Então, até agora, não vejo nenhum indício de que os consoles
Xbox irão acabar. O que temos até agora são:
- Declarações do Spencer dizendo que o Xbox (console) seguirá sendo a experiência premium da marca, pra quem quer o máximo desempenho (respeitando certas condições) e envolvimento com a plataforma. Quase que como os produtos da linha Surface, que são topo de linha mas não são os únicos locais onde se pode usar o Windows;
- Dois consoles (Series X|S) que, mesmo não vendendo tanto quanto os concorrentes, venderam (estimativa) cerca de 29,7 milhões de unidades em três anos;
- Seguindo nesse ritmo por mais 4 anos, levando em conta que o Xbox deixou de ter uma curva tão ascendente bem cedo durante o ciclo de vida do produto, chegaria a algo como 50M - 55M de unidades, longe de ser um fracasso. Talvez até passe disso, dependendo se os exclusivos first embalarem e forem bons o suficiente pra atrair novos jogadores e mudar a tendência.
Eu pelo menos entendi assim.
Quer se envolver de forma total com a marca? Compre um
Xbox.
Quer só jogar os jogos sem se envolver tanto? Jogue pelo
Game Pass no PC/mobile, ou compre no PC ou outras plataformas de sua preferência (para os casos onde isso for acontecer, tipo os Call of Duty).
Até a Sony, tão protetiva com a sua plataforma, está se abrindo para o PC, com uma postura mais cautelosa de seguir promovendo o PlayStation primeiro na maior parte dos casos, mas tendo aqui e ali algumas coisas mais rápidas como Helldivers 2, que vai lançar no PS5/PC no dia 8 agora. A Microsoft está mais acelerada nesse processo porque 1) começou antes, em 2016, e 2) precisa de um retorno mais rápido porque só o console não é mais satisfatório. A Sony colocar os jogos no PC me fez desistir completamente da ideia de pegar um PS5, por exemplo, porque os exclusivos eram o único argumento que jogava a favor pra mim, não iria usar o console pra outra coisa praticamente, já que os jogos na PSN costumam ser mais caros do que do lado de cá. E, igualmente, a Microsoft pode ter causado a mesma ação em potenciais consumidores que deixaram de ter um
Xbox pra jogar no PC.
O ponto principal que acredito, no caso, é que estaríamos em uma situação bem pior se não fosse essa abertura da Microsoft a outras plataformas, com menos jogos, bobeando até menos consoles vendidos e - aí sim - uma perspectiva bem ruim para o fim não apenas do console, mas da marca como um todo.
A Sega é um caso curioso de uma empresa que nunca bateu de frente de fato contra Nintendo e Sony e que, na segunda metade dos anos 90, já dava indícios de que não tinha condições de competir nesse mercado fazendo trapalhadas em sequência, mas que hoje em dia é vista como alguém que disputava o mercado taco a taco sendo que não chegava nem na metade do desempenho das outras. Somando os consoles vendidos, sem os portáteis (onde a Nintendo atropelou sem dó):
- Nintendo (NES, SNES, 64 e Game Cube) - 165,68 milhões
- Game Boy e Color - 118,6 milhões
- Sony (PS1 e PS2) - 257,49 milhões
- Sega (Master, Mega, Saturn e Dreamcast) - 64,38 milhões
- Game Gear - 10,62 milhões
O console que mais competiu da Sega foi na geração SNES/Mega e ainda assim foi coisa de 49M x 30,7M. A comparação com a Sony é até meio ruim porque o PS2 é de 2000 e a Sega parou de fazer videogames em 2001, mas mesmo se pegar só o PS1, ele sozinho vendeu 102,5M e ficou bem na frente de todos os consoles da Sega somados. Esse risco o
Xbox está longe de correr.
Certamente influencia em algum grau, existe um público que não vai comprar um console
Xbox se ele pode rodar em uma plataforma que já possui ou que pode montar pra jogar mais coisas, como o PC, e a Microsoft tem esses estudos em mãos na hora de tomar as decisões.
Tornar tudo exclusivo do console novamente, hoje, poderia ter um resultado até pior, já que seria um retrocesso em relação ao que ela promove e o público de PC, por exemplo, se sentiria traído o suficiente pra nem cogitar comprar um console pra seguir jogando.