Thiago Diniz, ao fundo, com os sócios Paulo Schilling, Andrey Beserra e Fernando Campos - DIVULGAÇÃO/Simone Avellar
RIO — Criada em 2012, a Nuuvem é um exemplo de start-up brasileira de sucesso. Mesmo concorrendo com a gigante americana Steam, da Valve, o serviço de distribuição digital de jogos eletrônicos conquistou um público de mais de 500 mil usuários ativos, que fecham cerca de 45 mil compras todos os meses. Em 2015, o faturamento foi de R$ 20 milhões. Agora, a empresa planeja um salto que pode revolucionar o mercado. Está em estudo um modelo de negócio com assinatura mensal, algo como o “Netflix dos videogames”.
— Por um valor fixo, os jogadores terão acesso ao catálogo com milhares de jogos à disposição. Como o Netflix. Basta clicar e começar a jogar — explica Thiago do Nascimento Diniz, cofundador e diretor de Operações da Nuuvem. — Isso abre oportunidade para o gamer conhecer títulos que não conheceria com o modelo atual.
Ainda não existe data para o lançamento, nem detalhes dos planos. Diniz conta que o projeto está sendo desenvolvido desde o ano passado, mas ainda existem barreiras a serem superadas. A principal delas é de uma tecnologia que ofereça maior agilidade aos usuários. Como os arquivos dos jogos são grandes, o tempo de espera até a conclusão do download é longo. A empresa está testando um novo sistema, que mescla computação em nuvem com o processamento local e permite que o game seja iniciado mesmo antes de todo os arquivos serem baixados.
Para se diferenciar do concorrente, a Nuuvem conversa com desenvolvedores para oferecer conteúdo exclusivo. No início, a ideia é ter alguns títulos e conteúdos extras, conhecidos como DLCs, mas com o passar do tempo é possível que a empresa financie a produção de títulos próprios.
— Com “A Lenda do Herói” nós já montamos uma parceria interessante — conta Bernardo Barros, responsável pelo Marketing da start-up. — Não nos envolvemos na produção, mas trabalhamos juntos na divulgação do título, um dos maiores sucessos nacionais que entrou em pré-venda no ano passado.
IMPULSO À INDÚSTRIA NACIONAL DE GAMES
Diniz começou a ter contato com a indústria de videogames como gamer. “Viciado”, ele chegou a ser campeão mundial de “Battle of Middle Earth”, jogo baseado na trilogia “O Senhor dos Anéis”. O reconhecimento veio em forma de contato com desenvolvedores, e, olhando por dentro do mercado, enxergou oportunidades. Quando a Nuuvem foi lançada, os consumidores brasileiros não tinham uma opção de compra digital de jogos eletrônicos cotados em real, com assistência local e conteúdo em português.
A falta de opção foi a porta de entrada, mas a ambição do jovem empreendedor é dar um impulso à indústria nacional de games. Hoje, o setor sobrevive principalmente com os jogos publicitários, conhecidos como advergames, mas títulos recentes, como “Chroma Squad”, “Toren” e “A Lenda do Herói”, servem de exemplo para mostrar que é possível criar jogos de qualidade e bem-sucedidos no país.
— São projetos de alta qualidade e representam um grande passo para o amadurecimento do setor — avalia Diniz. — Nós trabalhamos próximos aos desenvolvedores nacionais, promovendo parcerias. O sucesso deles é o nosso sucesso.
Fonte: OGlobo