Bem legal essa entrevista do Mike Ybarra para o Los Angeles Times. Vou acabar postando o material abaixo no resumo mesmo, mas como já estava pronto, acho legal trazer pra cá também pra ficar dentro do assunto Microsoft + Activision.
Blizzard Entertainment has been singled out as a symbol of the male-dominated gaming community's worst impulses. Mike Ybarra aims to change that.
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Mike Ybarra é um conhecido da galera do
Xbox. A primeira aparição grande dele foi na E3 2015 apresentando a retrocompatibilidade e, depois disso, ele virou um dos profissionais mais admirados pela comunidade, justamente pela sua proximidade com o pessoal. Em 2019, depois de 20 anos de Microsoft, ele saiu da empresa e foi para a Blizzard, talvez na pior hora possível, já que pouco depois, o estúdio e a Activision como um todo entraram na mira de cortes e do escrutínio público com diversas acusações de assédio. Em 2021, ele acabou virando Presidente da Blizzard com o objetivo de não só voltar a colocar o estúdio na posição de destaque que já teve anteriormente (tanto que palavras como
inclusão, confiança e responsabilidade pessoal estão presentes em placas no
entorno da estátua de Warcraft que fica na entrada do estúdio) , como também para mudar a sua cultura interna.
Falando sobre as acusações, Ybarra diz que
“sem dúvidas isso impactou as pessoas. Mas, mais do que isso, também impactou a moral. […] Estamos comprometivos a mudar essa cultura”. Para um analista da Jefferies, o aceite de Ybarra pra virar presidente era como
“andar em direção ao fogo”, e a postura defensiva da Blizzard e da Activision por um tempo incomodou muito as pessoas, a ponto de processos legais graves estarem correndo até hoje. Mas Ybarra não tem medo disso. Ao ver um vídeo antigo de casos polêmicos, Ybarra diz que
“isso me lembra do quão importante é trabalhar a cultura que temos. Isso representa o que espero que consigamos crescer. Eu sei que vamos crescer além disso. Mas acho que isso nunca acaba. Não tem um “high five” de que atingimos nossos compromissos. Isso é algo que vai estar em nosso DNA para sempre”.
Ybarra falou também sobre a escolha de ir para a Blizzard, citando que foi mais do que sobre os cargos ou o dinheiro, mas sobre algo pessoal pra ele, que cresceu jogando os títulos da empresa e tem boas lembranças de tardes jogando World of Warcraft com amigos. Diz ele:
“Eu vi uma oportunidade onde a Blizzard precisaria de uma liderança diferente. A Blizzard precisava de mais transparência e foco em sua cultura. […] Como eu posso gerar impacto? Como os jogos e a Blizzard enquanto empresa podem gerar de impacto para os próximos 20 anos igual foi para mim? É por isso que estou aqui!”. Mas, claro, ele sabe que, independente de quais jogos o estúdio lance, o desafio é enorme. Primeiro, porque os jogos da Blizzard estavam e estão sendo muito criticados ultimamente. Segundo, porque o olhar do público está mais afiado do que nunca, esperando qualquer tropeço. Por isso, a mudança já está acontecendo:
“para liderar essa organização de maneira eficiente, eu perciso estar lá fora e entender todas as perpectivas. Eu conversei com as pessoas e mostrei que as escuto e entendo o seu feedback”.
Contratações recentes, como novas pessoas para as áreas de cultura e inclusão, estão alterando muita coisa, desde as práticas de contratação até abordagens dentro dos jogos, para que estes representem de forma mais abrangente os diferentes públicos que os jogam. Segundo Ybarra,
“existiu um tempo onde falar de ‘cultura’ era estranho pois, sinceramente, a Blizzard não falava o suficiente sobre isso. Nós falamos sobre isso em todas as reuniões agora. Em nosso planejamento, nós começamos com a cultura e aí vamos para os produtos”. Quando funcionários foram questionados se confiavam que Ybarra conseguiria liderar essa mudança de cultura, as respostas foram esperançosas mas, ao mesmo tempo, céticas - algo que tem menos a ver com o Ybarra e mais com a percepção de que os erros do passado não seriam tão fáceis de se consertar. Ybarra diz que
“isso é um problema sistêmico. E o problema de problemas sistêmicos é que você pode ter pessoas individualmente tentando fazer coisas boas mas elas estão em um sistema ruim. É preciso muito trabalho para causar uma disrupção em um sistema ruim, e muitas pessoas trabalhando juntas, e não é justo deixar nos ombros de uma pessoa apenas para corrigir”.