Eu venho percebido há algum tempo - e isso tem se tornado cada vez mais comum - um empenho, de uma parte da comunidade, de normatizar certas práticas anti-consumidor, certos discursos, a depender da empresa.
E isso não acontece só do lado da Sony,
acontece na Xbox também, mesmo que em menor proporção. Uma reprodução constante de discursos corporativos de executivos, de frases prontas e declarações na mídia, que matam o preciosíssimo senso crítico de consumidores como a gente, na ponta da linha. E quanto mais reproduzidos, mais eles fazem sentido.
Exemplo:
retrocompatibilidade. Quem é mais velho vai lembrar o CONSENSO que era existir retrocompatibilidade na internet em 2013, ali no começo da oitava geração. Pessoas lamentando profundamente a inexistência do recurso tanto na PS4 quanto na
Xbox One, eu não me lembro de ter lido o comentário de uma alma penada sequer dizendo que "retrocompatibilidade é pra jogar jogo velho, eu não ligo". Existia um consenso na comunidade de que deveria haver sim o recurso, e que era uma prática anti-consumidor nos forçar a readquirir os jogos através de rematers, que aliás foram duramente criticados no começo.
Pois bem, a Microsoft veio em 2015 e fez o impossível:
entregou a retro com o x360, mesmo que parcial. Você colocava o disco lá e pronto, funcionou. Ninguém esperava em isso em 2015, acredito que tenha sido uma surpresa até nos confins dos fóruns de rumores. Infelizmente o que eu
pessoalmente vi na mídia foi uma recepção bem menos calorosa, dado a decepção generalizada que aconteceu em 2013 por conta da ausência do recurso. Talvez o problema foi o timing? A galera já não esperava e, quando apareceu, já tinha esfriado? Talvez.
Eu até acreditaria nisso se não tivesse surgido nos últimos tempos uma narrativa ANTI-retrocompatibilidade, com direito a lógica própria e tudo mais, sem precisar se esconder atrás do "não ligo". Segundo alguns, recursos e dinheiro não devem ser despedidos para rodar jogos antigos, somente para novos jogos. Acha absurdo? Pois a própria
Sony veio a público em 2017, dois anos após o recurso ter saído na caixa, desdenhar, na melhor birra infantil "se eu não tenho, não é bom", a retrocompatibilidade. Desde então essa ideia, surgida de uma declaração corporativa de pura birra, uma base que desdenha o recurso surgiu, totalmente antagônico ao que havia em 2013.
E exemplos como esse não faltam. E vão surgir mais. Pra absolutamente toda medida anti-consumidor existe uma historinha bem contada por executivos que a justifique. Cabe a nós entendermos se faz sentido ou não.