Se todo jogo lançado - para ser considerado um grande jogo - precisasse inovar com alguma mecânica REALMENTE nova, isso tornaria 99% dos jogos lançados o que? Porcaria? Derivativos? É simplesmente inviável todo e qualquer jogo reinventar a roda, todas as vezes.
Red Dead Redemption. Absolutamente nada de inovador nesse game em particular, fora a ambientação de velho oeste que, realmente, não é muito utilizada, mas em termos de gameplay, quem já jogou GTA 3 ou 4 sabe exatamente o que esperar, até marcar quests no mapa é do mesmo jeito. O que faz dele não apenas um grande jogo, mas um dos melhores jogos da geração passada, que figura inclusive na lista de inúmeros sites e publicações, é o conjunto da obra. Não, ele não criou nada realmente novo mas todas as ferramentas implementadas no game funcionam muito bem, e melhor que isso, funcionam muito bem juntas. Soma-se uma história forte, de extrema qualidade, quests interessantes e personagens que realmente te fazem se importar com o que acontece com eles....e pronto! Vários milhões em vendas, aclamado pela crítica e público, continuação já em produção pela Rockstar.
Mesma coisa com Last of Us. Nada de novo, mas tudo o que ele faz, faz muito bem, além de história e dubladores fenomenais, de um estúdio com pedigree.
Um grande jogo é reconhecido por ser um título que afeta um grande número de pessoas no público e na mídia, mas por melhor que ele seja, nunca será uma unanimidade, nunca haverá um game que absolutamente conquista TODO MUNDO. A mesma história que impacta uns de maneira tão forte e avassaladora é descartada como fraca e derivativa por outros; e não há nada de errado nisso, pessoas tem sexo, idade, religião, cultura, gostos e personalidades diferentes. O que é fantástico para você pode ser trivial para seu vizinho.
Last of Us é um grande jogo porque conseguiu afetar um imenso número de pessoas com sua história verdadeira e tocante. Centenas de prêmios, avaliações e reviews de sites, jornais, blogs, shows, feiras e um grande número desses com notas máximas. É um jogo sobre perda, sobre desespero, sobre recomeços e esperança, com personagens complexos e profundos que dificilmente aparecem em um jogo de VG. Quantos jogos investem REALMENTE em personagens complexos assim? Não muitos. Não é toda hora que aparece uma Clementine, um Geralt of Rivia, um John Marston, uma Elizabeth....precisa ser o jogo certo, com os escritores certos, com o estúdio certo, e Last of Us é um desses jogos. Você não precisa gostar dele, nem mesmo reconhecê-lo como um bom jogo, mas nada disso apaga o que ele conquistou e o que ele veio a significar para o amadurecimento da indústria como um todo. Ele é um testamento puro e simples que um jogo de VG pode ter sim a mesma capacidade dramática e impactante de um filme, ou um livro. De maneira alguma é um jogo perfeito, mas ele está muitíssimo longe de ser algo trivial, apenas mais um dentre os inúmeros lançamentos anuais.