Terminei ontem à noite o Life is Strange, e o que eu posso dizer desse joguinho despretensioso e baratinho mas que considero pacas?
Em poucas palavras, é uma das boas surpresas do ano, e essas palavras
não são só minhas.
O jogo é no estilo consagrado da TellTale, mas com algumas diferenças de mecânicas e, principalmente, mais fluidez.
Tu é uma guria (Max) que descobre ter poderes de parar/voltar no tempo e precisa desvendar um mistério que assola a tua escola e a cidade - Arcadia Bay. No caminho, reencontra uma velha amiga (Chloe) que tu havia se afastado, e juntas elas devem descobrir o que está acontecendo com a cidade e também com a Max.
Sei que em um primeiro momento, o jogo é bobinho. A ambientação é em um colégio adolescente. Mas à medida que o jogo avança e tu consegue se envolver com aquele lugar e aquelas pessoas, o negócio muda de tom. O cuidado com a trilha sonora é gigante, com músicas inseridas em momentos chave que complementam completamente a experiência. Com o passar do tempo, tu enxerga que a maioria das escolhas não faz tanta diferença assim, e que elas existem pra aproveitar o poder da Max e provar um ponto: nem sempre mudar o passado seria a melhor escolha. Em alguns jogos - e até em nossas vidas - pensamos "o que aconteceria se eu fizesse X ao invés de Y?", e Life is Strange não só te mostra o que aconteceria como, se a escolha for ainda pior, te faz conviver com aquilo.
Costumo dizer que existem jogos extremamente competentes em te levar do ponto A ao ponto B, como The Last of Us ou Portal. Jogos com histórias incríveis e diálogos memoráveis. Acima deles, vem os jogos que entregam isso em um grande universo, com infinitas possibilidades, como Halo, Mass Effect ou Witcher. E, acima de todos eles, temos aqueles jogos que conseguem transcender o videogame e fazer tu te questionar sobre as tuas decisões, a tua vida e o teu jeito de ser, como BioShock, The Walking Dead e Deus Ex. E é neste último grupo que Life is Strange se encaixa - e brilha.
Com o passar dos episódios, o jogo de escolhas passa a dar cada vez mais valor à história, aos personagens e seus relacionamentos, e também às consequências dos teus "atos" - e aqui independe das escolhas que tu fez, digo dos locais onde o jogo quer te levar mesmo.
O
@Ash84 vive me zoando dizendo que é uma novelinha teen da MTV. E é uma novelinha teen, mas que aperta em alguns calos que poucos jogos ousam cutucar. Desde sexualidade, abuso sexual, drogas, problemas psicológicos.
Parei de dar nota nesses reviews porque ela é relativa e coloca jogos diferentes no mesmo saco em uma comparação quantitativa que não diz muita coisa.
O que posso dizer, concluindo, é que o jogo é tecnicamente mediano (gráficos, texturas, sincronismo labial, essas coisas mais técnicas). Agora, em conteúdo e questionamentos provenientes dele, Life is Strange está acima de tudo o que joguei neste ano.
Tomara que apareça logo em promoção. Serei o primeiro a recomendar.