Divinity OS2 saiu do Early Access no último dia 14 e já conseguiu ficar vários dias no topo da lista de jogos mais vendidos do Steam. Atualmente está com uma avaliação positiva no Steam de 93% enquanto o Metacritic ainda não saiu porque vários sites ainda estão avaliando o jogo.
E o sucesso inicial é muito merecido. Comprei no lançamento e joguei umas 10 horas de um dos melhores RPGs party based que já tive o prazer de apreciar.
A Larian, produtora do jogo, definitivamente entrou para os grandes estúdios do mundo dos RPGs. Divinity OS2 fica tranquilamente ao lado de clássicos como Baldur´s Gate, Fallout e Dragon Age Origins. Na verdade, o jogo além de ser uma evolução desse gênero que fez muito sucesso no passado, também apresenta uma pá de inovações que o põe à frente dos mais recentes como Pillars of Eternity, Wasteland 2, Planescape Tides of Numenera e o próprio primeiro Divinity Original Sin.
Algumas das inovações (são muitas): co-op online para até 4 jogadores; tela dividida para até 4 jogadores em co-op local; ambos co-ops que permitem sair e entrar nas partidas a qualquer momento; sistema de combate por turnos que oferece estratégia complexa e de alto nível ao estilo XCOM; 6 protagonistas para se escolher com cada um tendo seu enredo próprio e objetivos diferentes; os outros 5 que você não escolhe podem ser encontrados no jogo e levados como companions; trouxe de volta o modo Game Master de jogos tradicionais como Neverwinter Nights com a vantagem de poder baixar campanhas novas criadas pela comunidade pelo Steam Workshop; suporte total e perfeito para controle ou teclado e mouse entre outros.
Dá pra pensar que o jogo foi simplificado pra comportar um co-op pra 4 jogadores, mas não foi. D: OS2 é um RPG bastante complexo e que vai exigir um certo tempo até que você entenda o funcionamento de todos os sistemas do jogo. O tutorial é através de caixas de texto explicando mecânicas conforme você joga. É bastante útil mesmo pra quem já está acostumado com esse tipo de jogo e pode ser desligado ou ligado a qualquer momento.
Talvez o aspecto mais complexo e um dos melhores e mais divertidos do jogo seja o combate. Pra quem já conhece o primeiro D:OS, sabe o que esperar do uso constante de magias e habilidades que utilizam elementos como água, fogo, gelo, eletricidade... para potencializar os ataques e fazer combinações, mas agora o mapa do jogo e posicionamento dos seus personagens observando o relevo ficou mais importante.
A IA está bem desafiadora e vai ser comum você morrer bastante, mesmo no nível normal, porque fez um movimento errado ou deixou de observar o melhor posicionamento. O que se pode dizer em linhas gerais é que o combate em D:OS2 é um sandbox. Qualquer NPC do jogo pode ser morto e isso vai trazer consequências que você vai ter que encarar se não quiser recarregar um save. Já vi situações onde uma resposta errada ou atravessada me levou a um combate com um NPC e toda sua gangue, pra quem eu tinha acabado de completar uma quest. Até os companions podem ser mortos ou podem tentar matar você, caso você deixe-os irritados com suas decisões.
E nada de chegar em um ponto onde um gatilho de narrativa coloca você e sua equipe no meio de uma armadilha cercado por todos os lados. Aqui você pode fazer a armadilha e atrair os inimigos para ela. Até mesmo fazer com que NPCs inimigos se tornem aliados pra ajudar na hora da batalha é possível. A impressão de liberdade que o jogo dá é absurda.
Falando das classes, elas são outra parte muito bem bolada do jogo. Nenhuma raça está presa a uma classe e você pode misturar classes como bem entender, desde que gaste os pontos nos skills necessários. O mundo do jogo reage de forma diferente pra cada raça que você escolher e só por isso já é um motivo pra ter um fator replay bem grande. É possível escolher entre humanos, lagartos, anões, elfos e mortos-vivos. Esses últimos, por exemplo, pelo aspecto monstruoso, obrigam você a usar máscaras e magia pra ser mais aceitável aos NPCs do jogo que podem te atacar ou se recusar a falar com você.
A jogabilidade está excelente e é possível jogar tranquilamente com gamepad ou teclado e mouse e a interface muda conforme sua opção. O jogo é tão completo que oferece até o mapeamento para controle Dualshock 4 com direito a glifos do controle aparecendo na tela.
Graficamente é o mais belo RPG party based já feito. Considerando que todo o mundo é 3d e você pode girar e aproximar a câmera livremente, não tem nem muito como comparar com jogos como os já citados anteriormente que geralmente são isométricos com câmera fixa.
Em relação ao primeiro Divinity OS, esse 2 é tranquilamente superior em todos os aspectos e isso já diz muito, considerando que o primeiro era um jogo excelente. A diferença mais notável depois dos aspectos técnicos é que a Larian deu um tom mais sério e dark a esse Divinity. Ainda tem humor, mas em doses mais moderadas.
O enredo também recebeu um grande peso em função dos 6 protagonistas cada uma com suas histórias, linhas de diálogos e quests próprias. Estou totalmente fisgado pela história da minha personagem que é uma barda com problemas de possessão demoníaca. Às vezes, perco o controle sobre ela e acabo atacando NPCs aliados por conta disso, mas tudo faz parte da história pessoal dela. Também é possível criar um personagem do zero, totalmente personalizado.
Concluindo, ainda não tenho como dar um parecer final, mas já não tenho dúvidas que Divinity: Original Sin 2 é a evolução do sub-gênero RPG de estratégia, uma evolução que não víamos desde Dragon Age Origins. Candidato fortíssimo ao GOTY desse ano no PC e seria no geral não estivesse sendo o ano dominado pela Nintendo.
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