Apesar de discordar do Assassin no sentido geral de que exclusivos
Xbox não prestam, concordo que tem muito de frustração de ver a Microsoft não acompanhar a concorrência, e o pior é ver que não é coisa da cabeça, não é invenção de tendenciosidade, mas algo que encontra respaldo no mundo real.
Há algumas semanas, estávamos conversando sobre como God of War foi bem recebido e provavelmente estaria na lista de concorrentes ao GOTY, aí comentamos que ano passado já tinha tido Horizon e Persona, antes Uncharted, aí lembraram de Bloodborne em 2015, The Last of Us em 2013, fomos voltando, voltando, e a coisa ficou muito discrepante. Nos últimos 13 anos, desde o lançamento do
Xbox 360 em 2005,
13 jogos exclusivos PlayStation (2 de PS2, 7 de PS3 e 4 de PS4) entraram no shortlist de Jogo do Ano do Spike (um dos mais prestigiados prêmios e que acabou virando o The Game Awards atualmente); no mesmo período, apenas
6 jogos exclusivos de Xbox (6 de Xbox 360) tiveram o mesmo fim. De todos estes jogos, Okami acabou saindo para Wii um ano depois, PS3 mais tarde e hoje pode ser jogado no
Xbox One/PS4/Switch; Oblivion foi exclusivo temporário de 1 ano no
Xbox 360; Mass Effect foi exclusivo temporário e chegou ao PS3 em 2012; mas, em seus anos de lançamento, estavam disponíveis no console de apenas uma das empresas - e, por este mesmo motivo, PUBG não foi considerado ano passado, pois apesar de estar entre os cinco finalistas, a premiação ocorreu no dia 7 de dezembro, 5 dias antes do lançamento do jogo no
Xbox One, e acho que considerar um jogo que nem lançou pro console como sendo do console não tem fundamento. Excluindo todos os jogos third-party, ficando apenas com iniciativas internas, a coisa fica assim:
10 jogos first-party pra Sony e
4 jogos first-party pra Microsoft. E, indo além nos jogos first-party, a Sony chegou à lista final com
7 franquias diferentes, contra apenas
2 franquias da Microsoft.
Shortlist GOTY Spike/TGA
2005 -
God of War (94)
2006 -
Gears of War (94), Okami (93), The Elder Scrolls: Oblivion (93)
2007 -
Halo 3 (94), Mass Effect (91)
2008 -
Little Big Planet (95), Metal Gear Solid 4 (94),
Gears of War 2 (93)
2009 -
Uncharted 2 (96)
2010 -
God of War 3 (92),
Halo Reach (91)
2011 -
Uncharted 3 (92)
2012 -
Journey (92)
2013 -
The Last of Us (95)
2015 -
Bloodborne (92)
2016 -
Uncharted 4 (93)
2017 -
Horizon Zero Dawn (89), Persona 5 (93)
Olhando agora para o Metacritic, que alguns desdenham (porque não jogam notas mas andam com aquele 97 de Halo: Combat Evolved de 2001 embaixo do braço porque né, vai que o assunto seja colocado na roda de conversa), é visível que ambas as empresas conseguiam "chegar lá" (ficar com 90 ou mais) mais facilmente na geração passada do que nessa - logo, a "mídia sonysta" também é menos generosa com a Sony de 2013 pra frente. E dá pra ver que, embora as duas tenham tido quedas consideráveis, a da Microsoft foi bem mais significativa.
Metacritic 90+ das gerações Xbox 360/PS3/Xbox One/PS4 (excluindo remakes/remasters)
2006 -
Gears of War (94),
The Elder Scrolls IV: Oblivion*(93)
2007 -
Halo 3 (94), Mass Effect* (91), Forza Motorsport 2 (90)
2008 -
Little Big Planet (95), Metal Gear Solid 4 (94), Braid* (93), Gears of War 2 (92), Geometry Wars Retro Evolved 2 (90)
2009 -
Uncharted 2 (96), Forza Motorsport 3 (92), Killzone 2 (91), MLB 09: The Show (90)
2010 -
God of War 3 (92), Halo Reach (91),
MLB 10: The Show (91), Limbo* (90), Super Meat Boy* (90)
2011 -
Uncharted 3 (92), Forza Motorsport 4 (91), Gears of War 3 (91), Little Big Planet 2 (91), MLB 11: The Show (90)
2012 -
Journey (92), Trials Evolution (90), Mark of the Ninja (90)
2013 -
The Last of Us (95)
2015 -
Bloodborne (92)
2016 -
Uncharted 4 (93),
Forza Horizon 3 (91)
2017 -
Persona 5 (93), Undertale (92)
2018 - God of War (94)
Jogos com * = exclusivos temporários
Nas últimas duas gerações, a coisa é bem parelha:
17 jogos de Xbox ficaram com 90+ no Metacritic (5 deles temporários) contra
17 jogos de PlayStation. Empate, com ambas tendo muitos jogos batendo na tampa dos 88-89 e que poderiam tranquilamente estar neste grupo, como Ori and the Blind Forest e Horizon Zero Dawn. Comparando somente a geração 360, a coisa fica ainda melhor pra Microsoft:
16 jogos de Xbox contra 12 de PlayStation, ou seja, na geração passada, era a Microsoft que ficou na frente olhando o quadro geral
. Mas este dado nos revela outro menos favorável: nesta geração, de 2013 pra cá, em jogos 90+, a
Sony conseguiu emplacar 5 jogos contra
apenas 1 da Microsoft. Ou seja, a
Sony caiu de 12 para 5, mas a
Microsoft despencou de 16 pra 1.
Negar isso e jogar toda a culpa em uma mídia tendenciosa, nos jogadores alienados que não pensam por si, em uma conspiração mundial que favorece uma em detrimento da outra, é fechar os olhos para o problema. É ficar preso nos estágios 1 e 2 do luto (negação e raiva) em looping eterno, negando que o problema sequer existe e atacando qualquer um que ouse trazer o problema à tona, impedindo assim qualquer possibilidade de melhoria porque a autocrítica não existe.
Muito das críticas que vejo quanto ao estado atual dessa diferença entre Microsoft/Sony parte de pessoas que já gostaram muito de
Xbox ou ainda gostam, tiveram ou ainda têm alguma relação com a marca, talvez gostem até mais do que aqueles que se autoproclamam os defensores atuais da mesma, os "verdadeiros fãs" que estão em uma cruzada pra excluir e isolar qualquer pessoa que tente sugerir que a coisa não está tão boa e que pode melhorar.
E, talvez por tudo isso, pra essa parte da galera que teve ou ainda tem uma relação com a marca
Xbox, ver a coisa chegar nesse estado cause tanta dor, porque no fundo mesmo, o que mais querem é que a marca e o console voltem a ser o que já foram um dia: referência. E referência em todos os sentidos, hoje ainda mantém a liderança em qualidade de serviços online e a abertura/feedback está muito à frente das concorrentes, serviços de assinatura fazem a jogatina ser cada vez mais acessível e abrangente, só falta colocar a coisa de volta nos trilhos no sentido dos jogos exclusivos. E, como mostrei ali, a gente sabe que ela pode fazer, porque ela já fez muito anteriormente.