Eu nunca vou entender esse apetite por autodestruição que as publishers possuem com seus próprios produtos. Eu entendo que são companhias com ações em bolsa e que devem garantir retorno financeiro aos seus acionistas, o que eu não entendo são os planos mirabolantes que eles tomam p/ tentar descolar uma grana maior agora, mesmo que isso afunde suas próprias franquias no futuro. Parece que é o Cebolinha que senta na mesa de diretores dessas empresas e fica criando "Planos Infalíveis" do outro lado
Survival Horror, sempre foi, e sempre será, um gênero de nicho, assim como filmes e seriados de horror. É o tipo de área que possui um séquito fiel mas pequeno quando comparados com gêneros de ação e aventura por exemplo. Um bom jogo de horror pode esperar vendas entre 1 e 3 milhões de unidades, mas ele deve permanecer fiel à "fórmula" - senso de isolamento, recursos escassos, situações alternantes de terror (psicológico, audiovisual, etc) e com níveis de intensidade diferente. Quando você pega Dead Space 3, coloca jogador co-op p/ jogar do seu lado, mais armas, fartura de munição e dezenas de momentos michael bay do início ao fim, aquilo não é mais um jogo de horror, é um jogo de ação com monstros. Toda vez que um publisher diz que vai "expandir o gameplay para atrair uma audiência maior" a única coisa que eles conseguem é diminuir o público que eles já possuem. Só reforça o clássico provérbio de "melhor um pássaro na mão do que dois voando". O jogo que busca ser tudo p/ todo mundo geralmente é o jogo que não agrada nada à ninguém. Não é à toa que quanto mais Dead Space foi se tornando um shooter militar como outro qualquer, e diminuindo seus elementos de horror, piores foram as vendas.
Dead Space 1: 3,80 milhões
Dead Space 2: 3,05 milhões
Dead Space 3: 1,70 milhões
Fonte: VGCHARTZ
Nem vou comentar a Konami com Silent Hill, o problema deles é basicamente qualidade e não uma subversão dos valores básicos que fazem parte do survival horror. Faz tempo que a franquia vem quebrada, cheia de bugs. Silent Hill sempre foi uma franquia menor quando comparada com Resident Evil por exemplo, mas vendia aí seus 1,5 milhões de cópias, mas a queda vertiginosa da qualidade da franquia fez com que Homecoming vendesse menos de 1 milhão, e Downpour, logo em seguida, quase não passou de 500 mil.
Dead Island é uma aberração. É um jogo de zumbis, mas de maneira alguma é um jogo de horror. O mais próximo de definição seria um jogo de tiro, com elementos de horror, além de progressão e customização típicos de um RPG de ação. Ele nunca foi concebido ou vendido como um survival horror, e talvez isso tenha sido um ponto positivo da franquia. Em Dead Space e RE, ambos foram concebidos e vendidos como jogos de horror e depois decidiram virar jogos de ação. Os produtores chama isso de "evolução da franquia" eu chamo isso de "desvirtuação da franquia". Dead Island vendeu 4,5 milhões, veremos como Dying Light se sairá.
A Capcom traça o mesmo caminho com Resident Evil que a EA fez com Dead Space, e vai ter o mesmo fim. Agora já se fala em reboot da franquia....mas o problema não é a estória, o problema é a mecânica, o gameplay. Se resetar a estória mas mantiver o aspecto military shooter dos últimos jogos, mais ação ao custo de horror e suspense, a franquia continuará à ruir e perder os antigos fãs. RE 5 ainda vendeu muito bem, mas eu me pergunto quantas dessas vendas não foram feitas por fãs da série que esperavam no 5 a mesma qualidade do fantástico RE 4, e que uma vez decepcionados com o novo rumo da franquia, demonstraram seu descontentamento nas vendas "baixas" de RE 6. Independente de RE 7 ser exclusivo do XB1 ou não, o mais importante é saber que rumo tomará a nova franquia: retornar às origens ou continuar sua marcha lenta à irrelevância...
RE 4: 7,5 milhões
RE 5: 8,3 milhões
RE 6: 4,8 milhões
RE Rev: 1,75 milhões
Fonte: VGCHARTZ
Eu dou graças aos jogos indies que muita gente dá pouco valor e desmerece. Não fossem jogos de estúdios menores como Amnesia e Outlast, o gênero survival horror - me perdoem o trocadilho - já estaria morto a muito tempo. E 2014 parece ser um ano melhor ainda, com Routine, The Forest, The Evil Within, Daylight, Deadout, Neverending Nightmares, Vanishing of Ethan Carter, Outlast: The Whistleblower, Alien Isolation e outros.