Follow the money.
A Sony identificou que dois tipos de jogos conseguiram bastante aderência com o público nos últimos 10 anos:
- Jogos de ação com forte aspecto narrativo, nível alto de produção mesmo especialmente na parte de construção de cenas/personagens, centralizado nos últimos trabalhos de Naughty Dog e Santa Monica (Uncharted, The Last of Us, God of War);
- Jogos de ação em um mundo aberto, nada diferente do que boa parte da indústria tem feito, com destaque para os últimos jogos de Guerrilla, Insomniac e Sucker Punch (Horizon, Spider-Man, Infamous, Ghost of Tsushima).
Se a galera não compra os jogos que tu citou (e tirando alguns como Bloodborne/7,5M ou Ratchet 2016/7M, a maioria não compra, dá pra colocar Dreams no mesmo grupo), vão arriscar cada vez menos e apostar mais nesses dois estilos de jogos para as suas grandes produções. E esses jogos menores e mais experimentais/estranhos, que era algo que a Sony meio que sempre fez bem até o PS3, foi se perdendo da metade do PS4 em diante.
Acho que o termo "filminho" teve uma deturpada legal nos últimos 10 anos, deixando de referenciar jogos que são, basicamente, filmes interativos, para jogos que possuem um nível de empenho acima da média para contar uma história.
Se antes, jogos assim englobavam As Dusk Falls, Detroit, Heavy Rain, Life is Strange, The Quarry, The Walking Dead, The Wolf Among Us ou Until Dawn, que possuem um forte aspecto narrativo e as mecânicas existem apenas para dar suporte à história, hoje vejo bastante gente colocando alguns títulos que possuem paralelo com muitos outros jogos da indústria no mesmo saco - da Sony, especialmente.
Pra God of War, um jogo de ação em mundo semi-aberto, ser um filminho, Gears 5 e Star Wars Jedi: Survivor e tantos outros deveriam ser também, pois são títulos com um investimento pesado na parte técnica/visual no geral, especialmente nas capturas para a construção dos segmentos de história/cutscenes, mas que ainda possuem bastante foco para a jogabilidade. Days Gone, Ghost of Tsushima, Horizon ou Spider-Man acho até mais exagerados por serem, acima de tudo, jogos de ação em um mundo aberto, um pouco mais contidos do que um Assassin's Creed ou Far Cry da vida - mas Halo Infinite também é isso, um jogo de ação em um mundo aberto menos abarrotado de itens.
Pra quem só frequenta espaços de
Xbox ou que a única referência a "fãs da Sony" vem de flame/console war, pode soar como uma surpresa, mas é um sentimento que já dá pra perceber tem uns três, quatro anos pelo menos. Apesar de serem poucos jogos no âmbito geral das coisas (o template que a galera comenta não gera dois jogos por ano, na média - pouquíssimo para um jogador hardcore), acaba sim criando uma sensação de que esse é o foco da empresa - e, com o tempo, vai enjoando e limitando o que se pode esperar. O próprio Ratchet & Clank, que em seus primórdios era um jogo de ação mas com muitos elementos de plataforma 3D, foi se direcionando para algo mais "cinematográfico" nos dois últimos jogos, basicamente um Uncharted para o público mais jovem.