Seis longos anos se passaram desde o lançamento de Halo 5: Guardians, e um dos jogos mais esperados desse início de nova geração chega para provar algo ainda maior: o valor da 343 Industries dentro da própria hierarquia da Xbox Game Studio.
[REVIEW COM LEVES SPOILERS]
Com as expectativas nas alturas, Halo Infinite tem um início inacreditavelmente surpreendente. O game é apresentado com a primeira e única CG do jogo, produzida pelo já conhecido Studio BLUR (famoso pelas CGs da Master Chief Collection e Halo Wars). Master Chief é derrotado em uma batalha contra o chefe dos Banidos, a nova ameaça contra a humanidade.
Após ser encontrado vagando no espaço pelo “Piloto”, começamos de fato a jogar. E aí então que somos surpreendidos. As duas primeiras missões são incrivelmente desenhadas, com uma progressão e level design muito acima de tudo o que a 343 já entregou. É como se estivéssemos começando Halo Infinite pelos tradicionais cenas finais da primeira trilogia, quando o senso de urgência para fugir e escapar projetavam o jogo a um outro nível de gameplay. E sim, Infinite entrega isso e um pouco mais. É maravilhoso. É espetacular.
Ambientação, gráficos, inimigos, trilha sonora, efeitos sonoros. O primeiro contato é realmente 10/10. Se estamos vendo tudo isso agora, o que irá acontecer ao longo dessa longa jornada? Pois é. A própria 343 parece ter caído em uma armadilha…
Pousando em Zeta Halo: Infinite Evolved
Os primeiros passos em Zeta Halo, o novo mundo anel que abriga toda a história de Halo Infinite, instantaneamente ativa nossa memória afetiva com o primeiro jogo da série (Halo: Combat Evolved) lançado em 2001. A ambientação e visual estão sim muito bonitos e bem produzidos, e retratam com maestria o mundo artificial do gigantesco anel, cheio de sons e vida.
A sensação de grandeza é praticamente a mesma daquela que foi entregue em 2001, com a diferença de estarmos 20 anos mais velhos. Aquele sentimento de paz e tranquilidade que anda de mãos dadas com o inimigo é característica permanente em Halo Infinite. Sim. Você finalmente está livre para explorar qualquer canto que você enxergue no mapa. Quer escalar? Vai sem medo, você provavelmente vai consegue chegar no ponto mais alto que encontrar sem grandes dificuldades, afinal, você é um Spartan (obviamente com a ajuda do muito bem implementado lança-arpéu, o "gancho".
Dentro desse mundo aberto de Zeta Halo somos introduzidos as novas mecânicas do storytelling do jogo. Temos os objetivos principais, que conduzem a história, e diversos outros pequenos pontos no mapa, que entregam pequenos chefes, recompensas e audio logs com diálogos até reveladores sobre outros personagens conhecidos. A liberdade de fazer o que quiser e na ordem que quiser é presente, mas o mapa é liberado em porções assim que vamos completando e seguindo com o objetivo principal
Vale notar que toda a história é contado como numa espécie de plano-sequência (quando não ha mudança de câmeras), e isso dá um aspecto bem mais intimista. Não é 100% dessa forma, mas é majoritariamente assim, e funcionou muito bem.
Zeta Halo é sem sombra de dúvidas a evolução natural de Halo: Combat Evolved. E isso é facilmente um alívio e um enorme ponto positivo para a 343, que desenhou com maestria a releitura do icônico mundo em formato de anel. As batalhas (não menospreze um pequeno encontro, que estão muito bem balanceados e que podem te matar com facilidade se der bobeira), os veículos (voar com um Banshee ou Wasp nunca foi tão satisfatório) e a progressão são o ponto alto dessa parte da história.
Quando o 10/10 vira 9/10
É aí, você cansa. Passada a sensação de maravilha, você se vê preso em um extenso, tranquilo e perigoso mundo realizando missões e enfrentando desafiadoras hordas inimigas. Sempre na mesma paisagem, sempre com os mesmos inimigos. Sempre com os mesmo tudo. É aí que você percebe o primeiro grande defeito de Infinite. São exatamente duas mudanças de cenário durante todo o jogo: o exterior, o mundo aberto de Zeta (árvores, pedras, grama, montanhas e os gigantescos pinos metalizados da reconstrução do anel), e os interiores, nas belíssimas estruturas dos Forerunners. (Ok, vou considerar três, já que mais para o final do game somos apresentados a uma familiar e curiosa mecânica de batalha que tem um grande potencial futuro para o jogo).
O grande miolo do jogo falha em impressionar no aspecto visual. The Witcher 3 e Red Dead Redemption são dois grandes exemplos de como um cenário belíssimo pode servir como recompensa após um extensa hora de jogatina.
Outro fator largamente explorado como ponto negativo é o abuso de hologramas para contar a história. Sim, temos grandes revelações e momentos que poderiam ser absurdamente incríveis, mas que são resumidos a uma visualização de realidade aumentada dentro dos cenários já conhecidos. Poxa, poderiam até mesmo explorar a BLUR e rechear tudo com CGs cinematográficas (eu não me importo!), são de fato momentos que valeriam a pena causar um impacto. Talvez a decisão de seguir uma perspectiva intimista para o jogo tenha ido longe demais.
Quando o 9/10 vira 8/10
[SPOILERS A SEGUIR - Sobre a conexão Halo 5 e Halo Infinite]
Pelo amor de Deus, o que aconteceu com todo mundo depois de Halo 5: Guardians? Lasky, Blue Team, Osiris, Alpha 9, Palmer, Halsey, Spartan Locke, Árbitro? Nada… Existe apenas um único diálogo questionando Master Chief sobre um desses personagens, e obviamente ele mantem seu direito de ficar calado. Pessoalmente esse desrespeito com a história anterior beira o absurdo por parte da 343 (por mais que Halo 5 tenha uma história terrível na qual eles enterraram sem dó nem piedade. Aliás, obrigado por isso! Mas faltou um velório digno para isso), e particularmente para mim era o ingrediente que daria a Infinite o status de “melhor jogo da série”.
Aliás, é por isso que o título desse review é “um luxuoso spin-off-off para Master Chief”. Não existe a preocupação com o destino desses personagens, e Chief também parece não dar a mínima para isso (convenhamos, ele nunca deu). Sabemos apenas que eles estão vivos por conta de audio logs espelhados pelo jogo, mas apenas isso. Talvez porque Infinite seja realmente apenas uma side quest não assumida, e que Halo 6 ainda está para ser lançado (risos de nervoso).
Obviamente não sou inocente de achar que isso vai ficar assim. A proposta de Halo Infinite é manter o jogo vivo para além do que jogamos nessa campanha, então sim, eu ACREDITO que teremos essas respostas ao longo dos próximos anos.
Por outro lado, a história de Infinite em si, o storytelling, o envolvimento e a emoção que a 343 depositou nesse jogo me impresisonou. Os novos personagens tem um carisma absurdo, que te levam de fato a querer jogar mais e mais. Se você for sensível, podem rolar até lágrimas. Os chefões estão igualmente bem trabalhados e implementados dentro da história, com variedade e dificuldade dignas do nome. Inclusive, cuidado com a dificuldade escolhida, porque de fato ela pode se tornar um grande problema, já que os inimigos estão muito espertos e violentos.
O alívio
Podem respirar tranquilos, a 343 entregou um jogo digno do que ela se comprometeu a entregar. A clássica vibe Halo está de volta em sua melhor forma (com uma trilha sonora que mistura o velho e o novo de uma forma belíssima), e cria uma base inacreditavelmente boa para o que venham a construir por cima dela. Tudo o que está no jogo está absolutamente muito bem implementado, mas a ausência de outras características pesou na minha percepção final do jogo como um todo. De fato podemos encarar praticamente como um reboot da série, que se distancia completamente da vibe de Halo 4 e Halo 5. Halo Infinite é o pontapé inicial de uma nova era, que quando se expandir para além de Master Chief, facilmente irá se tornar épica novamente.
[REVIEW COM LEVES SPOILERS]
Com as expectativas nas alturas, Halo Infinite tem um início inacreditavelmente surpreendente. O game é apresentado com a primeira e única CG do jogo, produzida pelo já conhecido Studio BLUR (famoso pelas CGs da Master Chief Collection e Halo Wars). Master Chief é derrotado em uma batalha contra o chefe dos Banidos, a nova ameaça contra a humanidade.
Após ser encontrado vagando no espaço pelo “Piloto”, começamos de fato a jogar. E aí então que somos surpreendidos. As duas primeiras missões são incrivelmente desenhadas, com uma progressão e level design muito acima de tudo o que a 343 já entregou. É como se estivéssemos começando Halo Infinite pelos tradicionais cenas finais da primeira trilogia, quando o senso de urgência para fugir e escapar projetavam o jogo a um outro nível de gameplay. E sim, Infinite entrega isso e um pouco mais. É maravilhoso. É espetacular.
Ambientação, gráficos, inimigos, trilha sonora, efeitos sonoros. O primeiro contato é realmente 10/10. Se estamos vendo tudo isso agora, o que irá acontecer ao longo dessa longa jornada? Pois é. A própria 343 parece ter caído em uma armadilha…
Pousando em Zeta Halo: Infinite Evolved
Os primeiros passos em Zeta Halo, o novo mundo anel que abriga toda a história de Halo Infinite, instantaneamente ativa nossa memória afetiva com o primeiro jogo da série (Halo: Combat Evolved) lançado em 2001. A ambientação e visual estão sim muito bonitos e bem produzidos, e retratam com maestria o mundo artificial do gigantesco anel, cheio de sons e vida.
A sensação de grandeza é praticamente a mesma daquela que foi entregue em 2001, com a diferença de estarmos 20 anos mais velhos. Aquele sentimento de paz e tranquilidade que anda de mãos dadas com o inimigo é característica permanente em Halo Infinite. Sim. Você finalmente está livre para explorar qualquer canto que você enxergue no mapa. Quer escalar? Vai sem medo, você provavelmente vai consegue chegar no ponto mais alto que encontrar sem grandes dificuldades, afinal, você é um Spartan (obviamente com a ajuda do muito bem implementado lança-arpéu, o "gancho".
Dentro desse mundo aberto de Zeta Halo somos introduzidos as novas mecânicas do storytelling do jogo. Temos os objetivos principais, que conduzem a história, e diversos outros pequenos pontos no mapa, que entregam pequenos chefes, recompensas e audio logs com diálogos até reveladores sobre outros personagens conhecidos. A liberdade de fazer o que quiser e na ordem que quiser é presente, mas o mapa é liberado em porções assim que vamos completando e seguindo com o objetivo principal
Vale notar que toda a história é contado como numa espécie de plano-sequência (quando não ha mudança de câmeras), e isso dá um aspecto bem mais intimista. Não é 100% dessa forma, mas é majoritariamente assim, e funcionou muito bem.
Zeta Halo é sem sombra de dúvidas a evolução natural de Halo: Combat Evolved. E isso é facilmente um alívio e um enorme ponto positivo para a 343, que desenhou com maestria a releitura do icônico mundo em formato de anel. As batalhas (não menospreze um pequeno encontro, que estão muito bem balanceados e que podem te matar com facilidade se der bobeira), os veículos (voar com um Banshee ou Wasp nunca foi tão satisfatório) e a progressão são o ponto alto dessa parte da história.
Quando o 10/10 vira 9/10
É aí, você cansa. Passada a sensação de maravilha, você se vê preso em um extenso, tranquilo e perigoso mundo realizando missões e enfrentando desafiadoras hordas inimigas. Sempre na mesma paisagem, sempre com os mesmos inimigos. Sempre com os mesmo tudo. É aí que você percebe o primeiro grande defeito de Infinite. São exatamente duas mudanças de cenário durante todo o jogo: o exterior, o mundo aberto de Zeta (árvores, pedras, grama, montanhas e os gigantescos pinos metalizados da reconstrução do anel), e os interiores, nas belíssimas estruturas dos Forerunners. (Ok, vou considerar três, já que mais para o final do game somos apresentados a uma familiar e curiosa mecânica de batalha que tem um grande potencial futuro para o jogo).
O grande miolo do jogo falha em impressionar no aspecto visual. The Witcher 3 e Red Dead Redemption são dois grandes exemplos de como um cenário belíssimo pode servir como recompensa após um extensa hora de jogatina.
Outro fator largamente explorado como ponto negativo é o abuso de hologramas para contar a história. Sim, temos grandes revelações e momentos que poderiam ser absurdamente incríveis, mas que são resumidos a uma visualização de realidade aumentada dentro dos cenários já conhecidos. Poxa, poderiam até mesmo explorar a BLUR e rechear tudo com CGs cinematográficas (eu não me importo!), são de fato momentos que valeriam a pena causar um impacto. Talvez a decisão de seguir uma perspectiva intimista para o jogo tenha ido longe demais.
Quando o 9/10 vira 8/10
[SPOILERS A SEGUIR - Sobre a conexão Halo 5 e Halo Infinite]
Pelo amor de Deus, o que aconteceu com todo mundo depois de Halo 5: Guardians? Lasky, Blue Team, Osiris, Alpha 9, Palmer, Halsey, Spartan Locke, Árbitro? Nada… Existe apenas um único diálogo questionando Master Chief sobre um desses personagens, e obviamente ele mantem seu direito de ficar calado. Pessoalmente esse desrespeito com a história anterior beira o absurdo por parte da 343 (por mais que Halo 5 tenha uma história terrível na qual eles enterraram sem dó nem piedade. Aliás, obrigado por isso! Mas faltou um velório digno para isso), e particularmente para mim era o ingrediente que daria a Infinite o status de “melhor jogo da série”.
Aliás, é por isso que o título desse review é “um luxuoso spin-off-off para Master Chief”. Não existe a preocupação com o destino desses personagens, e Chief também parece não dar a mínima para isso (convenhamos, ele nunca deu). Sabemos apenas que eles estão vivos por conta de audio logs espelhados pelo jogo, mas apenas isso. Talvez porque Infinite seja realmente apenas uma side quest não assumida, e que Halo 6 ainda está para ser lançado (risos de nervoso).
Obviamente não sou inocente de achar que isso vai ficar assim. A proposta de Halo Infinite é manter o jogo vivo para além do que jogamos nessa campanha, então sim, eu ACREDITO que teremos essas respostas ao longo dos próximos anos.
Por outro lado, a história de Infinite em si, o storytelling, o envolvimento e a emoção que a 343 depositou nesse jogo me impresisonou. Os novos personagens tem um carisma absurdo, que te levam de fato a querer jogar mais e mais. Se você for sensível, podem rolar até lágrimas. Os chefões estão igualmente bem trabalhados e implementados dentro da história, com variedade e dificuldade dignas do nome. Inclusive, cuidado com a dificuldade escolhida, porque de fato ela pode se tornar um grande problema, já que os inimigos estão muito espertos e violentos.
O alívio
Podem respirar tranquilos, a 343 entregou um jogo digno do que ela se comprometeu a entregar. A clássica vibe Halo está de volta em sua melhor forma (com uma trilha sonora que mistura o velho e o novo de uma forma belíssima), e cria uma base inacreditavelmente boa para o que venham a construir por cima dela. Tudo o que está no jogo está absolutamente muito bem implementado, mas a ausência de outras características pesou na minha percepção final do jogo como um todo. De fato podemos encarar praticamente como um reboot da série, que se distancia completamente da vibe de Halo 4 e Halo 5. Halo Infinite é o pontapé inicial de uma nova era, que quando se expandir para além de Master Chief, facilmente irá se tornar épica novamente.