Ori and the Blind Forest: o fim da nostalgia

Agosto 26, 2014
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Rio de Janeiro
Durante os primeiros anos da indústria dos videogames, enxergávamos seus produtos como puro entretenimento. Imaginá-los como expressão artística foi algo conquistado após anos de experimentação e amadurecimento da indústria. Mesmo hoje, comparar um jogo com uma obra de arte é algo raro.

Os diversos gêneros de games criados durante mais de 3 décadas sempre tinham algo em comum: nasciam, cresciam e se desenvolviam.
Foi assim com todos os gêneros: luta, esportes, corrida, quebra-cabeça, RPG's, enfim.
Um desses gêneros, talvez um dos mais destacados, é o de plataforma.
Games como Mario, Sonic, Castlevania, Megaman, dentre outros, são bons exemplos de um gênero que tornou-se referência nas décadas de 80 e 90.

No início da década de 90 foram surgindo os jogos em 3D, que eram a evolução natural das tecnologias desenvolvidas nos videogames. Pouco a pouco, gêneros e franquias começaram a se utilizar dos novos recursos. Os jogos em 3D tornaram-se uma tendência.

Muitos gêneros beneficiaram-se dessa evolução. Os jogos de esporte, os RPG's, os jogos de corrida, os jogos de luta, pouco a pouco tornaram-se melhores e mais realistas. Mesmo franquias consagradas em 2D conseguiram fazer a transição para o 3D com sucesso. Mario e Castlevania talvez sejam os melhores exemplos. Novos jogos também surgiram, pensados como games em 3D desde sua concepção, e evoluíram naturalmente.

Mas essa corrida por games em 3D teve um preço. Os games em 2D, especialmente os de plataforma, gênero que rendeu grandes jogos e memoráveis experiências, foram aos poucos ficando em desuso. As tentativas de revitalizá-lo, no início da geração PlayStation/Saturn/Nintendo 64 foram inócuas, visto que, como dito, o foco da indústria e dos jogadores era de novas e mais imersivas experiências em 3D.

Com isso, games em 2D tornaram-se cada vez mais raros. Novas ferramentas para o desenvolvimento de jogos em 2D ainda maiores, mais bonitos e com mecânicas inovadoras já existiam, mas não encontravam espaço no mercado. Sonic e Megaman, que eram excelentes games em plataforma 2D, foram obrigados a se enquadrar na nova realidade do mercado. E não foram bem sucedidos.
Jogos como Megaman 8 e Castlevania Symphony of the Night, só pra citar alguns, que apresentavam uma evolução das ferramentas disponíveis para desenvolvimento de jogos 2D, foram pontos fora da curva dentro de um mercado notadamente voltado para as tecnologias 3D.
Pode-se dizer que a evolução dos games em 2D foi abortada pelo mercado.

Hoje, o desenvolvimento de novas tecnologias segue seu curso natural.

Com demandas crescentes por gráficos fotorrealistas e mecânicas ainda mais avançadas, os games em 3D, agora padrão da indústria, tornaram-se mais caros e complexos de serem desenvolvidos. A evolução do gênero alcançou um limite.

Ao mesmo tempo, uma nova geração de desenvolvedores, com poucos recursos e ideias inovadoras, foram preenchendo essa lacuna de criatividade do mercado. Limbo, Super Meat Boy, entre outros, começavam a ganhar espaço entre as superproduções da indústria. E, pasmem, eram quase sempre jogos em 2D. Mas, apesar dos chamados "indie games" terem ganhado relevância, tudo ainda parecia incipiente. Jogos indie, especialmente os de plataforma 2D, ainda eram vistos como nada além do que games com visual retrô para um nicho de mercado. Games em 2D que pudessem ser apreciados pela grande maioria dos jogadores ainda parecia algo distante. Distante tipo uns 20 anos atrás.

Parecia.

Jogos precisam de uma bela história, uma boa dose de desafio e um entretenimento envolvente. Não raro, vemos apenas um ou dois desses aspectos sendo preenchidos pela maioria dos games atuais. Quando um game reúne esses três fatores, e em níveis de excelência, pode-se dizer que estamos diante de algo raro. Uma obra prima.

Ori and the Blind Forest é esse game.

Ori representa o fim da nostalgia. O fim de jogos em 2D apenas para jogadores casuais, sem ambição de alcançar o mainstream do mercado.

Agora os jogos 2D chegaram novamente ao mercado de massa, e com uma obra que representa o melhor que um jogo de plataforma 2D tem a oferecer com a tecnologia disponível atualmente.

A evolução do gênero de plataforma 2D finalmente chegou. Com um atraso de mais de uma década, mas chegou.
Que novos jogos se beneficiem desse momento para dar mais opções a um mercado tão saturado de escolhas óbvias. A indústria e a comunidade gamer precisavam dessa oxigenação.
 
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Ash84

Guerreiro
Agosto 26, 2014
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Bacana, ótimo texto.
O ponto que não aceito muito bem sobre isso, é o gráfico 8 bits pixelado. Nisso seu texto acertou em cheio, não só o Ori, mas mas Chariot e Guacamelee entre outros mudaram alguns conceitos e têm um capricho visual fantástico, e isso se mostra o maior atrativo pra MIM, pois a jogabilidade ainda é complicado de inovar.
Eu tive um Sega Saturn que na época mesmo sendo tecnicamente inferior ao PS1, se mostrava mto melhor em jogos 2D e desde Astal, Megaman x4, Guardian Heroes(acho q era isso) sinto falta desse capricho. Não sendo injusto com Rayman que persistiu, mas não me agrada tanto quanto os citados por pequenos detalhes.
 

psicojg

Novato
Abril 11, 2014
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Brasil, Brasília - DF
muito bom o texto, torço mesmo para termos mais games assim, belos visualmente, história cativante, boa dificuldade e excelente jogabilidade.
Ori and The Blind Florest merece muito as notas q tem recebido e até mais, espero mesmo q o mercado de a devida atenção.
Detalhe q mal comecei a jogar o game e já estou pensando na falta q ele vai me fazer ao zerar o game.
 

bsteinmacher

SUSPENSO D:
Março 11, 2014
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.
muito bom o texto, torço mesmo para termos mais games assim, belos visualmente, história cativante, boa dificuldade e excelente jogabilidade.
Ori and The Blind Florest merece muito as notas q tem recebido e até mais, espero mesmo q o mercado de a devida atenção.
Detalhe q mal comecei a jogar o game e já estou pensando na falta q ele vai me fazer ao zerar o game.
A conquista de zerar sem usar pontos de habilidade pode dar um fator replay legal pra você não ficar orfão de Ori.
Já a conquista de zerar sem morrer pode te deixar sem cabelos D:
 
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Jotabe

Jogador
Fevereiro 18, 2008
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Indaiatuba-SP
Eu gosto de jogos 2D, mas jogos lançados hoje em dia tem que ter gráficos bonitos, não é porque é 2D que vou querer gráficos de NES.
Um jogo 2D que joguei recentemente e curti foi esse.
New+Super+Mario+Bros+U+email.jpg

Outro que está na fila para eu jogar é esse:
Donkey_Kong_Country_Tropical_Freeze_-_Arte_da_Capa_-_Am%C3%A9rica_do_Norte.jpg

Quanto o Ori eu quero jogar, como a fila de jogos está grande, vou esperar cair o preço ou até mesmo quem sabe não dão ele na Live, como aconteceu com o Max, outro game que curti bastante.
max-curse-of-brotherhood-xbox-one.jpg
 

ronabs

opa
Moderador
Novembro 8, 2010
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Rio Grande do Sul
Na real, a geração passada teve vários bons jogos de plataforma 2D que não apelaram ao estilo 8bits e criaram a sua própria (e bela) arte e ambientação, entre eles: Braid, Limbo, Mark of the Ninja, Shadow Complex, Outland (conheço pouca gente que jogou, mas é muito bom e bonito, é da Ubisoft), Mr./Mrs. Splosion Man, Trine, Puppeteer (a temática de teatro ficou perfeita), Closure, Guacamelee, Valiant Hearts. (EDIT: esqueci Little Big Planet mas tá na lista também.)
Todos jogos com direção artística praticamente impecável, trilha sonora idem e jogabilidade simples e intuitiva.

Nesta geração, pro Xbox One, já tem o Max: The Curse of Brotherhood, agora o Ori.
(Foi mal não citar jogos da Nintendo, como não tive Wii nem tenho WiiU, não sei muito o que rola por lá, além de Mario e Donkey Kong.)

O que falta mesmo é receber a devida atenção da galera, o que passa por:
- boa promoção por parte da Microsoft/Nintendo/Sony.
- boa divulgação por parte das distribuidoras.

Existe um público grande que curte o estilo e que pode (e deve) ser explorado.
Em tempo, parabéns pelo texto, @The Psychologist BR.
 
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Agosto 26, 2014
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Rio de Janeiro
Eu gosto de jogos 2D, mas jogos lançados hoje em dia tem que ter gráficos bonitos, não é porque é 2D que vou querer gráficos de NES.

Concordo plenamente.
Vejo games como Super Time Force e Shovel Knight, por exemplo, e fico meio incomodado com a opção por gráficos pixelados.
Claro, eles não deixam de ser ótimos games por isso. Respeito a direção de arte e entendo que existe um nicho de mercado que curte esses jogos, mas gostaria de ver mais games como Guacamelle e Child of Light sendo produzidos.
Na minha opinião, um jogo como Megaman 9/10, onde a franquia já experimentou uma evolução, preferir gráficos de 5 gerações atrás é um tremendo retrocesso.
Ainda bem que o Keiji Inafune saiu da Capcom e tá produzindo o Mighty Nº9. Esse, por sinal, é um dos games que tenho bastante expectativa.
 
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Agosto 26, 2014
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muito bom o texto, torço mesmo para termos mais games assim, belos visualmente, história cativante, boa dificuldade e excelente jogabilidade.

Tem razão, @psicojg. A jogabilidade também é determinante na qualidade de um jogo.
O primeiro Street Fighter, por exemplo, tinha controles terríveis. Ajustes na jogabilidade, além de mecânicas inovadoras e belos gráficos, o fizeram o clássico que é.
Considero a jogabilidade um item já bastante desenvolvido nos games atuais. Dificilmente observamos games com controles ruins hoje em dia.
Claro, existem as aberrações como Alien Isolation, mas atualmente isso é pouco comum.
 
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Janeiro 6, 2013
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Rio de Janeiro - NI
Quanto o Ori eu quero jogar, como a fila de jogos está grande, vou esperar cair o preço ou até mesmo quem sabe não dão ele na Live, como aconteceu com o Max, outro game que curti bastante.
max-curse-of-brotherhood-xbox-one.jpg
[/QUOTE]

Acho que o valor cobrado pelo jogo é tão baixo que na minha opinião vc poderia comprar, se não para jogar agora pq como vc disse está com muitos jogos, mais pelo menos para apoiar o estúdio pela obra de arte que é o jogo. Uma curiosidade já que vc gostou tanto do "Max" é que o "Ori" é feito na mesma engine do "Max" que é a "Unity" e tbm tem a colaboração de alguns ex funcionários da Prees Play,Blizzard entre outros talentos da indústria. Foi dai que saiu o nome Moon Studios pela forma deles trabalharem com seus funcionários em qualquer lugar do planeta sem precisar de um escritório fixo em algum lugar. Agora em 2011 a Moon Studios se tornou uma Firts Party da MS e esperamos que mais jogos como Ori em breve.
 
Agosto 26, 2014
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Rio de Janeiro
Impressionante como pelos comentários em vários locais nos mostra o quanto tem espaço e público para jogos BEM elaborados em 2D.
Vide Rayman e Ori agora!!!!!

Na minha opinião, o que desequilibra a relação entre jogos 2D e 3D no mercado é a demanda.
Por isso Ori é tão importante para essa mudança de paradigma. Esse jogo tem que vender MUITO. Nesse ponto, a estratégia da MS de disponibilizá-lo no Steam foi inteligentíssima.

Child of Light foi um sucesso comercial. Já temos uma sequência garantida.
Tembo, The Badass Elephant é outra bela aposta. E ainda vem o Mighty Nº9!

Quanto mais pessoas tiverem acesso a grandes jogos em 2D, teremos mais chances de o mercado exigir novos games com esse nível de excelência. Que venham mais!
 
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