Ainda não terminei o jogo, mas após horas e mais horas de jogo no final de semana (estou com 64% de progresso, se não me engano), já posso fazer mais algumas considerações.
Em primeiro lugar, uma boa e uma má notícia... A má notícia é pra quem não gosta da franquia Infamous: ele continua sendo Infamous, e não virou um Gears of War, God of War, Call of Duty, Uncharted, Skyrim ou qualquer outro jogo. A boa notícia vai para quem gosta da franquia: ele continua sendo Infamous, só que melhor.
O jogo continua padecendo de uma grande repetição nas missões, que até tem algumas novidades, mas não apresentam o mesmo grau de melhoria na variedade que o Infamous 2 teve em relação ao primeiro. É bem verdade que a maioria dessas missões que são repetidas à exaustão não fazem parte das missões principais da história, só estando lá mesmo pros complecionistas que querem troféus e pra quem gosta da jogabilidade e quer estendê-la por mais tempo. Mesmo se considerarmos que fazendo várias dessas missões opcionais se libera a viagem rápida entre regiões, podemos considerar essa como uma vantagem dispensável, pois há poderes que permitem um deslocamento incrivelmente rápido e prazeroso. Eu não cheguei a usar essa viagem rápida uma vez sequer, me deslocando apenas com os poderes mesmo. E pra evoluir os poderes, apenas as missões principais e algumas dessas atividades no jogo influenciam, e são geralmente bem rápidas. Acabo fazendo todas as missões opcionais simplesmente porque me divirto com elas, mesmo com a repetição (gostei muito do primeiro Assassin´s Creed, então dá pra perceber que a repetição não me incomoda tanto). Mas o jogo realmente poderia se beneficiar com uma maior variedade e criatividade nas missões, como GTA V conseguiu mostrar em comparação com os anteriores da série.
Eu poderia dizer que o parágrafo anterior resume, pra mim, os pontos negativos desse jogo. Como essa repetição não chega a me incomodar, pra mim está ótimo, mas entendo que possa desagradar a muita gente. Até mesmo em relação ao mini-jogo de grafitagem, que já critiquei num post anterior, acabou me agradando posteriormente. Continuo achando que não foi a melhor maneira de começar o jogo, e continuo achando-o dispensável (e é: a única vez em que é obrigatório é no início do jogo mesmo), mas não posso negar que acabo me divertindo muito com o humor nos desenhos. E, no final das contas, é sempre muito rápido: uns 30 segundos, aproximadamente. O interessante é que minha filha acaba assumindo o controle e participando do jogo em três tipos de missões: o da grafitagem, de achar câmeras escondidas e o de achar mensagens escondidas seguindo um sinal com o celular. O jogo acabou sendo divertido pra nós dois.
Quanto à história, já comentei aqui, mas reforço: está ótima! Bem melhor, mais séria, mas com bons toques de humor, excelentes personagens e interpretações e díálogos bem escritos. Continuo querendo muito ver o desenrolar dela. Os personagens, em sua maioria, são bem carismáticos. O Delsin é um personagem bem trabalhado, em que ao mesmo tempo tendo uma seriedade em seus objetivos (sejam para o bem ou para o mal), se porta também como um adolescente rebelde e até como uma criança, demonstrando ansiedade pelos próximos poderes como uma criança esperando por brinquedos novos. Mas conseguem harmonizar esses diferentes traços na personalidade dele de uma forma crível. Fiquei muito curioso pra ver quão diferente será a interação dele com o irmão jogando com as escolhas más.
Por falar em interpretações, já tinha feito um comentário positivo sobre a dublagem em português, mas tinha experimentado muito pouco. Por curiosidade, acabei voltando a essa dublagem, e posso dizer que está realmente excelente, e estou jogando com ela há várias horas. Vou deixar pra jogar em inglês só na minha 2ª vez pela campanha.
A jogabilidade está excelente, também. O controle Dual Shock 4 ajuda muito também, claro. Mas os poderes estão muito divertidos e criativos. A dificuldade está bem ajustada, também. Na dificuldade especialista, não é torturante: simplesmente exige um maior cuidado e estratégia, e ajuda muito saber fugir para recuperar as forças e energia para os poderes (ou mudar o poder em uso) e retornar à luta.
Os gráficos estão fantásticos, bem como o som. Não se enganem com vídeos do Youtube ou meras screenshots. Por melhores que sejam, não fazem realmente jus ao jogo rodando numa boa TV na sua frente, como o les comentou. Isso é, sim, nova geração! Esse jogo poderia perfeitamente ter sido lançado pra PS3, mas com gráficos bem piores, menos fluidez, menos atividade e interações dos NPCs na cidade,e com um controle pior. Seria, na estrutura, o mesmo jogo, mas prefiro jogá-lo no estado em que está, sem as limitações do hardware anterior. Não, esse jogo não tem aquele algo a mais além dos gráficos que definiria a nova geração, aquela novidade que muitos aqui cobram, mas nem parecem saber exatamente o que é, mas Infamous Second Son mostra que pertence realmente à nova geração por todo o seu conjunto. Esse jogo no PS3 poderia existir, mas, definitivamente, não seria a mesma experiência.
Mas, no final das contas, esse seria o jogo que justificaria a compra do PS4 (parece que muitos se fazem essa pergunta a cada novo grande lançamento)? Bem, a resposta mais sensata e honesta seria pessoal e complexa, mas se fosse pra dar uma resposta direta, eu diria que não. Pelo menos, não para a grande maioria das pessoas. Aliás, acho que dificilmente um jogo sozinho justificaria a compra de determinado console para a maioria das pessoas. Mas o Second Son pode fazer parte tranquilamente de um conjunto de jogos que justifiquem essa compra. Se o sujeito tem interesse também em The Order e/ou Uncharted, além de outros exclusivos que pertencem à Sony, e também os multiplataformas que sairão pro PS4, então o Infamous passa a ser mais um ponto positivo pra essa decisão. No meu caso, mesmo, eu poderia até dizer que o BF4 já justificou a compra do meu PS4, considerando as cerca de 150 horas em que me diverti nele e as muitas outras que ainda vou aproveitar, mas, na verdade, pesaram também na escolha os benefícios da Plus, os exclusivos da Sony e o fato de meus amigos mais próximos também estarem com essa preferência de plataforma.
Em resumo, se não gosta da franquia Infamous, nem pense no Second Son. Se gosta, provavelmente gostará desse também, então considere a idéia de jogá-lo um dia. Não precisa ter pressa, e nem precisa comprar um PS4 só por ele, mas se um dia tiver a oportunidade, dê uma chance ao jogo, e creio que não se arrependerá.