Mais algumas impressões pontuais
1°
A loja do PS5 está uma bagunça inominável. Fazer o upgrade de um jogo do PS4 para o
PS5 é um pouco confuso, o hub dos jogos não é muito intuitivo. Tudo bem, isso você ainda se acostuma, mas o problema é que algumas devs já estão se atrapalhando: a versão free access do Cold War liberada é apenas do PS4, nada de
PS5. Na verdade, durante algumas horas você poderia fazer a compra da versão de next-gen por $10, mas nisso desbloqueava-se o game completo, inclusive a campanha, para o
PS5. Resultado: removeram e parece que vão reestruturar tudo de novo, mas isso já faz umas 24h e o tempo de free access está correndo. Ou seja, dor de cabeça pra galera como eu que só queria testar os 120fps e o Ray Tracing do jogo.
2°
Astroplayroom é um jogo com um esmero que vi poucas vezes na indústria em low-budget. Eu pensava ser apenas uma techdemo das funcionalidades do Dualsense, mas é muito mais que isso. É pequeno, é verdade, mas muito intenso como jogo enquanto dura. Não deixa em nenhum momento a peteca cair, além de ser um fanservice gigantesco para os fãs de Playstation. As fases, os coletáveis, os inimigos, as músicas e NPCs, tudo tem algum tipo de referência ao universo de mais de 25 anos da Playstation. Foi feito de fã para fã, Japan Studio acertou muito.
3°
Os 120fps são uma boa adição, mas nenhum game changer. Demorei pra conseguir testar os 120fps pois não queria baixar Fortnite, então fui jogando Destiny 2, agora muito melhor a 60fps, até desbloquear o Crisol, modo que suporta os 120fps. A fluidez é perceptível, mas não é uma diferença tão brutal quanto de 30fps para 60fps. Acho que o futuro vai reservar ao recurso somente ambientes de multiplayer competitivos etc, o que é muito bom. Juro que me peguei pensando no Arena de Halo em 120fps e como seria fantástico.
4°
7 anos depois, finalmente terminei TLOU1. Já tinha jogado anteriormente no PS3, mas não finalizei. Joguei esperando um game de duas gerações atrás, e o que eu encontrei foi um jogo a frente do seu tempo. O capricho foi muito grande, em termos de ambientação, level design, detalhismo dos cenários etc, e isso é percebido em pequenas coisas, como atirar com uma arma sem balas segurando um refém e ver seu oponente mudar a estratégia. Apesar de ser linear, o jogo consegue transmitir uma sensação de liberdade enorme, e durante toda a jornada eu senti como se pudesse ir pra qualquer lugar, tamanho era o grau de detalhismo dos cenários externos. Imaginei a ND fazendo algo como State Of Decay, mundo aberto, com interações online entre facções etc, sairia algo impressionante.
Tudo no jogo é bem feito e coeso, e acho que não ter sensação melhor do que jogar um game caprichado. Em termos de história, achei bacana, mas nada extraordinário. O enredo se confunde entre o sentimental e o piegas em alguns momentos, não dá tempo de construir alguns personagens antes que eles partam. Outros ponto "ok" é o gameplay, que não acrescenta muita cosia, junto com uma IA bem meia boca.
Na época, alguns diziam que esse jogo merecia o GOTY frente ao GTA V, por ser mais impactante e inteligente. Eu discordei na época, e hoje tenho a certeza de que estava certo. Acho que GTA V, além de ser em termos técnicos mais impressionante e maior, trata de uma diversidade muito grande de temas, da sua forma irônica do modo de vida americano. GTA V revoluciona muito mais que TLOU em todos os sentidos.
Enfim, partirei para o 2 assim que receber uma versão para o
PS5.
5°
Ghost Of Tsushima é o tipo de jogo que eu espero da Sony. Ainda não terminei, mas estou avançando bastante. O jogo é uma prova de que mundo aberto orgânico, gameplay bem desenvolvida e narrativa cinematográfica podem andar juntos, sem nenhum prejuízo entre elas. Até modo cooperativo o game já ganhou, e parece estar ótimo.
Não é exatamente bonito em termos puramente técnicos: as texturas às vezes decepcionam, as expressões não são das melhores; mas, quando você olha todo o cenário e a direção de arte, como os cenários e as vistas foram projetadas, você entende porque ele brigou com Ori 2 e ganhou. Sem desmerecer Ori 2, mas a gente vê muitos jogos indies de plataforma com arte design incrível, porque geralmente é mais fácil ter o controle pleno dessas variáveis artísticas em um mundo 2D. Porém, ao levar isso para um game AAA de grande orçamento, principalmente de mundo aberto, renderizando quase tudo em 3D, sinto como se fosse 10x mais difícil e custoso. É muito raro ver um jogo nesses parâmetros com bom art design e arrisco dizer que, tirando RDR2, GoT tem o melhor arte design já feito em um game de mundo aberto.
Não inova muito, mas é honesto, redondo, entregue com capricho. O orçamento e capricho que talvez State of Decay e Crackdown, games de mundo aberto, devessem ter tido. Não adianta, essas coisas ficam visíveis jogando mesmo.