A Microsoft parece estar adotando uma estratégia de transferir parte dos custos referentes ao hardware para terceiros, conforme podemos ver com aparelhos como o Logitech G Cloud e o ROG Ally. Ela ganha usuários de GamePass sem ter o prejuízo costumeiro referente às vendas de consoles. Nem é uma má estratégia, se pensarmos bem.
É uma faca de dois gumes. Se ganha de um lado ao não precisar produzir para um mercado específico e ainda pequeno, com poucos concorrentes e de alto valor de entrada. Mas perde um pouco na questão do controle, se amanhã ou depois Asus/Logitech sentirem que "é, deu", a porta se fecha de uma hora pra outra. No momento, enquanto esse mercado ainda está se estabelecendo, é positivo, só tem que olhar para as possibilidades lá na frente tambám.
Parece que tanto o
Xbox quanto o Playstation estão sendo vendidos com um prejuízo grande, algo da magnitude do Playstation 3. Tanto que a divisão Playstation está trabalhando com margens baixíssimas, na faixa de 5%. E a Microsoft parece ter um política de fazer a divisão
Xbox como um todo operar com margens bem maiores, talvez na casa dos 20%.
PS5 é vendido com lucro desde
agosto de 2021, Microsoft perde $100 - $200 a cada
Series X|S vendido. Lembra quando a galera zombava a Sony por conta do formato do PS5, que não tinha "nada de novo" em termos de arquitetura, contrastando com o novo sistema do
Xbox, com aquela dual motherboard? Isso tem um custo embutido no desenvolvimento de criar algo novo, porém mais custoso e que demora mais para recuperar os custos.
Sobre margens da Sony, é bem possível que estejam operando em baixa por conta do aumento de investimentos pós-aquisições da Microsoft. Tiveram dois anos
acima dos $3 bilhões de lucro operacional (FY 20 e 21, 12,4% e 12,6% de margem, respectivamente), caiu pra $1,8b no FY 22 (6,8%), tem que esperar até o final de março/24 pra ver como vai ser o FY 23. Já sobre as margens do
Xbox, se a ideia é chegar a 20%, terão que, no mínimo, dobrar o resultado atual, já que o Phil Spencer falou no julgamento da Activision que a margem de lucro da divisão está na faixa de
"1 dígito". Talvez alcancem a partir do próximo ano fiscal completo já que a
margem de lucro da Activision é bem alta (coisa de 25% a 35% nos últimos cinco anos, variando nessa faixa).
A Microsoft não parece estar disposta a vender consoles
Xbox a qualquer custo, como a Sony está fazendo. Então vemos esses movimentos aparentemente propositais de limitar as vendas. Pode melhorar com a aquisição da ABK, vamos ver como vai ficar.
Não acredito que não esteja disposta, mas a compra da Activision pode dar uma acalmada pelo menos. Entre console, PC e nuvem, vender consoles ainda é, de longe, o mercado mais significativo para a marca, seja na venda de jogos, acessórios ou assinaturas. Abrir mão desse mercado é bastante arriscado, duvido que a empresa faça isso de forma proposital.
O cloud ainda não decolou e o PC cresce naquelas, enfrentando uma enorme resistência da turma que concentra tudo no Steam e não vai baixar nada na loja do lado nem se pagarem. A entrada da Activision aqui ajuda bastante já que a empresa passa a contar com uma boa frente no mercado mobile.