possibilidade de comprarmos jogos digitalmente. Digamos que a EA resolva, sem mais nem menos, excluir em definitivo um jogo antigo de seus servidores. Um clássico, mas ainda assim antigo, que não gera mais lucros como o jogo do momento, que gera um capital estupendo.
Diga-me o que impede a EA de apagar de seus servidores esse jogo e o que você, jogador fã desse jogo, pode fazer a respeito?
- Ah, mas Creed, isso é impossível de se fazer. Não pode, não dá...
É mesmo? Bom, caso você não saiba, a EA tem o hábito de desligar os servidores de jogos com 2-3 anos de existência. Assim sendo, nada impede que em um futuro 100% digital, essa exclusão do passado seja realmente concretizada. Assim como nada impediu a Amazon de excluir os títulos dos Kindles.
Contudo a distribuição digital tem lá argumentos contundentes acerca de suas vantagens (e de por que seria superior ao sistema de mídias físicas atuais).
Há quem defenda o lado verde da Distribuição 100% Digital. Vai reduzir o plástico das caixinhas, o papel da capa do jogo, o material usado na mídia. Bom, nesse aspecto realmente é muito mais vantajosa a distribuição digital. É um pequeno passo pra ajudar nos problemas ecológicos dessa nossa Terra.
E ainda há o argumento do preço, o mais forte e o de mais apelo (pois já dizia o sábio que a parte mais vulnerável do corpo do homem é o bolso !lol ). As promoções da Steam, por exemplo, ridicularizam de maneira obcena as “promoções” que um jogador de console brasileiro vê no lançamento de um jogo. Aliado a isso, está o patético sistema de Correios nacional, que é desleixado, despreparado e lento. Então nesse aspecto eu nem ouso discutir com quem argumenta assim.
Só queria deixar uma pergunta: será que o risco de se perder todos os jogos em uma eventual e improvável adversidade (pane, hacking ou qualquer outra merda) não é suprimido quando se compra uma mídia física? Vale lembrar que gigantes como Google e Facebook que investiram muito dinheiro para que o sistema não caísse nunca (Facebook em especial)... caiu.
Concluindo aqui: Só os tolos acham que essa maneira que a Steam (pegando o exemplo mais famoso) atua é passageira. Isso é pra ficar. É o futuro. E estamos vendo ele se desenrolar aos nossos olhos.
Só que seria uma tolice suplantar por completo o sistema físico atual. Acho que 100% Digital não é a resposta certa. Mas acho que uma mudança sim se faz necessária e que vá mudando com o tempo.
Em síntese: creio que a resposta certa é analisar a distribuição digital não como uma evolução natural da distribuição física, mas como dois meios que devem coexistir sem anular um ao outro... Pelo maior tempo possível.
Um aspecto negativo é que você não possui o jogo no sentido amplo da palavra. Corrijam-me se estiver errado, mas até onde sei os jogos ficam hospedados na Nuvem, nos mainframes ou como diabos se chame o local onde os jogos realmente ficam hospedados. O jogo não fica com você; não fica tangível, tão próximo como o controle da TV ou o copo de cerveja.
Você não possui o jogo. Até o presente momento o que existe é a confiança nos sistemas da produtora (até por que o enfoque do tópico são os jogos, mas podemos substituir por qualquer outro responsável pela manutenção e guarda da informação), que ela vai mantê-los ali, disponíveis pra você a qualquer momento. Ainda assim existe sempre aquele 1% do cálculo que resulta da falibilidade humana, que faz com que haja a real possibilidade (ainda que pequena) de que ocorra algum evento que impossibilite o acesso a essas informações e que elas se percam.
Talvez para sempre.
[blockquote]Amazon Erases Orwell Books from Kindle
On Friday, it was “1984” and another Orwell book, “Animal Farm,” that were dropped down the memory hole — by Amazon.com.
In a move that angered customers and generated waves of online pique, Amazon remotely deleted some digital editions of the books from the Kindle devices of readers who had bought them.
An Amazon spokesman, Drew Herdener, said in an e-mail message that the books were added to the Kindle store by a company that did not have rights to them, using a self-service function. “When we were notified of this by the rights holder, we removed the illegal copies from our systems and from customers’ devices, and refunded customers,” he said. [/blockquote]
Só pra resumir: Uma matéria publicada 17 Julho de 2009 no New York Times relatou um evento que causou um agito no mundo todo.
A Amazon apagou remotamente dos Kindles de seus clientes as obras “1984” e “Revolução dos Bichos”. Quem comprou acabou ficando sem! A Amazon alegou que a exclusão foi feita devido ao fato de que negociaram com uma editora que não possuía os direitos autorais do livro, e mantê-los no ar seria ilegal. A matéria se estende. Para os interessados, ver a matéria na íntegra [link=[url="http://www.nytimes.com/2009/07/18/technology/companies/18amazon.html?_r=0"]http://www.nytimes.com/2009/07/18/technology/companies/18amazon.html?_r=0[/url]]aqui[/link].
O que eu quis trazer com este gancho é o seguinte: a possibilidade de um evento indeterminado retirar do ar uma propriedade nossa, sem que não possamos fazer nada é assustador. E eu usei o termo indeterminado. Vamos supor que seja determinável. Vamos além.
Vamos supor, por exemplo, que vivemos em um mundo onde só haja a possibilidade de comprarmos jogos digitalmente. Digamos que a EA resolva, sem mais nem menos, excluir em definitivo um jogo antigo de seus servidores. Um clássico, mas ainda assim antigo, que não gera mais lucros como o jogo do momento, que gera um capital estupendo.
Diga-me o que impede a EA de apagar de seus servidores esse jogo e o que você, jogador fã desse jogo, pode fazer a respeito?
- Ah, mas Creed, isso é impossível de se fazer. Não pode, não dá...
É mesmo? Bom, caso você não saiba, a EA tem o hábito de desligar os servidores de jogos com 2-3 anos de existência. Assim sendo, nada impede que em um futuro 100% digital, essa exclusão do passado seja realmente concretizada. Assim como nada impediu a Amazon de excluir os títulos dos Kindles.
Contudo a distribuição digital tem lá argumentos contundentes acerca de suas vantagens (e de por que seria superior ao sistema de mídias físicas atuais).
Há quem defenda o lado verde da Distribuição 100% Digital. Vai reduzir o plástico das caixinhas, o papel da capa do jogo, o material usado na mídia. Bom, nesse aspecto realmente é muito mais vantajosa a distribuição digital. É um pequeno passo pra ajudar nos problemas ecológicos dessa nossa Terra.
E ainda há o argumento do preço, o mais forte e o de mais apelo (pois já dizia o sábio que a parte mais vulnerável do corpo do homem é o bolso !lol ). As promoções da Steam, por exemplo, ridicularizam de maneira obcena as “promoções” que um jogador de console brasileiro vê no lançamento de um jogo. Aliado a isso, está o patético sistema de Correios nacional, que é desleixado, despreparado e lento. Então nesse aspecto eu nem ouso discutir com quem argumenta assim.
Só queria deixar uma pergunta: será que o risco de se perder todos os jogos em uma eventual e improvável adversidade (pane, hacking ou qualquer outra merda) não é suprimido quando se compra uma mídia física? Vale lembrar que gigantes como Google e Facebook que investiram muito dinheiro para que o sistema não caísse nunca (Facebook em especial)... caiu.
Concluindo aqui: Só os tolos acham que essa maneira que a Steam (pegando o exemplo mais famoso) atua é passageira. Isso é pra ficar. É o futuro. E estamos vendo ele se desenrolar aos nossos olhos.
Só que seria uma tolice suplantar por completo o sistema físico atual. Acho que 100% Digital não é a resposta certa. Mas acho que uma mudança sim se faz necessária e que vá mudando com o tempo.
Em síntese: creio que a resposta certa é analisar a distribuição digital não como uma evolução natural da distribuição física, mas como dois meios que devem coexistir sem anular um ao outro... Pelo maior tempo possível.