O Brasil sempre foi um país alheio à indústria de games, isso não é novidade. Os jogadores mais velhos aqui, aqueles da geração PS1/N64, sabem o quão difícil e caro videogame era manter um console aqui no Brasil de forma totalmente legal. Quando digo "legal", claro que estou me referindo à pirataria. Se não fosse a pirataria, provavelmente essa seria a primeira geração de videogame como um produto de massas, dado que a febre do PS2 provavelmente não teria acontecido.
Preço do PS3 importado em seu lançamento
Não só no que diz respeito ao preço dos consoles aqui no Brasil, mas o suporte das consolistas e publishers começou a existir a partir do final da geração passada. Xbox 360 foi o primeiro console a ser produzido nacionalmente e Halo 3 (2007) foi um dos primeiros games a sair totalmente dublado para o país, mesmo com a pirataria sendo praticamente a regra e não a exceção no que se diz respeito ao 360. Alguns games como GTA San Andreas também eram conhecidos por serem "em português", mas não se enganem: a legenda era feita por fãs e não pela Rockstar, ou seja, era um produto modificado.
Das grandes franquias, podemos selecionar algumas versões que tiveram as primeiras legendas/dublagens para nosso idioma:
Nessa pequena "leva", podemos perceber que as grandes publishers (EA,Activision, Rockstar, Ubisoft) começaram verdadeiramente a legendar/dublar seus jogos no Brasil ali pro final da sétima geração de consoles. Ou seja, essa é de fato a primeira geração que está experimentando na íntegra um suporte quase que consensual no Brasil, começando pelo simbólico Xbox One de 2013 que foi produzido nacionalmente desde o lançamento, chegando por um preço bem competitivo e despertando a nossa esperança do "AGORA VAI!!".
Mas a coisa foi mudando. Passamos (e ainda estamos passando) por uma das maiores crises da história do nosso país. Desemprego, câmbio desfavorável, fuga de capital, etc... Principalmente no que se diz respeito ao câmbio, o mercado de videogames sofreu muito e isso levou a uma elevação dos preços-padrão de games aqui no Brasil por parte de algumas produtoras: de R$199 para R$250. Para efeito de comparação, vamos lembrar que Sony e Microsoft venderam The Last of Us e Halo 4 respectivamente por R$149 no lançamento, mostrando o quanto regredimos nesta matéria.
Não somente nos games, mas os consoles também sofreram. Xbox One e PS4 em 2013 receberam lançamentos nacionais, e mesmo o PS4 com um preço que virou "meme" na época, havia ali o lançamento e suporte nacional. Em 2016, não houve lançamento do PS4 Pro nacional e, em 2017, o Xbox One X foi lançado por R$4000, 2x maior que o Xbox One em 2013. Tudo isso foi péssimo, mas talvez a baixa mais simbólica desse período foi a Nintendo ter anunciado que encerraria suas operações aqui no Brasil.
Enfim, passamos por muita coisa. E aqui estamos, em 2018, ainda sofrendo da indecisão política e levando "porradas" aqui e ali, algumas com recepção furiosa e outras menos percebidas. Essa semana estava lendo que "Battlefield V não terá dublagem em português", mesmo Battlefield 4 (2013) e Battlefield 1 (2016) recebendo o recurso. Ano passado a Bethesda tomou a decisão de encerrar a distribuição de games em mídia física para Xbox no Brasil, sendo que as versões de PS4 também não estão distantes da medida já que Wolfstein II e The Evil Within 2 já estavam sendo vendidos por R$60 1 mês após o lançamento devido à baixa procura. Assuntos como "Jogo Justo" foram completamente esquecidos devido às urgências de déficit e reformas. O sonho da "indústria de produção de games nacional" fica cada vez mais distante, mesmo com um recente incentivo do BNDES para produção, parece que estamos fadados à projetos independentes e joguinhos de plataforma, o que nos envergonha contra países minúsculos como a Polônia, berço da CD Projekt Red. O nosso "Zeebo", um fracasso sem precedentes, também eliminou qualquer esperança de console nacional.
Parece que aquele "AGORA VAI!" de 2013 virou uma interrogação. Então a questão que eu deixo é: quando é que os videogames serão realmente um grande mercado aqui no Brasil? Nunca seremos por aspectos culturais ou estamos apenas numa crise? Aproveito a oportunidade também para lembrar que esse é um ano de eleições, então muito cuidado com os candidatos que oferecem "soluções mágicas" ou "políticas mirabolantes", que canalizam a angústia da população em espantalhos nacionais e que promovem a instabilidade, principalmente no campo econômico. Os impostos ainda são um problema grave, mas com um governo deficitário no orçamento dificilmente veremos mudanças nesse quesito já que videogame é um bem "supérfluo", então nos resta lutar por um câmbio agradável.
Nós temos totais condições ter um câmbio saudável, tanto para quem quer exportar quanto para quem quer importar p/ consumir. Em 2019, dependendo do novo presidente, há previsões de que o dólar pode chegar até R$5~6, o que inviabilizaria quase que completamente o nosso hobby e tornaria os videogames o que eram 10~15 anos atrás: produto de luxo do qual boa parte da população não tem acesso. Então escolham com sabedoria para que o Brasil continue a avançar neste mercado que hoje já é o maior meio de entretenimento global.
Preço do PS3 importado em seu lançamento
Não só no que diz respeito ao preço dos consoles aqui no Brasil, mas o suporte das consolistas e publishers começou a existir a partir do final da geração passada. Xbox 360 foi o primeiro console a ser produzido nacionalmente e Halo 3 (2007) foi um dos primeiros games a sair totalmente dublado para o país, mesmo com a pirataria sendo praticamente a regra e não a exceção no que se diz respeito ao 360. Alguns games como GTA San Andreas também eram conhecidos por serem "em português", mas não se enganem: a legenda era feita por fãs e não pela Rockstar, ou seja, era um produto modificado.
Das grandes franquias, podemos selecionar algumas versões que tiveram as primeiras legendas/dublagens para nosso idioma:
- Battlefield: o primeiro Battlefield a receber o idioma brasileiro foi o Battlefield 4, de 2013. Não só foi o primeiro a receber as legendas como o primeiro a receber uma dublagem nacional
- Call of Duty: Black Ops 2, de 2012, foi o precursor da mais icônica franquia de FPS a receber legendas e dublagem em português.
- GTA: GTA 5, de 2013, foi o primeiro a receber legendas
- Assassins Creed: o primeiro a ser localizado em PT-BR foi o Assassins Creed Revelations (2011)
- Far Cry: Far Cry 3 (2012) foi o primeiro game a receber legendas.
- Need for Speed: o primeiro a receber legendas foi o NFS Rivals, em 2013
- Fifa: Fifa 2013 foi o primeiro game a receber não somente as legendas, mas a narração de Tiago Leifert
- Resident Evil: Resident Evil 6 foi a primeira edição da franquia a receber legendas em PT-BR
Nessa pequena "leva", podemos perceber que as grandes publishers (EA,Activision, Rockstar, Ubisoft) começaram verdadeiramente a legendar/dublar seus jogos no Brasil ali pro final da sétima geração de consoles. Ou seja, essa é de fato a primeira geração que está experimentando na íntegra um suporte quase que consensual no Brasil, começando pelo simbólico Xbox One de 2013 que foi produzido nacionalmente desde o lançamento, chegando por um preço bem competitivo e despertando a nossa esperança do "AGORA VAI!!".
Mas a coisa foi mudando. Passamos (e ainda estamos passando) por uma das maiores crises da história do nosso país. Desemprego, câmbio desfavorável, fuga de capital, etc... Principalmente no que se diz respeito ao câmbio, o mercado de videogames sofreu muito e isso levou a uma elevação dos preços-padrão de games aqui no Brasil por parte de algumas produtoras: de R$199 para R$250. Para efeito de comparação, vamos lembrar que Sony e Microsoft venderam The Last of Us e Halo 4 respectivamente por R$149 no lançamento, mostrando o quanto regredimos nesta matéria.
Não somente nos games, mas os consoles também sofreram. Xbox One e PS4 em 2013 receberam lançamentos nacionais, e mesmo o PS4 com um preço que virou "meme" na época, havia ali o lançamento e suporte nacional. Em 2016, não houve lançamento do PS4 Pro nacional e, em 2017, o Xbox One X foi lançado por R$4000, 2x maior que o Xbox One em 2013. Tudo isso foi péssimo, mas talvez a baixa mais simbólica desse período foi a Nintendo ter anunciado que encerraria suas operações aqui no Brasil.
Enfim, passamos por muita coisa. E aqui estamos, em 2018, ainda sofrendo da indecisão política e levando "porradas" aqui e ali, algumas com recepção furiosa e outras menos percebidas. Essa semana estava lendo que "Battlefield V não terá dublagem em português", mesmo Battlefield 4 (2013) e Battlefield 1 (2016) recebendo o recurso. Ano passado a Bethesda tomou a decisão de encerrar a distribuição de games em mídia física para Xbox no Brasil, sendo que as versões de PS4 também não estão distantes da medida já que Wolfstein II e The Evil Within 2 já estavam sendo vendidos por R$60 1 mês após o lançamento devido à baixa procura. Assuntos como "Jogo Justo" foram completamente esquecidos devido às urgências de déficit e reformas. O sonho da "indústria de produção de games nacional" fica cada vez mais distante, mesmo com um recente incentivo do BNDES para produção, parece que estamos fadados à projetos independentes e joguinhos de plataforma, o que nos envergonha contra países minúsculos como a Polônia, berço da CD Projekt Red. O nosso "Zeebo", um fracasso sem precedentes, também eliminou qualquer esperança de console nacional.
Parece que aquele "AGORA VAI!" de 2013 virou uma interrogação. Então a questão que eu deixo é: quando é que os videogames serão realmente um grande mercado aqui no Brasil? Nunca seremos por aspectos culturais ou estamos apenas numa crise? Aproveito a oportunidade também para lembrar que esse é um ano de eleições, então muito cuidado com os candidatos que oferecem "soluções mágicas" ou "políticas mirabolantes", que canalizam a angústia da população em espantalhos nacionais e que promovem a instabilidade, principalmente no campo econômico. Os impostos ainda são um problema grave, mas com um governo deficitário no orçamento dificilmente veremos mudanças nesse quesito já que videogame é um bem "supérfluo", então nos resta lutar por um câmbio agradável.
Nós temos totais condições ter um câmbio saudável, tanto para quem quer exportar quanto para quem quer importar p/ consumir. Em 2019, dependendo do novo presidente, há previsões de que o dólar pode chegar até R$5~6, o que inviabilizaria quase que completamente o nosso hobby e tornaria os videogames o que eram 10~15 anos atrás: produto de luxo do qual boa parte da população não tem acesso. Então escolham com sabedoria para que o Brasil continue a avançar neste mercado que hoje já é o maior meio de entretenimento global.
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