[GAMEWORLD] Não há motivos para se decepcionar com o Xbox One

User 1422

Guerreiro
Março 19, 2009
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Não há motivos para se decepcionar com o Xbox One Quem não assistiu a conferência que apresentou o Xbox One e correu direto pros principais sites e portais especializados provavelmente achou que a Microsoft soltou rojão na cara de crianças ao vivo. Os adjetivos mais leves sobre a apresentação foram "decepção", "fracasso", "descontentamento" e "sucessivos erros". Parecia o fim do mundo, parecia que a Microsoft misturou as mancadas de apresentação de console - o preço absurdo do PS3, a indecisão da Nintendo em mostrar as funções do Wii U - e piorou tudo de forma irreversível. Adeus Xbox, vocês desaprenderam como se faz! Toda a pompa e o glamour estava lá, mas não passou uma casca vazia para quem curte jogos. Uma das chamadas-símbolo dessa frustração veio do Gamasutra, com um nível patético de arrogância: "Gamasutra editor-at-large Leigh Alexander wasn't particularly impressed with today's "groundbreaking" Xbox One unveiling" (Editora do Gamasutra, Leigh Alexander, não ficou particularmente impressionada com a apresentação 'inovadora' do Xbox One hoje). O Kotaku seguiu a mesma linha, com um pouco menos de idiossincrasia: "That Xbox One Reveal Sure Was A Disaster, Huh?". E o que se seguiu foi ainda pior, como um grupo de lagartos que veem uma mancha de calor à frente e terminam entrando numa fogueira, seguindo o resto da tropa. Comportamento similar vimos quando os primeiros reviews de Aliens: Colonial Marines, após as primeiras notas desastrosas, teve jornalista que admitiu jogar apenas duas horas antes de mandar uma nota zero. Poucos esperaram a emoção baixar e depois escreveram alguma coisa apurada. A carga decepcionante da apresentação foi reunida num vídeo que provavelmente fez até o próprio Don Mattrick soltar algumas risadas: O primeiro ponto sobre o assunto é a falta de leitura dos planos da Microsoft. Se um jornalista foi até Redmond e esperou ver uma infinidade de games matadores, franquias novas e explicações de como games são arte, ele se encaixa somente em duas situações: ou ele é novato ou não fez o serviço dele direito pelo menos nos últimos dois anos - para não dizer desde 2001, quando Bill Gates já chamava o Xbox de "central de entretenimento". A Microsoft no ramo de entretenimento não age tradicionalmente, como Nintendo e a Sony. A empresa é vista como um dinossauro gigantesco, que passa, pisa, bagunça tudo, e não consegue acertos cirúrgicos. É sustentada principalmente pelo mercado bilionário do Office e tem grana em caixa suficiente para bancar aventuras "menores" como o Xbox. Ela também é lenta. Demorou pra sacar o potencial do mercado de busca e quando abriu os olhos o Google já era imbatível. Demorou pra investir em sistemas mobile e deixou o Android e iOS brigarem praticamente sozinhos. No ramo de touchscreen praticamente só entrou agora, com o Windows 8 e o Surface. Também entrou atrasado no mercado de games, muito porque o potencial mercadológico do Windows pode ser aos poucos minado por uma nova realidade que envolve apps e serviços. Esse futuro visto pela Microsoft é similar ao da Apple - centralizador, conveniente para clientes com perfil americano-bebedor-de-Budweiser e imensamente lucrativo para a empresa. Não faz sentido que os jornalistas não encarem a proposta da Microsoft para o Xbox One (e todos os outros que vierem após) como uma extensão da estratégia global da empresa. Qualquer um com o mínimo de preocupação em entender os planos da empresa, que viu pelo menos a última E3 ou eventos similares, não saiu decepcionado. Era simplesmente a continuação de um plano mais longo. A Leigh Alexander, no Gamasutra escreveu: "No entanto, até o final do evento do console, eu me mantive desorientada, sentindo como se eu tivesse visto uma das Big Three [termo para as três principais montadoras automobilísticas americanas: Ford, General Motors e Chrysler] (...)". A Leigh ainda fala de "um mundo fictício onde todos possuem televisões enormes, se entretêm com simulações de futebol de última geração, (...) onde salas de TV são gigantes". Pois é exatamente esse o futuro que a Microsoft enxerga não agora, mas pra daqui a cinco anos. Não no mundo todo, mas nos Estados Unidos, os compradores mais ávidos das caixas da empresa. Quando o Xbox 360 foi lançado com suporte a 720p, muitos acharam risível, para logo ver o quanto a resolução é obrigatória há pelo menos três anos.Qualquer um que olhar os gráficos de vendas de console segmentado por continentes vai entender que essa aposta é vencedora. Xbox 360 e PlayStation podem estar exatamente empatados nos gráficos globais de venda de consoles, mas os números reunidos não mostram as sutilezas envolvendo cada continente. A Microsoft domina o mercado americano, onde o Xbox 360 vendeu quase a mesma quantidade que o Wii - 44,7 milhões pro console da Nintendo e 43,9 milhões pro da Microsoft, enquanto o PS3 possui 26,6 milhões [dados do VGChartz]. Na Europa e no Japão, o domínio é da Sony (ou da Nintendo, depende de como quiser analisar). O problema envolvido não é só o efeito dominó por trás das sucessivas matérias, notícias e artigos que não pouparam esforços para detonar a apresentação da Microsoft, mas sim a falta de entendimento dos jornalistas de mercado e de cultura corporativista - e da própria natureza atual dos grandes eventos e anúncios. Consoles são produtos mercadológicos, cuidadosamente criados para consolidar uma filosofia da empresa, que aposta em um pensamento que deve perdurar por pelo menos cinco anos - na atual geração sete, na próximo chuto dez. Não digo que a posição da Microsoft é a correta, mas a imprensa especializada precisa ver um pouco além do "cadê os games? É isso que importa!". Com uma análise clara da estratégia corporativa da empresa é possível evitar qualquer decepção, pois não se formaram grandes expectativas. Eu não criei grandes expectativas sobre a apresentação do Xbox One, e por isso achei a apresentação até boa. Ademais, como ressaltou a Kill Screen, a imprensa que analisa games é a única que se auto-exige essa análise completa. Jornalistas de música não fazem reviews do iPod ou precisam entender que tipo de estratégia mercadológica está inserida ali. O mesmo para críticos de cinema, que não analisam DVDs concorrentes e às vezes nem mesmo diferenças entre projeções 3D. Isso geralmente é a área de jornalistas de tecnologia, ou mesmo de revistas segmentadas para o mercado.Mas jornalistas de games obrigam-se - e também são obrigados pela direção editorial de seus veículos - a terem uma visão mais ampla, também pelo fato do mercado de games ter um funcionamento um pouco diferente dos outros: comprar um console é se inserir numa filosofia e em um plano corporativo global. E esse é um investimento caro, de forma que para muitos, um erro é permanente. Então, se nós jornalistas quisermos analisar corretamente o Xbox One, não temos que compara-lo unicamente com o PS4 (ou o Wii U, se você estiver disposto), mas com set-top-box, Apple TV e outra gama de dispositivos que brigam pelo campo de batalha das salas de estar. É o objetivo da Microsoft e é reducionista não levar isso em conta, inclusive na hora de tirar as impressões do evento - é o mesmo que querer rir num filme de drama, é querer que a empresa atenda suas expectativas. A Wired, falando justamente sobre essa questão, afirmou que os "gamers hardcore desejam o impossível", com o argumento de que empresas que só fabricam dispositivos de games (Nintendo e Sony) estão com sérias dificuldades financeiras. É um bom ponto, mas também parece incompleto por analisar unicamente lucros de divisões de entretenimento.Uma olhada fria em gráficos revela a Microsoft chutando as concorrentes de forma arrasadora e lucros muito minguados da Sony. Bingo, xeque-mate, essa história de consoles unicamente para games está absolutamente errada desde sua concepção! Não tão rápido! A análise dos gráficos não mostra os erros da Sony com preços, lançamentos atrasados, gastos excessivos com um processador que simplesmente não decolou, etc. Me parece igualmente correto olhar a recuperação da Sony - não somente no sentido que toda a fabricante de console toma prejuízo nos seus dois primeiros anos - mas porque a empresa enfrentou pesadas reformas estruturais, que provavelmente começarão a dar frutos nos próximos três anos. Apesar dessa diferença abissal de estratégias, nunca em outra geração tivemos consoles tão parecidos: arquiteturas iguais, datas de lançamento coladas (novembro, aposto), mídias iguais, third-parties de peso trabalhando pros dois lados, e por aí vai. Quem sai vivo desse ringue? As duas, aguarde um novo empate, mas espere um distanciamento ainda maior entre elas. A Sony tem rede online com mais games, e melhores estúdios internos, e a Microsoft tem serviços.Mas o diabo está nos detalhes: desde 2009 (justamente quando essa ruptura começou a ficar mais clara para todos) a Sony vende pelo menos 700 mil PS3 a mais que a Microsoft vende X360. Em 2009 a diferença foi mais gritante: quase 3 milhões de consoles [VGChartz de novo]. Se a nova geração herdará alguma coisa da atual, é provavelmente dessa reta final. Consoles já possuem formas de "prenderem" seus consumidores, e ela se chama rede online. A PSN Plus se tornou quase um objeto de culto pela oferta vastíssima de games grátis, o que parece muito mais vantagem do que a Gold, que cobra pelo que deveria ser de graça - multiplayer, usar o Netflix. Todos esses detalhes devem se refletir na próxima geração. Mas é preciso entender de economia pra entender se tudo isso é lucrativo o bastante para uma gigante como a Sony, que está sangrando dinheiro e num momento muito mais dramático que a Microsoft, que possui reservas bilionárias. O PS4 definitivamente será o console para o gamer hardcore, mas o Xbox One tentará se firmar como um aparelho "para todos", um PC mais amigável e light. Para saber qual dos dois vencerá, só vivendo mais uma década pra poder ver.
Fonte: http://gameworld.com.br/8534-nao-ha-motivos-para-se-decepcionar-com-o-xbox-oneNão concordo com algumas coisas, mas muitas outras fazem sentido. Acho válido trazer algumas matérias menos pessimistas para o PXB.
 
C

Convidado

Visitante
Aos poucos a sensatez vai abrindo caminho entre tanto ódio e obscurantismo.

Mas de qualquer forma não dá para perdoar a Microsoft por ter falhado em passar uma mensagem mais clara.

PS: Pare que foi o tal de Thadeu Melo que escreveu esse artigo ou deu consultoria... ;)
 

caddelin

Guerreiro
Fevereiro 3, 2007
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758
Curitiba
"Então, se nós jornalistas quisermos analisar corretamente o Xbox One, não temos que compara-lo unicamente com o PS4 (ou o Wii U, se você estiver disposto), mas com set-top-box, Apple TV e outra gama de dispositivos que brigam pelo campo de batalha das salas de estar. É o objetivo da Microsoft e é reducionista não levar isso em conta, inclusive na hora de tirar as impressões do evento - é o mesmo que querer rir num filme de drama, é querer que a empresa atenda suas expectativas."

Parece-me, na verdade, que foi o escritor do texto que não PESCOU o fio de meada. Quando a imprensa especializada em JOGOS fala sobre um VIDEOGAME, ela quer saber das capacidades do aparelho para rodar... JOGOS!!!! Ninguém entra na Eurogamer, ou lê a EDGE, ou a ROX, ou a Playstation magazine, para saber quais serão os lançamentos do mês no netflix, ou qual a previsão para os próximos jogos da NFL ou ainda quais as novas funcionalidades do skype.

A imprensa especializada em JOGOS e os seus LEITORES, querem saber da funcionalidade do console do ponto de vista dos JOGOS.

Como uma "central de entretenimento" - e exclusivamente com base na recente apresentação, nada impedindo que sobrevenham mudanças - o Xbox One é muito legal. Ele tem serviços e recursos que nem sequer se cogitou até o momento que o PS4 venha a ter. Mas nada disso interessa a pessoas que querem um VIDEOGAME para JOGOS, e menos ainda para a imprensa especializada.

Para quem quer uma "central de entretenimento" em casa, que, entre outras funções, rode jogos, a apresentação foi fantástica. Talvez até faça sentido comercial. Mas para quem quer, mais singela e humildemente, que o console sirva para rodar JOGOS, a apresentação foi MUITO frustrante. Mas enfim, há espaço para melhhores. Por enquanto o cenário está sujeito a chuvas e tempestades.
 

Sparcos

Casual
Maio 22, 2013
230
41
Talvez os problemas estejam em pequenos detalhes (e que fazem muiiiiita diferença) que o tornariam um Console perfeito:

1) Lance de conexão obrigatória a cada 24 horas.

Eu sei que para melhor experiência o certo é ter o console sempre conectado para atualizações, multiplayer etc. mas tirar o gosto de jogar um singleplayer simples caso o cara não possa conectar? decepcionante.

2) Taxa para poder rodar games usados.
Um absurdo.

E Discordo que o jornalista disse defendendo a Gold em relação a PSN, claro que a Gold tem qualidade muito superior apesar de ser pago, mas deveria agradar mais os consumidores com um bom catálogo e preços competitivos e parar com essa frescura de ter ofertas para alguns países e outros não. A Microsoft tá certa em arrecadar o maior lucro possivel, mas deveria se preocupar em tambem deixar seus consumidores satisfeitos, será tão difícil?
 
Janeiro 13, 2007
85
1
A impressão que me deu é que a MS está confiante pelo mercado que ela já tem consolidado, por conta do X360. Então, essa apresentação ela usou para mostrar exatamente as novas ou melhoradas funcionalidades que estão no X1.
Mas acho que falhou em não ter uma abordagem maior e mais clara para as pessoas, e imagino que a maioria, que somente querem ligar o console e jogar um game. Nada mais. Parece que para a MS estas pessoas já estão confiantes e já comprariam o X1 sem delongas e com um pensamento de "nem vamos perder tempo com isso, vamos falar de 'Sports' e 'Television'". kkk

Achei interessante em usar o console como central, usar ele para controlar a TV e Skype com bom desempenho, muito bacana mesmo. Eu vou usar estes recursos, mas como a maioria, meu maior foco será nos games. Skype já uso no PC e no SmartPhone, TV, nao me importa em pegar o controle remoto e apertar dois botões para escolher um canal. Agora para jogar, quero ligar e sair jogando.
Uma coisa que não gostei muito é essa historia de instalar o game no HDD. Daí ele vai ficar como o PS3? Vc chega em casa cansado, com um jogo novo na mão e bota no console, ansioso para jogar este novo game. E então se depara com vários minutos de instalação, para depois horas de Download de Update e então mais vários minutos da instalação destes updates....resultado...vc perde 2 ou 3 horas fazendo isso, desiste e vai dormir... Se for assim vai ser chato de mais.
 
Maio 8, 2012
106
0
Concordo em bastante coisa com esse artigo.
O evento da MS não foi muito revelador, isso é real, mas com certeza mostrou mais que um controle. Achei o evento mil vezes melhor que aquela "apresentação" da sony, e olha que nem faço console wars, por mim os dois são ótimos e se pudesse compraria os dois.
Mas acho que hoje todo mundo está muito imediatista, quer tudo pra ontem e fodásticamente foda. Vamos lembrar que o apressado come cru, ainda tem muito o que ser explorado nesse lançamento, e até a E3 e o lançamento de fato pode rolar muita coisa.
 

zedacapela

Guerreiro
Como eu disse no outro tópico, não adianta eu afirmar que vou comprar um PS4, pois, ninguém sabe o que a Sony vai aprensentar....

E se o PS4 também tiver que pagar para jogar usados - o que é bem provável, se as produtoras vão receber pelos usados no Xbox, por que não vão querer isso no Play???
E se o PS4 precisar de conexão - também muito possível, será uma nova forma de verificação contra a pirataria.

Acho que só quando tivermos informações suficientes poderemos afirmar tal coisa.

E acho que alguns pontos serão importantes para decidirmos qual comprar, mas, também acho que só ficará claro cerca de um ano após o lançamento de ambos.

- Jogos;
- Benefícios do serviço pago (LIVE/PLUS);
- Preço;
- Custo/benefício;
 

caddelin

Guerreiro
Fevereiro 3, 2007
1,750
758
Curitiba
Para quem está querendo o console exclusivamente como plataforma de jogos, o zedacapela está certo. No frigir dos ovos tudo se resume aos benefícios que cada serviço terá ao jogador, quais jogos estarão disponíveis, e o preço por tudo isso.
 

Maicrosofiti BR

Jogador
Novembro 9, 2006
750
239
A decepção minha não é com o Xone é com a MS. O problema não está no hardware e sim no modelo de negócio. Mais uma geração focada em serviços secundários restritos a realidade americana.
 

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