Entrevista legal com o Peter Moore (que já passou por Sega of America,
Xbox, EA e Liverpool) sobre as mudanças no mercado de videogames. Alguns pontos:
- Moore cita como videogames hoje enfrentam a competição brutal não só de outros jogos, mas outras formas de consumo de conteúdo na internet - afinal, nossas horas são limitadas e uma pessoa assistindo a vídeos de um criador de conteúdo no TikTok é menos um cliente em potencial;
- Justificar o hardware em consoles sempre foi difícil pelo custo gigantesco envolvido, sempre se ancorando na venda de software/serviços para fazer dinheiro. Ele lembra que discussões sobre "essa é a última geração de consoles?" acontecem sempre, especialmente porque empresas projetam diversos cenários diferentes, mas agora a tecnologia está evoluindo a um ponto de tornar isso possível;
- Moore enxerga a Sony como uma empresa de hardware que fará um PS6, mas não enxerga a Microsoft no mesmo campo com tanta certeza, dizendo que ela adoraria ver tudo migrando para a nuvem. Afinal, quando a próxima geração chegar (e vai chegar, pois a Microsoft confirmou um novo hardware nesse evento do tópico), será preciso absorver bilhões e bilhões em perdas para construir uma base de usuários na nova plataforma. Logo, discussões sobre a necessidade de novos hardwares serão cada vez mais constantes;
- Da mesma forma, Moore enxerga como cada vez mais difícil as empresas (Microsoft, Nintendo e Sony) criarem produtos que consigam fazer algo que os seus sucessores não fazem. Lógico que um PS6, Xbox Series X2 ou Super Switch seriam melhores tecnicamente, mas as empresas também devem estar atentas a possibilidades de estender o ciclo de vida de seus hardwares;
- Moore relembrou de uma dinâmica que fizeram no início do ciclo do 360, onde, por dois dias, ele se colocou no papel de Ken Kutaraki (presidente da SCEI na época) e precisava pensar em como a Sony reagiria ao Xbox 360, traçando dezenas de cenários, dos mais possíveis aos mais ridículos e disruptivos, dizendo que é preciso cogitar as possibilidades mais remotas;
- Para ele, conversas sobre levar mais jogos a outras plataformas seguem acontecendo. Se um Halo da vida gera $250 milhões na sua própria plataforma mas conseguiria gerar $1 bilhão lançando em mais lugares, como medir o peso na balança? Afinal, é maior do que só um jogo e representa a identidade da marca - ao mesmo tempo que, ficando atrelado apenas a essa marca, limita seu potencial crescimento;
- Pra finalizar, ele diz que qualquer repercussão negativa de consumidores hardcore de Xbox caso a empresa siga lançando mais jogos third em concorrentes é: essa reação é o suficiente para não mudarmos fundamentalmente a forma como atuamos e até o próprio mercado? Porque esse público (hardcore) está ficando cada vez menor e mais velho e é preciso começar a atender as novas gerações que irão começar a jogar e que irão sustentar a indústria nos próximos 10 a 20 anos.
