olha, para quem quiser ler as palavras do Sr Moacyr, tá aqui a carta aberta, por que esse vídeo do youtube, o cara que narra é chato pacas.
Declaração de Moacyr Alves Jr
Eu, Moacyr Alves Jr., após analisar as informações devidamente – e apaixonadamente – apresentadas a mim pelo público gamer, me encontro convencido de que realmente estava enganado em minha posição sobre a distribuição digital. De fato, eu não estava ciente de certas informações, e não havia pensado em todas as consequências de minha proposta.
Para complicar, me expressei mal durante o programa Checkpoint, e continuei fazendo o mesmo nas entrevistas. Por exemplo, ao invés de dizer “me expressei mal”, disse: “fui mal compreendido”. Outro exemplo é quando usei o termo “a primeira coisa que vou fazer”, no mesmo programa, quando na verdade não tenho poder de fazer nada. Foi uma frase incorreta e incosequente.
Tudo aconteceu – e está acontecendo – muito rápido.
O que ocorreu de fato foi que, a partir do momento que a discussão se iniciou, comecei a reavaliar certas “certezas” que eu tinha sobre o que era melhor para o país. Apesar de nunca ser contra a Steam, eu achava que regulamentar o que citei como “uma farra às nossas custas” (em entrevista à revista Arkade), seria bom para todos, pois haveria geração de emprego pela distribuição digital e ainda ajudaria lojistas. Grande engano.
Hoje, após muita discussão, acredito que realmente a proposta que eu tinha em mente não condiz com os fatos, ou mesmo com os anseios reais dos gamers. De fato não devemos impor regras adicionais, e sim proteger integralmente as liberdades e condições mercadológicas já existentes na distribuição digital. Isto significa: não sobretaxar algo que já é devidamente taxado com o IOF, nem impor restrições às liberdades que os brasileiros já tem nos serviços para download.
A notícia de que o governo está querendo regulamentar downloads de games me foi apresentada informalmente a alguns meses atrás, então não tenho sequer confirmação de que realmente ocorrerá. Porém, caso o governo insista na idéia, nós teremos que impedir que o mesmo desastre ocorrido nos games de caixinha, também ocorra com games para download.
Aí entra o gamer brasileiro. Isto não pode ser feito só “pelo Moacyr”. Para este fim, recorrerei invariavelmente ao povo:
– Uma consulta pública será realizada, primeiramente através de um debate amplo com os gamers, pela web. Depois, faremos uma série de debates com pessoas chave do público gamer, para uma visão mais específica. Regulamentar ou não? Caso a regulamentação seja inevitável, como impedir a incidência de novos impostos, etc.
– Alguns questionários serão disponibilizados aos gamers.
– As afiliadas da Acigames serão consultadas para sugestões.
Em seguida, cada ponto da proposta será individualmente e publicamente lançado para votação pelos gamers (notem que será uma votação pública, sem participação de empresas ou representantes governamentais). Apenas e tão somente os pontos aprovados pelo povo serão apresentados ao governo.
Minha primeira missão no governo então muda consideravelmente. Antes, minha intenção era: levar o que eu achava certo para a mesa de discussões. Agora se torna: levar a proposta popular para lá. Eu me acostumei a estar sempre tão “alinhado” com o público gamer, com o jogo justo, luta da lei anti-games, etc, que me esqueci que não sou o “dono da verdade”, as vezes erro feio, como qualquer pessoa. Por isto não quero mais levar propostas só minhas.
Se o governo lançar um projeto de lei que não coincida com o que o povo decidiu, lutaremos contra o mesmo, com a força da democracia e liberdade de expressão!
Hoje minha opinião é a seguinte (não é uma “lei”, é só minha opinião): o IOF, imposto obrigatório para compras feitas no exterior, já é taxação mais do que suficiente para produtos importados distribuídos digitalmente, não só games, mas qualquer produto. E ainda mais: acredito que o IOF deveria ser sensivelmente reduzido para produtos culturais como jogos, e-books, etc.
Porém, a opinião acima não será enviada ao governo. Será primeiro submetida a votação popular. O gamer decidirá seu próprio futuro.
Para finalizar, gostaria de lembrar que minha função (não remunerada) no governo é aconselhar, tirar dúvidas, e não “decidir” ou “criar leis”. Eu também não pedi o cargo, recebi um convite por carta e aceitei.
Algumas pessoas me questionaram sobre como separo os papéis que desempenho, como presidente da Acigames e como conselheiro de games do governo. Bem, quando estou pensando no BRGames (concurso de games para desenvolvedoras brasileiras), devo agir mais como presidente da Acigames. Quando estou aconselhando sobre uma proposta de regulação do digital, sou mais “gamer”, a Acigames não tem participação nesta decisão. Não há como eu dizer que sou apenas gamer ou apenas da associação, as duas coisas devem se conciliar.
Fico triste com a repercussão: minha declaração foi levada a níveis de “projeto de lei”, quando a coisa toda ainda estava apenas em minha cabeça. Mas entendo que foi uma confusão que eu mesmo, Moacyr Alves Jr., criei. Espero que no final das contas, o público veja que estou disposto a conversar e mudar de opinião, quando estiver errado. Teremos assim muito mais acertos do que erros.
Obrigado
Moacyr Alves Jr