Minha opinião sobre os rumos de Halo:
Como eu sempre fui jogador de playstation até setembro de 2009 (quando comprei meu 360), eu nunca tinha jogado um Halo, mesmo que eu soubesse que ele era o maior exclusivo da marca
Xbox. Mesmo durante os anos em que eu comprava jogo pirata, nunca me interessei por Halo. Quando eu percebi que já não valia a pena ter o console destravado, eu atualizei meu X360 e o tornei travado novamente e assim, pude me conectar na Live. A primeira coisa que eu baixei foi a demo de Halo Reach, e foi esse meu primeiro contato com um jogo da série Halo.
Mesmo gostando da demo, não senti vontade de comprar qualquer jogo dessa série, ainda mais quando Halo 4 foi lançado. Simplesmente eu não via nada ali que me interessasse.
Pois bem, em 2014 eu comecei a trabalhar profissionalmente desenhando quadrinhos, e eu tive a oportunidade de desenhar a série em quadrinhos de Halo publicada pela Dark Horse. Mesmo que Halo não cheirasse nem fedesse pra mim, obviamente eu fiquei animado em poder desenhar algo que era largamente conhecido. Nessa época eu estava indeciso entre um PS4 e um One, os ridículos R$4000,00 estavam me deixando mais distante de um PS4, quando que na E3 de 2014, Halo MCC foi anunciado. Pra mim aquela era a oportunidade perfeita pra finalmente conhecer essa franquia e no mesmo mês, comprei meu One e prontamente fiz a pré-compra da coletânea.
A razão pela qual me interessei não foi apenas pela diversão ou curiosidade, mas foi pra me ajudar a entender aquilo que eu desenhava, porque embora a Microsoft me fornecesse referencias, ainda sim uma coisa ou outra ficava por minha conta, então poder jogar e poder visualizar a estética dos cenários me ajudou muito. Foi como juntar o útil ao agradável.
Adorei Halo Combat Evolved, jogo espetacular, campanha com uma excelente duração, estória concisa mas que ainda sim deixa uma ponta para o próximo jogo, jogabilidade precisa e etc... um jogo realmente excelente. Halo 2 pra mim foi melhor ainda, o remake que fizeram ficou espetacular. Foi uma ótima experiência pra mim.
Por outro lado, no meu contexto, Halo 3 já não pareceu ser tão bom assim. Digo no meu contexto porque eu não fiz parte do frenezi causado pelo Halo 3 em 2007, um jogo com mais de 7 anos de idade que não recebeu nenhuma melhoria visual além de uma leve remasterização. Comparado à minha experiência com Halo 2, inevitavelmente Halo 3 me pareceu ser um jogo chato... e assim o foi, tanto é que ainda nem terminei hehe. Deixo uma ressalva aqui porque eu sei que muitos consideram este como o melhor da trilogia, e como eu ainda não terminei, provavelmente que minha opinião mudará. Foram 2 anos respirando Halo, porque eu trabalhava desenhando Halo, e descansava jogando Halo. Obviamente eu comecei a entrar na expectativa pelo quinto jogo.
Avaliando toda aquela experiência, eu não me incomodava com as alterações que a 343 estava fazendo, exceto é claro pelo compreensível, porém dispensável redesign dos Elites e Jackals. Eu sempre tive a impressão de que as criticas à 343 sempre estavam acompanhadas por uma memória afetiva, por um vínculo que havia sido criado entre os jogadores e a Bungie, mesmo que um pessoal remanescente da Bungie tivesse permanecido, formando a 343, tal qual o diretor da franquia: Frank O'connor.
Como o trabalho não me deixava com muito tempo pra jogar, não pude terminar a campanha de Halo 3 e muito menos iniciar Halo 4. Porém, mesmo sem ter jogado Halo 4, eu sei o que acontece no jogo e devo dizer que gostei da direção que a 343 tomou. Achei interessante a ideia de trazer a tona os Forerunners, porque dá um respiro na já desgastada guerra entre covenant e humanidade, e abre possibilidades pra futuros jogos.
Eis então que a campanha de marketing de Halo 5 começa. Todo aquele ar de conspiração, de Chief ser um traidor, de Chief ser caçado por Locke e etc. parecia muito, mas muito interessante mesmo. Os caras foram geniais no marketing.
Porém, o que eu não gosto na forma como essa franquia funciona tanto em conteúdo quanto em marketing, é que Halo é multimídia. Você tem jogo, tem livro, tem HQ, tem série de TV...
É complicado compreender tudo somente jogando, é preciso consumir outros produtos para tal. Claro que isso é completamente normal, porém, ainda que videogame seja a mídia principal, ela não te dá pelo menos um um briefing de eventos importantes ocorridos nessas outras mídias.
Vou dar o exemplo da HQ. Eu conheço muito bem a história de origem da Tanaka somente porque eu tive a oportunidade de desenhar as 3 edições que compõe o arco dela. Porém, eu não sei nada sobre Vale, porque ela não é mencionada nas HQs e sua história de origem foi contada num livro. Eu sei que Halo 5 não tem um briefing que resume essas histórias, não tem um briefing com uma biografia resumida dessas personagens. Apenas uma menção ou outra durante os diálogos, mas nada com profundidade.
Seguindo com as HQs, eu comecei a ficar preocupado enquanto consumidor, porque eu via ali uma confusão da 343 na própria forma de contar estórias, porque em certos pontos parecia que a HQ pertencia à um universo separado. Eu também desenhei as últimas 3 edições da série em quadrinhos, 3 últimas edições de um arco com um total de 6, que contavam a história do Absolut Record, mencionado na série Spartan Ops. Quem assistiu, sabe que o Absolut Record, a priori, é algo bastante importante para o universo de Halo, especialmente para uma certa personagem cientista, aquela que tem um braço faltando... Pois é, quem jogou Halo 5 sabe que o Absolut Record em nenhum momento é mencionado, é como se os eventos da HQ nunca tivessem ocorrido, é como se a cronologia da HQ fosse outra, diferente da cronologia do jogo.
Outra coisa foi o timing. A última edição de Halo Escalation foi lançada um mês após Halo 5, ou seja, o planejamento foi horrível. Porque além de evidenciar ainda mais nenhuma relação entre HQ e jogo, o próprio jogo deu spoiler do que aconteceria com os personagens da HQ, como a relação conturbada entre Halsey e Palmer, e como Jul M'dama, este último teve até um papel importante nas HQs, mas teve um desfecho completamente sem valor no jogo.
Então juntando certos acontecimentos da HQ, com os eventos de Halo 5, ficou evidente pra mim que Halo é aquela franquia eterna, que já sofre de um desgaste natural, e que a 343 parece meio perdida em relação a estória. Pegando a HQ e dois personagens específicos, fica claro que a estória de Halo será cíclica. Veremos de novo uma nova guerra ente covenants fanáticos religiosos e humanos. Teremos outro jogo com Chief em busca da Cortana. E assim a carruagem segue em frente... tornando Halo cada vez mais repetitivo.