Tá, tinha lido esse texto do Jez no dia em que ele publicou e queria ter falado antes enquanto o assunto ainda tava quente, mas minha cabeça tava cansada e não tinha conseguido formular um argumento que preste até então.
Mas agora foi, vamos lá.
Confesso que, em um primeiro momento, achei estranho, especialmente por ser motivado pela apresentação de Ghost of Tsushima em um State of Play. Sim, ver gameplay real é legal e nos dá a noção certa do que esperar sobre um jogo, mas especialmente sobre Ghost of Tsushima, já estava mais que na hora, o jogo será lançado daqui a dois meses, eu mesmo não sabia como seria direito já que os trailers anteriores com segmentos de gameplay pareciam mais limitados e direcionados.
Falando sobre jogos, o único exemplo que eu vejo hoje que já deveríamos ter visto gameplay por parte da
Xbox Game Studios é Halo Infinite, pois já tivemos dois vídeos (um
teaser na E3 2018 e um
trailer na E3 2019, ambos com cutscenes) deste jogo que lança ainda em 2020, junto do
Xbox Series X se tudo correr bem - seguindo a lógica dos consoles chegarem em novembro, estamos a seis meses do seu lançamento e não temos ideia de como o jogo se comporta rodando de fato. Saberemos em julho, quatro meses antes do lançamento.
Agora, vamos ver os outros jogos da Microsoft, primeiro os que tem previsão de lançamento em 2020 por ordem (tirando Halo que já falei acima) e depois os sem data anunciada:
- Minecraft Dungeons (26/maio), tem muito gameplay rolando por aí, teve até uma beta fechada mas que podia ser compartilhada com geral.
- Grounded (28/julho), outro que temos visto muitos gameplays recentes em coberturas como da Game Informer.
- Wasteland 3 (28/agosto), esse aqui então chove vídeo com gameplay, inclusive um recente do jeito que o artigo cita como ideal, com um desenvolvedor falando sobre o jogo.
- Tell Me Why (2020), esse não temos gameplay, mas como é da DontNod, dá pra ter uma noção com base em Life is Strange.
- Microsoft Flight Simulator (2020), esse tem horas e horas de gameplay disponíveis nos canais oficiais.
- Gears Tactics (2020), já lançado no PC, contou com vários vídeos mostrando como o jogo se comporta e entrevistas de desenvolvedores sobre as diferenças dele em relação a outros jogos táticos, como XCOM.
- Pschonauts 2 (2020), tem gameplay na E3 2019 inclusive com o próprio Tim Schafer, e por ser um projeto que iniciou com financiamento coletivo, quem for atrás encontra bem mais coisa.
- Battletoads (202?), já teve vídeo de gameplay divulgado e foi até bem criticado por parecer lento e a arte não agradar a galera, não sei se o silêncio pode significar que a Dlala/Rare estão tendo algum retrabalho para apresentar novamente.
- Everwild (202?), apresentado com um trailer na X019, tá tranquilo ainda já que nem janela de lançamento tem.
- Senua's Saga: Hellblade II (202?), também apresentado com um trailer in-engine, sem gameplay, no The Game Awards 2019, esse o Phil Spencer ainda disse que estava em um estágio inicial de desenvolvimento.
- Project Mara, aqui temos um vídeo teaser, mas tranquilo já que foi anunciado em janeiro deste ano.
Olhando por aí, acredito que exista um equilíbrio legal e uma tendência de apresentar jogos com cutscenes primeiro para passar o clima do jogo e, só depois, mostrar algo que tenha gameplay. Pegando pela ordem da lista mesmo, temos na parte de cima (mais próximos do lançamento) jogos com vários gameplays espalhados por aí e, na parte de baixo (mais longe do lançamento) jogos sem gameplay. Tirando Halo Infinite, me parece existir um cuidado por parte do Matt Booty e equipe de não deixar chegar tão perto de um lançamento sem ter nada a apresentar de gameplay.
É lógico que eu adoraria ver mais revelações de jogos como foi com Horizon Zero Dawn (E3 2015) ou Days Gone e God of War (E3 2016), onde a primeira aparição já contava com um segmento considerável de gameplay (Days Gone tecnicamente foi a segunda, porque mostraram um trailer no meio da conferência e depois no final da mesma mostraram o gameplay comentado) - mas isso é exceção, pouquíssimos jogos conseguem frear o desejo das publishers de criar hype para segurar tanto conteúdo assim. A maioria segue a sequência de trailer (mais de um até) pra, aí sim, mostrar gameplay.
Passado esse ponto de "mostrar jogos com gameplay é melhor do que empilhar trailer" (que eu concordo, mas de novo, não é um problema tão grande ao meu ver, visto que eles tem seguido uma sequência lógica que funciona e é adotada pela maioria das publishers), vou pular a parte em que o artigo aborda a hipótese da Microsoft ainda ser corporativa demais, com processos burocráticos e tal, porque não é desenvolvido nenhum argumento com relação ao
Xbox, e cita só por cima o Mixer e Skype, mas sem explicar exatamente o motivo.
Sobre o modelo adotado pela Nintendo com seus Direct, e que foi apropriado pela Sony também com os State of Play, aí sim eu considero acertado (em partes) por um motivo simples: tempo. Geralmente, esses programas são curtos, com 20 a 30 minutos de duração, enquanto os Inside
Xbox costumam ser maiores, com 40 a 50 minutos, quem assiste desde os primeiros vai lembrar que eles tinham mais de 1h (e só quem viu ao vivo aquele episódio onde tiveram a brilhante ideia de passar dois "escape room" pra promover State of Decay 2, superando meia hora, lembra o quanto era cansativo). Um programa mais curto mantém a atenção do público por mais tempo e, com menos minutos à disposição, a equipe precisa construir um roteiro bem mais coeso para apresentar as coisas, já que qualquer segundo é importante. Só que aí tem uma coisa: na maioria dos casos, os Nintendo Direct e State of Play, por serem curtos, não possuem gameplay (que é um dos pontos principais abordados no texto) ou tem bem pouco - exceção de quando fazem algo específico, como foi o caso de Tsushima agora.
O último Inside
Xbox já foi mais elogiado (no formato) por focar em jogos na primeira parte, deixando o papo pro final, aí quem não tinha interesse não precisou ver tudo. Com uma pandemia acontecendo, a Microsoft não tem como dar aquele ar de "talk show" para o programa, que em muitos momentos, abre espaço para que o conteúdo seja dispersado, pra conversa paralela que não nos interessa tanto assim. Me parece ser algo que a Microsoft gosta e um fruto da comunicação/marketing/propaganda americana, que é conhecida por ser bem exagerada. Mas, algo pessoal, ainda gosto de ver gente de vez em quando em pequenas inserções para falar sobre algumas coisas, ou introduzir um assunto, desde que seja rápido.
Enfim, é um assunto que rende bastante porque é difícil agradar todo mundo, e nem tudo que funciona para uma empresa vai funcionar para outra. Ao contrário de Nintendo e Sony, a Microsoft tem feito diversos movimentos enquanto empresa (como um todo, não só
Xbox) para ser mais humana e próxima, pra não ser aquela gigante corporativa que comanda o mundo mas uma empresa amiga que tá ali pra nos ajudar no que for preciso. Até por isso, não temos trailer atrás de trailer como nos Direct/State of Play, mas uma pessoa de vez em quando, pra tentar representar essa proximidade. Talvez, devam começar criando menos hype em cima destes eventos, eu percebo que a Microsoft se esforça mais pra promover o Inside
Xbox do que a Nintendo com os Directs ou a Sony com o State of Play - enquanto as últimas fazem ali um tuíte e deu (ó, vai ter programa dia X, hora Y, sobre isso), a Microsoft fica martelando um pouco mais, primeiro anunciando o evento, depois falando algumas frases de efeito, depois mostrando uma parte do conteúdo. Tem uma força extra, e eu entendo que é algo necessário já que as outras marcas atualmente são mais populares, mas isso ajuda a ir criando uma expectativa que nem sempre é alcançada. Até por isso, acho que o principal problema do Inside
Xbox é mais sobre como a Microsoft vende ele do que o conteúdo apresentado em si.
Isso é marketing, nesse último Inside
Xbox mesmo, os jogos apareceram lá somente com a indicação de
Xbox, pessoas/perfis começaram a falar que alguns deles eram exclusivos com base em informações preliminares, e só com os releases oficiais divulgados dias depois foram mencionadas outras plataformas, como Scarlet Nexus.