O pessoal fala como se o X fosse um console fraco, que o próximo Scarlet teria uma diferença abismal que impossibilitaria jogos saírem para a plataforma, etc...
Perá lá né galera. Estamos falando aqui de uma máquina de 6TFlops, cerca de 4~5x mais que um
Xbox One S. Será mesmo que a Microsoft em 3 anos vai nos apresentar uma máquina de 20TFlops de GPU que inviabilizaria games para o
Xbox One X? Acho isso meio maluquice. Sim, Cyberpunk 2077 estava rodando numa máquina colossal. Mas até aí não achei nada inacreditável nos gráficos, nada que já não tenhamos visto nessa geração pra ser sincero, ainda mais a 30fps. Usar uma máquina parruda para rodar os games em apresentação é comum, mas não significa que você precise de uma máquina naquela envergadura para rodá-lo em uma qualidade próximo ou idêntica ao trailer. Outra coisa que é necessário frisar: estamos ainda em transição do 1080p para o 4K. Para muitos já é uma realidade, mas o 1080p ainda continua DE LONGE o mais utilizado. O
Xbox One X já sofre desse gargalo de TVs, um console ainda mais poderoso estaria travado nos 4K nativos, abrindo espaço para coisas como framerate, draw-distance, pop-up, física (isso eu ainda acredito que seja muito fraco nessa geração, inclusive na X). Porém, são pormenores, não acho que iremos para algo tão grande (como 8K, por exemplo) que justifique um aumento tão substancial de GPU a ponto de inutilizar a X.
Acredito que não faria sentido a Microsoft lançar dois novos consoles, com duas diferentes configurações e abandonar uma boa base de
Xbox One X. Acho até que ela vai demorar para abandonar a base de
Xbox One S, que é até grande, com um ou exclusivos saindo apenas para Scarlet/
Xbox One X. É necessário entender que um jogo precisa de público, precisa de plataforma, e até o segundo/terceiro ano da nova geração boa parte do público ainda consome muito na geração anterior. Eu vejo bastante dessa filosofia na divulgação de números da Microsoft: ela opta por jogadores ativos na
Xbox Live, o que me faz crer que a quantidade de potenciais clientes da marca virou algo importantíssimo na diretriz da
Xbox, assim como atingir o maior número de jogadores possíveis com o
Xbox Game Pass, ser sempre o mais amplo e acessível possível. Então dado que o Scarlet não tem uma diferença tão abismal assim do X, seria suicídio fiscal já começar a lançar games apenas para Scarlet, ignorando um console lançado há 3 anos. Como já disseram no tópico, creio que o Scarlet seja o "
Xbox One X 2.0", ou seja, um console intermediário, enquanto a
Xbox One X se torna o básico padrão, recebendo todos os games, e o
Xbox One S começa a ser deixado mais de lado, mas claro: tudo no seu devido tempo, como um processo natural de obsolescência e tendo em vista o conceito de amplitude da marca.
Pois bem, aqui já vai da minha especulação. Presumo que duas coisas sejam os alicerces dos novos consoles:
conceito de modularidade, que provavelmente substitua a necessidade de lançar consoles a cada 3~4 anos, e o fim de fato do conceito de "geração". Ou melhor, talvez uma redução das gerações com consoles a cada 3~4 anos, o que é um bom tempo. E com "fim da geração", quero dizer retrocompatibilidade, serviços, interface, tudo unificado e tendo atualizações como processos naturais e não como motivo a "troca de geração". Isso eu tenho certeza que verei no
Xbox, mas ainda há incerteza na Sony. Pode ser que, por ter uma posição de topo no mercado, ela pode tentar puxar a indústria com ela a partir do que hoje seria considerado inviável, como abandono da PS4 Pro de imediato, inexistência de retrocompatibilidade do PS5, etc, atitude anti players mesmo. Pode ser que (1) ela consiga se manter relevante fechando esse público, que pelo que eu vejo é bem fiel às suas experiências de single-player, cinematografia, franquias, etc (o que eu acho mais provável), ou pode ser que (2) ela amplie ainda mais o público, como se definisse sozinha os rumos da indústria dos games com essas políticas restritivas, tornando-as padrão (o que eu acho bem mais difícil, mas não impossível por alguns fatores que explico abaixo). E pode ser (3) que ocorra o que aconteceu com a
Xbox One no começo da geração: temos um produto, esse é o que acreditamos ser o futuro e vamos investir nisso, se você não quer, volte para o
Xbox 360. Aí galera não curte, inclusive o nicho dela, e corre pra concorrente (essa eu também acho difícil pelos motivos que explicito mais abaixo, calma que tá terminando).
Então o que eu acredito que vai acontecer nos próximos 4 anos: a
Xbox, com medo de sair atrás, vai lançar o novo console (Scarlet) de forma precoce (2020) com um preço relativamente elevado, com o
Xbox One X se tornando o base. A Sony, por outro lado, creio que vai lançar um novo console (2021 ou talvez 2020 mesmo) menos poderoso que o Scarlet, mas mais barato que o Scarlet e mais potente que o
Xbox One X (talvez pouca coisa), e irá abandonar o PS4 Pro quase de imediato, focando-se mais em jogos exclusivos para tentar aplacar o novo console. A Microsoft terá uma maior base e seus jogos terão mais alcance nesse momento, então é hora de faturar em cima e tentar baratear ainda mais o
Xbox One X. Nesse momento a coisa já vai ficar bem definida, as propostas de cada plataforma: a
Xbox de um lado, algo mais massificado, diverso e amplo, tendo uma filosofia de plataforma aberta, de outro a Playstation, mais fechado e restrito, baseado em preferências mais específicas, etc.
Porém, tem outras coisas que devem ser levadas em consideração. A Sony hoje domina não somente objetivamente com vendas, mas num aspecto cultural mesmo. Faz sentido The Last of Us II, a segunda edição de um jogo de 2013 (dessa década), ser tão hypada assim? Existe alguma outra franquia recente (2013 pra cá) que receberia um hype dessas proporções? A Microsoft pode até sair na frente, mas não vai apagar a nostalgia que acaba por se propagar na próxima geração inercialmente. A Sony não está fazendo apenas vendas, está firmando pilares perigosos que podem mostrar uma força grande,
talvez não o suficiente pra ditar as regras da indústria sozinha, mas muito provavelmente o suficiente para criar um grande e confortável nicho, e é por isso que lá em cima eu não acredito que a (3) aconteça.
Mas o
talvez é uma realidade só esperando para ser explorada. A questão que fica é: será que a Sony tem envergadura suficiente pra, sozinha, ditar os rumos da indústria? Plataformas fechadas, sem retrocompatibilidade, jogos somente com teor cinematográfico, etc. Achei justíssimo aquela analogia de Netflix vs HBO que vi outro dia, em que a Microsoft seria a Netflix enquanto a Sony a HBO. Hoje ninguém nega que a Netflix seja mais popular que a HBO, mas imagina se as produções e poder de mercado da HBO fossem tão fortes a ponto de fazer as pessoas consideraram streaming uma "alternativa" e não uma quase obrigação do entretenimento? Isso é uma coisa que me preocupa e deveria te preocupar, sendo jogador de
Xbox ou não. Eu vejo uma comunidade gamer anestesiada, inerte diante de políticas claramente anti-jogadores da Sony nos últimos anos. Não teve uma mídia que não apontou o dedo para a Microsoft no lançamento do
Xbox One em 2013, e fizeram muito bem à marca e aos jogadores. Hoje, temos outro console, com outra filosofia na
Xbox. Porém, cadê o pessoal apontando o dedo contra a política de crossplay da Sony? O silêncio dela a respeito da retrocompatibilidade? Não tá nem aí pra assinaturas, etc. São demandas de políticas pró-jogador, isso não tem nada a ver com pedir coisas subjetivas como mais jogos single-player. Inclusive fizeram isso recentemente com a escassez de first party e estúdios da
Xbox para single-play, injusta e jocosa em muitos aspectos, mas no "final" aparentemente deu tudo certo: 4 estúdios adquiridos e 1 estúdio montado em Santa Mônica praticamente todos focados em single-player. Digressionando um pouco, vamos ver se o público da
Xbox, visivelmente mais focado em coop/multi, vai absorver tudo isso aí ou se teremos vários Quantum Breaks no caminho, porque a impressão que eu tive foi que boa parte dessa onda de críticas saiu de quem não tem/não joga
Xbox, e consequentemente não vai comprar estes games. Pode parecer uma declaração Mil Grau mas é essa a impressão que eu tive, porque quem majoritariamente compra jogos de fato é diferente de quem vai lá na Eurogamer ou no ResetEra fazer piada de
Xbox sem exclusivo single ou de jornalista que escreve artigos do gênero com 100G de gamescore na conta.
Enfim, voltando para a indústria no geral, se a coisa continuar nesse ritmo aí e houver essa complacência com política anti-jogador, pode ter certeza que a possibilidade da Sony ditar as regras e rumos de uma indústria inteira de videogames deixa de ser desprezível e torna-se cada vez mais possível, e os danos serão irreparáveis no curto-prazo. Eu realmente gostaria de ver Youtubers descendo a lenha em cada game que a Sony bloqueasse o crossplay, mas infelizmente muitos estão ocupados fazendo react do trailer do The Last of Us Parte II e coisas do gênero.
Tá aí minhas predições. Jurei nos últimos dias que faria postagens menores mas dessa vez não deu, questões complexas merecem respostas complexas kkk.