Estou vendo que o assunto da moda agora (TVs 3D) está repetindo os problemas da moda em 2005 (TVs HD). É uma falta de padronização do mercado associado à pouca ou nenhuma divulgação da verdade pelos fabricantes e somando ainda as experiências equivocadas de alguns consumidores.
Sou profissional de TV e digo pra vocês sem medo: nenhuma das tecnologias 3D atuais me agrada, muito menos funciona a contento. Tem as que menos incomodam. A velha mesma história do Plasma X LCD X LED ou 720P X 1080i. Podemos analizar tecnicamente todos os detalhes de todas as tecnologias, mas no final, o que vai determinar a compra são:
1- custo
2- custo
3- custo
4- gosto pessoal
5- preferência por marca
No meu caso, o custo de um par de óculos passivos e a vantagem da compatibilidade desses óculos com o cinema (a TV da LG usa o mesmo tipo de polarização circular das salas de cinema, pelo menos as que eu frequento) me fazem optar pela tecnologia passiva. Posso usar os meus óculos na sala de cinema sem medo de pegar uma conjuntivite!
Tecnicamente falando, todas as tecnologias concorrentes tem prós e contras. Vale observar a sua situação para escolher. Por exemplo, uma TV de LCD é boa na razão custo x benefício, mas se você for usar essa TV em uma sala muito iluminada pela luz do dia ela perde o benefício. Nesse caso seria melhor optar por Plasma ou LED, independente de características técnicas mais aprofundadas.
O mesmo com o 3D: TVs passivas tem uma melhor razão custo x benefício, mas quando falamos de resolução, temos um cenário muito desfavorável. A resolução do quadro HD é de 1920 linhas verticais contra 1080 linhas horizontais. Na TV passiva, por gerar os quadros simultaneamente, o painel exibe 960 linhas verticais contra 540 linhas horizontais para cada olho, ou seja, pouca coisa maior que o sinal SD NTSC (720x525). A grande sacada é que, por ter uma frequencia alta, o cérebro humano parece "somar" os dois quadros de cada olho e formar apenas um, em 3D, com resolução HD (por isso a TV tem certificação do VDE para HD 1080).
Para os mais puristas, TVs 3D ativas exibirão quadros HD 1080P para ambos os olhos e saber disso já será o fator determinante. No meu caso, como já falei, a hipocondria falou mais alto!
O que eu penso que seja o futuro:
1- TVs 3D sem óculos
Prioridade. O problema é que essa tecnologia é cara e não permite angulos de visão grandes. Praticamente você tem que olhar a TV em um ângulo de 90 graus. E nesse caso ainda tem o "pormenor" de não "saltar" nada da tela. Você ganha em profundidade (a sua TV parece ser uma janela aberta, com o "fundo" muito além da sua parede, vide Nintendo 3DS. Na verdade, tecnicamente esse "pormenor" acontece em todas as tecnologias, mas devido a algumas combinações na varredura da tela e sincronização dos óculos (ou polarização, no caso das passivas) tem-se a impressão de objetos saltando da tela. Essas combinações não ocorrem em tecnologias 3D sem óculos.
2- TVs 3D passivas com dois painéis de vídeo sobrepostos
Nesse caso, cada painel exibiria o vídeo de um olho com sua determindada polarização e em resolução HD 1080P. O problema desse caso é como resolver a sobreposição de imagens.
3- TVs 3D passivas com um painel de resolução dobrada (3840 x 2160)
Já para esse caso, o painel teria a resolução dobrada para exibir metade da resolução para cada olho. Problema a ser resolvido: como evitar a deterioração de vídeos HD 1080P 2D exibidos numa tela de resolução maior, afinal para caber na tela toda esse vídeo teria que ser "esticado" para a resolução do painel.
4- TVs 3D ativas usando sincronização por tecnologias de RF (radio frequencia)
TVs 3D ativas que sincronizam os óculos por infravermelhos são péssimas na minha opinião. Usar o bluetooth 4.0 ou o NFC seriam as soluções mais viáveis. O Bluetooth 2.1 usado pela Samsung já traz um bom ganho, mas eu ainda acho deficitário. Talvez a implementação do Bluetooth 4.0 (que traz uma largura de banda e taxas de transferência maiores) permita melhorar a sobreposição de imagens aumentando a frequencia com que os óculos trabalham. NFC pode ser uma opção, mas acho que essa tecnologia ainda tem que amadurecer bastante. Neste caso o custo é um fator praticamente impeditivo.
Curiosidade:
Em TV (falando das emissoras), para transmitir um evento em 3D, usamos uma técnica chamada "side by side", em que transmitimos o sinal 3D de cada olho separado, mas no mesmo canal. Para isso, o vídeo é dividido verticalmente, ou seja, tem uma resolução vertical da metade do valor normal (960 linhas verticais) mas mantemos a resolução horizontal (1080 linhas horizontais). Assim é possível manter a percepção HD 1080 e transmitir dois sinais no mesmo canal para formar o 3D na casa do telespectador.