Isso é bem comum, e não é só nos videogames, não... Serviços como a Netflix trouxeram essa ansiedade, fruto de uma super exposição a muito conteúdo disponível com um clique.
No caso dos filmes, antigamente você alugava (entreguei a idade?) dois ou três filmes e sentia na "obrigação moral" de consumi-los. Existia uma força implícita, até inconsciente e involuntária, que te levava a fazer sua grana valer a pena. Lógico, se o conteúdo era ruim, você não terminava, mas era compelido a pelo menos testar e consumir uma parte.
Com os jogos, é a mesma coisa:
produtos que você despende uma grana maior, você tende a dar mais valor e se forçar a consumir. E a possibilidade de você gostar ou não de um jogo às vezes
não é definido ali, no início,
mas mais para o meio dele. Perdi as contas de quantos jogos foi assim pra mim... E bem, o
Game Pass não te dá esse empurrão de se esforçar um pouco até gostar, porque sempre te provoca com diversos outros jogos ali, prontinhos pra tirar sua atenção.
A solução pra tudo isso? Bem, é difícil. Mas fazer uma lista de jogos potenciais que você vai zerar/platinar/miletar ajuda a te guiar. Sim, infelizmente hoje precisamos organizar o nosso lazer, pois as possibilidades são infinitas, e aquela aba de "Grupo" da
Xbox ajuda bastante nisso. Eu gosto pelo menos de deixar uns 4 ou 5 games na cabeça, em que eu sempre vou testando e avançando aos poucos, ao passo que 1 ou 2 eu jogo com mais frequência.
Outro ponto que eu gostaria de ver na indústria mais pra frente:
controles e mecânicas mais intuitivas nos jogos, menos poluição visual, menos estruturas extremamente complexas e embaralhadas (pelo menos no início do game). Tem jogos que você inicia e a quase não dá pra ver a gameplay, o mundo, seu personagem, de tanta info e poluição de informação, e
isso é um belo de um motivo pra você abandonar jogos prematuramente, games que provavelmente você até passaria a gostar depois de um tempo. Joguei Shadow Of The Colossus esses dias e videogame pra mim precisa ser mais daquilo: lindo, do começo ao fim, com sacadas complexas, ao passo que também é muito simples e intuitivo. Em contrapartida, tenho mais de 100h de The Division 2, jogada em umas três plataformas diferentes, e até hoje tem coisas que eu não sei como funciona.
Esse tipo de coisa pra mim precisa acabar.
Finalizando, uma coisa que eu gostaria de comentar e tem relação com tudo isso é essa coisa de que o
"Game Pass matou a indústria da crítica".
Não, não matou. Eu pelo menos continuo consumindo crítica em serviços de assinatura como a Netflix ou Amazon, e
muitas vezes ela se torna fundamental para eu assistir o conteúdo ou não. E nem é somente pelo fato da escassez de tempo pra testar tudo e selecionar o que eu gostei, que também é verdade. Mas porque muitos conteúdos (principalmente séries) exigem um esforço inicial grande do telespectador para ser introduzido àquele mundo, e somente depois de um tempo você passa a adorar a coisa. Perdi as contas de quantos jogos/séries eu achei "méh" os primeiros capítulos, mas continuei firme até que ela de fato deslanchasse, e hoje muitas são minhas favoritas. E como saber se uma série pode deslanchar ou não? Simples, verifique quem já assistiu e você tem como referência. Pode ser a soma dos veículos tradicionais, um veículo em específico ou até mesmo um amigo.
Mesmo com a Game Pass, precisamos de referências para nos guiar nesse mar de entretenimento.