E acabou (pelo menos, essas sessões gigantes de apresentações de argumentos e afins).
Abaixo, está o resumo do resumo do resumo porque foi muita coisa, muito vai e vem em assuntos que foram abordados nos dias anteriores, a própria juíza tava dando uns cortes secos na galera de vez em quando.
Considerações finais
Após escutar dezenas de horas de depoimentos e ler milhares de documentos, FTC e Microsoft fizeram suas considerações finais e a juíza Corley também teceu alguns comentários e questionamentos.
- Acordos - O FTC argumenta que os acordos de 10 anos fechados pela Microsoft são complicados com uma grande variedade de provisões e que nem sempre serão benéficos para todas as empresas. A juíza lembrou que a Nvidia falou que o acordo é positivo para ela, pelas boas condições que conseguiu acordar com a Microsoft para utilizar o Windows como base dos servidores. A advogada da Microsoft, então, questionou como tentar bloquear uma negociação de $69 bilhões se o FTC não consegue nem estipular qual é o risco real, e o FTC respondeu que tanto Jim Ryan quando o CFO do Xbox (Tim Stuart) testemunharam sobre a possibilidade de fechamentos parciais. A juíza, então, interrompeu dizendo que “não é o prejuízo à Sony que nos preocupamos, é o prejuízo aos consumidores que importa”;
- Call of Duty - O FTC fortaleceu o peso de Call of Duty, “excepcionalmente valioso e único”, mas foi bastante questionado pela juíza sobre como eles chegaram ao resultado de que 20% do público de Call of Duty pode migrar para o Xbox caso o jogo se torne exclusivo. A juíza questionou “quais dados foram utilizados neste modelo? Porque a dra. Bailey mostrou evidências de que o número de usuários de COD no PlayStation que jogam muito é bem pequeno em relação a todos os usuários. E também não é o maior gerador de receita para o PS”. O FTC tentou sustentar a tese e a juíza foi enfática: “por que 20% comprariam um Xbox? O que COD tem que fariam eles abandonarem o console de preferência e comprar um Xbox?”. O FTC argumentou que eram estimativas baseadas tanto no longo prazo (LTV) como também na mudança de base instalada de acordo com dados da oitava geração, dados esses baseados em telemetria de como os jogadores de COD se comportam. Nisso, Corley perguntou “algumas pessoas jogam 5h por ano e algumas jogam 200h por ano. E você não vai me dizer que alguém que joga 5h vai comprar um Xbox porque é exclusivo”. Essa pergunta foi feita com base em dados da Bailey (que testemunou no lado econômico da Microsoft), que mostravam que algumas pessoas jogavam poucas vezes e nunca mais encostavam. O FTC cita ainda que COD é tão único que mesmo aquele que foi uma decepção para Kotick (Vanguard) ainda foi o jogo mais vendido do ano em que lançou;
- Concorrência - A teoria que o FTC defende é que a Microsoft pode tornar COD exclusivo, mesmo dizendo que não vai. Nisso, a juíza Corley pergunta sobre o jogo do “Thor”: “se Call of Duty lançasse no Game Pass, não colocaria pressão para a Sony colocar God of War na Plus, aumentando a competição?”. O FTC argumenta que, tendo proprierade da Activision, a Sony teria menos poder de negociação para COD. A Microsoft disse que Final Fantasy XVI está no PlayStation e nem todos os consumidores terão acesso a todos os conteúdos;
- Migração para o PC - O assunto enveredou para a possibilidade de, COD virando exclusivo, as pessoas passarem a jogar também em PCs, pois segundo a juíza, “depois da pandemia, todo mundo tem um PC razoavelmente bom”. Isso porque o modelo criado pelo FTC não considera que os jogadores fariam a migração PS5 > Xbox mas, segundo ela, alguns poderiam preferir jogar em PCs e qualquer efeito que a Microsoft viesse a fazer (exemplo: aumentar preços) não seria sentido já que a galera seguiria jogando em uma plataforma que já possui;
- Nuvem - A Microsoft argumentou que o futuro do mercado de jogos em nuvem é incerto e o FTC diz que é o próximo grande tchan junto com o mercado de assinaturas, atentando que, hoje, o de assinaturas está mais desenvolvido. Segundo o FTC, “vimos documentos da Microsoft e sua ênfase em nuvem e assinaturas. O Game Pass é estratégico para o negócio de jogos da Microsoft. Os efeitos da transação para turbinar o Game Pass, deixar Amazon e Google comendo poeira e construir conteúdo para o serviço é atrativo”. O FTC também citou esperar que a Nvidia consiga sobreviver em um mundo onde houver uma corrida por conteúdo, podendo acabar com 1-2-3 plyaers prncipais comprando quase tudo. O FTC questionou a Microsoft o motivo de não ter oferecido um acordo parecido para Amazon/Google, e a juíza disse que, pelo menos, tem o acordo com a Nvidia.
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A juíza terminou agradecendo a todos que participaram do processo, parabenizou o FTC reconhecendo os recursos limitados que possuem, e brincou que a galera cuide mais para esconder bem os dados sigilosos (muita coisa que não deveria ter passado foi divulgada para o público).
Mas o que acontece agora? Bom, a juíza disse que entende a necessidade de uma solução rápida e vai fazer o possível para ter uma decisão em breve. A Microsoft corre contra o tempo para conseguir fechar tudo até o dia 18 de julho, data limite do acordo atual entre Microsoft/Activision, mesmo que sem um ponto final de FTC e CMA: o FTC quer obrigar a Microsoft a esperar sua decisão (as audiências vão
começar em 2 de agosto) e o CMA enfrenta uma briga no CAT, pois a Microsoft pediu uma apelação do bloqueio no Reino Unido (com audiências inicias previstas para 24 de julho). Ou seja, é passar por cima mesmo e depois ver no que vai dar, pois a Microsoft disse que se tiver que esperar por essas decisões, é quase como fechar tudo e cada um voltar pro seu lado.